Auto-retrato de Seguro

António José Seguro esteve esta manhã em São Bento a conversar com o alegado primeiro-ministro sobre a escolha do português a indigitar para a Comissão Europeia. À saída da reunião de cerca de uma hora e meia, o ainda secretário-geral do PS dispôs-se a responder às perguntas dos jornalistas. Foi uma espécie de brincadeira do gato e do rato (vídeo). Garantiu ele que não se discutiram nomes, nem sequer perfis, mas apenas a definição das «pastas importantes», sem as identificar, pelas quais o Governo deveria lutar. Adiantou também que foi analisada a «agenda europeia», sem especificar o seu conteúdo.

Para além de poder fazer a sua aparição diária na televisão, António José Seguro falou e não disse nada. É essa imagem de um imenso vazio que os portugueses têm do ainda líder do PS — que, de resto, ele teima em confirmar.

Acontece que hoje não era um dia como outro qualquer para falar da «agenda europeia». A Miss Swaps havia rejeitado na véspera, ao lado dos países do Norte da Europa, a flexibilização das regras do euro. O Governo dava a António José Seguro uma oportunidade de ouro para mostrar como faria de forma diferente se estivesse no poder, podendo revelar que alianças procuraria fazer na Europa para travar o empobrecimento dos países periféricos.

António José Seguro preferiu andar a brincar ao gato e ao rato com nomes, perfis e pastas e saiu consolado por ter sido chamado a São Bento. Quanto à posição antipatriótica do Governo (assumida pela da Miss Swaps), nem uma palavra. Ou dito de outro modo, um silêncio ensurdecedor. E esclarecedor. É caso para perguntar: em que consiste a «agenda europeia» de Seguro?