• Edmundo Pedro, Em defesa das tradições democráticas do PS (hoje no Expresso):
- «(…) O atual líder do PS fez aprovar no último congresso uma alteração aos estatutos no sentido de alargar de dois para quatro anos o espaço que medeia entre estas reuniões magnas. Essa norma diminui, na minha opinião, a intervenção dos militantes nos destinos partidários. Atinge, portanto, a democracia interna do PS.
O caso mais recente de atentado à democracia interna foi a convocação de eleições para a escolha do candidato a primeiro-ministro, com a participação dos seus "simpatizantes". Este tipo de eleições não está consagrado na lei fundamental do PS.
A recusa do atual secretário-geral em aceitar uma comissão paritária destinada a garantir a seriedade do ato eleitoral, com o pretexto de que o PS possui órgãos próprios para este efeito, é de molde a suscitar a suspeita de que não pretende uma decisão isenta. Esta decisão não contribui para a total transparência do ato eleitoral proposto.
Toda a gente sabe que a chamada comissão de jurisdição (ou "comissão de conflitos") é constituída por militantes da sua inteira confiança. Não garante, portanto, a imparcialidade das suas decisões.
Tudo isto configura uma deriva antidemocrática contrária à tradição do PS enquanto paradigma do regime instaurado a seguir ao 25 de Abril. Este assunto não interessa só aos militantes do PS. O facto de as eleições propostas envolverem os simpatizantes do partido implica que estes tenham conhecimento destas matérias. Daí a necessidade de uma discussão pública. (…)»
1 comentário :
O que Edmundo Pedro escreve agora já era verdade quando a coisa foi aprovada, tendo parte das acusações sido feitas na altura.
Onde estavam então os tenores da posição contrária? É o costume por cá, primeiro aprovam-se os regulamentos, tratados (de Maastricht, do Euro, de Lisboa, Orçamentais) sem que haja notícia sobre as suas consequências, anos depois começa tudo a berrar como se não tivesse participado na tramóia ou como se nada tivesse tido a ver com o assunto..
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