quarta-feira, julho 02, 2014

“Estamos a mascarar o trabalho infantil
com um ensino supostamente vocacional”


Passagem da entrevista de Maria de Lurdes Rodrigues ao Público:
    «(…) Com os níveis de abandono que temos, tem sido muito difícil concretizar a escolaridade básica de nove anos, é um problema. Mas a solução não é encaminhar os alunos do insucesso para as empresas ou para vias que são marginais. Isso é uma via de facilidade que vai comprometer o nosso futuro e o dessas crianças. Eu ainda vivi as políticas públicas de combate ao trabalho infantil. Os nossos jovens começavam a trabalhar com 12, 13, 14 anos e nós lutávamos contra isso. O país investiu imensos recursos em políticas de combate ao trabalho infantil. E agora estamos a mascarar o trabalho infantil com um ensino supostamente vocacional? E desde quando é que as empresas têm vocação de ensinar? A instituição que o país criou para ensinar e acolher os jovens foi a escola, não as empresas. As empresas têm outras missões, podem ajudar a escola, podem ter estágios, mas não podem ser responsabilizadas pela educação das crianças. Vamos voltar a um trabalho infantil encapotado. Isso é muito negativo. Não estou a invocar que tenho razão, mas há outros portugueses a pensar como eu. É um debate que divide a sociedade portuguesa.»

9 comentários :

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Qual "divide", qual "opinião"! Maria de Lurdes Rodrigues chama apenas os bois pelos nomes e diz claramente que o rei vai nu!


Está é carregadíssimaa de razão e quem pretende fazer retroceder Portugal 50 anos que enfie a carapuça e se envergonhe!


Empresas, em muitos casos CHAFARICAS, a educar, a ensinar e a instruir Crianças de 12 anos???


Que VERGONHA de País, este cavaquistão de merda...

Anónimo disse...

Esta senhora, é brilhante e tem posições politicas - sobre educação e ensino - articuladas e basicamente correctas, no contexto do pais que somos na europa. Tem conhecimento e visão histórica profunda sobre a evolução das politicas nessas matérias. Fez muita coisa bem feita, mas por fim excedeu-se e estragou tudo. Quando chegou a sua hora revelou-se uma tecnocrata radical, teimosa na implementação,autista contra tudo e contra todos, sem respeitar minimamente os ritmos e envolvimentos que as grandes transformações exigem em democracia. Falhou como politica. E não teve um primeiro ministro que a pusesse na ordem. Pior, ainda não teve a humildade de admitir que errou, construiu mas destruiu. Depois foi colocada na fundação Luso Americana e aí, nos rescaldos, afirmou a sua deriva neoliberal de direita(terá sido essa a expressão do seu arrependimento?!). Passou a comentarista no programa PARES DA REPUBLICA da TSF às 19:30 com o Daniel Proença de Carvalho, o Nogueira de Brito e o Luis Amado. Era incrível ouvi-los. O Proença e o Brito com posições fortemente criticas sobre o contexto internacional, visão critica sobre o governo, posições social-cristãs nuanciadas de esquerda. A Maria de Lurdes e o Amado, sempre apalpadinhos, com posições oportunistas, e de extrema-direita. Parecia que não tinha sido nada com eles. Eu vinha a guiar e a ouvir o programa, e fartava-me de rir. Inacreditável. Ou previsível afinal. Conclusão: esta senhora deixou de me inspirar confiança.

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...


Não partilho totalmente da opinião do anónimo das 12:38, embora lhe reconheça alguma razão.


Não sendo possível argumentar muito profundamente nos moldes (e à velocidade) a que se dialoga numa caixa de comentários, sempre gostaria contudo de lhe dizer que, das (poucas, admito) vezes que ouvi a Maria de Lurdes Rodrigues debater com o Luís Amado - esse sim, com opiniões incrivelmente alinhadas com a narrativa (ou melhor, a ficção!) do atual Poder, sobretudo financeiro -, me ficou muito claramente a ideia de que estavam politicamente tão "próximos", ao nível de perspetivas e de argumentos, como o João Galamba está do Carlos Moedas, no mínimo...


De resto, Maria de Lurdes Rodrigues foi uma excelente concretizadora, mas com aqueles seus tiques autoritários e autistas que aconselhavam uma discreta remodelação, a qual José Sócrates, desgraçadamente, nunca se dispôs a fazer.


Mas, atenção, não comparemos amianto com chocolate (ainda que da «Favorita»)...

jose neves disse...

Ó Anónimo das 12.38,
Quem não é mesmo nada brilhante é este anónimo, certamente vindo de uma das pontas extremas que se confundem, disfarçado de crítico elogioso suave sério de início para terminar a mensagem carimbando MLR como tendo "posições oportunistas, e de extrema direita" o que, afinal era onde queria chegar desde o farsante elogio inicial.
Então, caro anónimo extremista mal disfarçado, a Senhora é brilhante, tem posições articuladas basicamente correctas,tem conhecimento e visão histórica profunda das matérias, mas todo este brilhantismo e conhecimento certo das matérias apenas servem para fazer rir à fartasana este senhor anónimo que, pelo que aqui nos diz, nos quer informar que ele, como o omo, é que brilha mais.
E remata, fingindo-se condoído, o anónimo, que MLR lhe deixou de merecer confiança: só algum tolo pode deixar-se enganar e pensar que MLR alguma vez inspirou um instante que fosse de confiança deste anónimo.

Ricardo Pinto disse...

Bravo, José Neves!

A psicologia de alguns anónimos recorrentes assenta, de facto, num oportunismo mascarado de raciocínio equilibrado...

Fernando Romano disse...

Caro Anónimo das 12:38:00,

Usou 1/5 do seu comentário tecendo os mais altos encómios à ex-ministra. E que elogios!!! Estamos de acordo. Mas no seu comentário não joga a bota com a perdigota. As suas primeiras três linhas parecem-me um floreado de baixa retórica, a ver pelo que escreveu a seguir. Faz sentido uma ministra "ter uma visão histórica profunda, ser brilhante e ter posições políticas - sobre educação e ensino - articuladas e basicamente corretas, no contexto do país que somos na Europa" e, depois, defini-la como uma "tecnocrata radical" e, pelos vistos, feita com o neoliberalismo, quiça com a sacanagem que está agora no poder?

Era bom que, partindo dos altos méritos que reconhece à ministra, se interrogasse sobre as razões da aliança da CGTP/PCP com a direita no governo contra essa "visão histórica e profunda".

Saberá porventura que é em torno da educação que se travam sempre as lutas mais radicais em Portugal?. Porque será...?

Na minha opinião, os sindicatos e os respetivos professores não QUISERAM aproveitar o brilhantismo e patriotismo da ministra. Vamos lá então saber porquê. Não foi certamente por políticas burocráticas.

Ela não falhou como política. A fúria contra ela foi por isso mesmo: ser uma política virtuosa.

Anónimo disse...

Há profs que perdem a cabeça com a ex-ministra e o ex-primeiro-ministro.Foram obrigados a trabalhar mais um bocado e permanecer nas escolas mais duas horas o que lhes inviabilizava horas de explicações dadas bem pagas.

Anónimo disse...

Maria de Lurdes Rodrigues foi das melhores , senão mesmo a melhor dos ministros da Educação. Tive uma filha que no seu percurso escolar , da Primária ao Secundário passou por várias reformas ou tentativas de reforma educativa levadas a cabo por vários ministros e, na minha modesta análise, MLR foi a que introduziu as mais eficazes medidas. Não foi política. Se o tivesse sido,tinha vergado perante a pressão dos Sindicatos de extrema esquerda,ladeados pelos tontos que hoje nos (des)governam que quiseram tudo menos uma Escola Pública para todos.Lembram-se de ,por exemplo, escolaridade obrigatória até ao 12º ano; Inglês no básico; Magalhães para todos desde a primária;aulas de substituição que pôs ordem nas escolas onde reinava a desordem com turmas sem aulas a perturbar as que decorriam; tentativa de avaliação de professores os quais chegavam todos ao topo da carreira,bons , maus e péssimos (eu conheci todas as categorias através da minha filha).MLR caíu, exactamente porque não fez política da que estamos habituados: não se rendeu aos lobbies, neste caso ao dos professores.Tenhamos nós, Portugueses a sorte de os nossos netos virem a ter outras MLR's .

Anónimo disse...

"Há profs que perdem a cabeça com a ex-ministra e o ex-primeiro-ministro.Foram obrigados a trabalhar mais um bocado e permanecer nas escolas mais duas horas o que lhes inviabilizava horas de explicações dadas bem pagas."

Este anónimo disse tudo. A rétorica mal disfarçada do anónimo das 12:38 e quejandos provêm disto mesmo : professores obrigados a trabalhar mais, a faltar menos e a fazer um esforço a sério para ensinar os alunos. Percebo a raiva. Ninguém gosta de ser obrigado a fazer mais e melhor do que está habituado. As horas extra de funcionamento das escolas que Maria de Lurdes implementou foram uma benção para milhares de familias neste país.E por incrivel que pareça, muito professor contratado aderiu ao chamado, aceitou o desafio e esforçou-se porque verdadeiramente interessados na escola e nos alunos.
O ódio a Maria de Lurdes vêm dos do quadro, confortaveizinhos nas suas posições, habituados a semanas de trabalho de 20 horas ou menos no ensino secundário, em topo de carreira. Vêm dos sindicalistas, habituados a não trabalharem nas escolas por serem sindicalistas. Chamar os bois pelos nomes. Nem mais nem menos.
Maria de Lurdes foi de facto das melhores ministras da educação que este país teve . A prova não está no ódio das classes acima descritas. Está nos resultados conseguidos pelos alunos nos testes internacionais, de que todos nos devemos orgulhar e que demonstram que de facto , muito professor com consciencia aderiu ao programa de reformas. Os bons resultados obtidos teriam sido impossiveis sem o esforço desses professores.