- «(…) 2. Merkel tem razão: a "retoma" europeia é mesmo muito frágil. Em vez de falar do BES, a chanceler alemã podia ter listado outros indicadores sobre a periferia europeia, onde o PIB recuou uma década ou mais; onde o desemprego exclui entre 1/3 e 1/4 da população ativa do mercado de trabalho; onde a deflação em curso torna as dívidas públicas insustentáveis; onde o investimento, necessário para qualquer retoma, está a níveis historicamente baixos, condicionado pela ausência de procura, pelo elevado endividamento privado e pelos altos custos de financiamento. Enquanto Merkel usa o argumento da "fragilidade do euro" para explicar por que não cede um milímetro na estratégia de combate à crise europeia - que assenta numa redução rápida dos défices e das dívidas que force uma reconfiguração duradoura das relações entre o Estado e o mercado -, estes indicadores mostram como a estratégia não só não está a funcionar, como não pode vir a funcionar.
3. A Europa está presa por arames precisamente porque Merkel, em coro com outras instituições europeias, continua a fechar a porta ao único instrumento que podia, no imediato, retirar a Europa da estagnação: uma politica de estímulo orçamental coordenada à escala europeia. Enquanto a recuperação continuar a depender dos efeitos (incertos) de um qualquer cocktail de medidas de política monetárias - ignorando que as empresas europeias queixam-se sobretudo de falta de procura, que podia ser criada por um estimulo orçamental - , a fragilidade europeia irá continuar por muitos anos.»
1 comentário :
Eu já não aguento ver mais fotografias desta vaca. Por isso nem li o post.
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