- «(…) O debate do Estado da Nação reforçou ideia de que Passos Coelho e a actual maioria também emigraram, mas para fora da realidade. O discurso de Passos, dos seus ministros e dos deputados que os apoiam assenta na ficção do sucesso e na ideia de que estes três anos criaram as bases para um crescimento robusto e sustentável e de que as expectativas futuras são, a todos os títulos, gloriosas. Nada disto é verdade. Uma das áreas onde a diferença entre o discurso e a realidade é maior é o emprego.
Ouvir o primeiro-ministro que mais empregos destruiu em Portugal - e que não tem feito outra coisa a não ser usar o desemprego e as chamadas reformas do mercado de trabalho para pressionar a queda dos salários e enfraquecer o mundo laboral - falar de pleno emprego tem o seu quê de obsceno. O modelo laboral que o actual governo está a tentar criar em Portugal depende da manutenção de um clima de permanente chantagem, medo e ameaça sobre os trabalhadores, ou seja, corresponde à exacta negação do que as políticas de pleno emprego sempre procuraram fazer.
Toda a conversa em torno do milagre da queda da taxa de desemprego - "uma das maiores quedas da Europa" - é bem reveladora da fraude em que consiste o discurso de Passos e da maioria. A queda da taxa de desemprego só é positiva se tal se dever a um aumento do emprego. Se a taxa de desemprego cair porque a população activa diminuiu, ou porque a emigração aumentou, ou porque os ocupados aumentaram, ou por uma mistura destes três factores, então não estamos perante qualquer tipo de sucesso, antes pelo contrário. É o que nos dizem os dados que vão sendo conhecidos: a taxa de desemprego cai, e cai bastante, mas não por boas razões. O pleno emprego, com estas políticas, é, pura e simplesmente, uma impossibilidade.
Sobre a política de qualificações dos nossos recursos humanos a situação não é melhor. Depois do investimento de sucessivos governos, este governo travou ou destruiu quase tudo o que estava a ser feito. Não procurou avaliar e melhorar o que estava feito por outros, limitou-se a terraplanar o que existia, chamando-lhe reforma. Como disse a ex-ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues na semana passada: "O país investiu imensos recursos em políticas de combate ao trabalho infantil. E agora estamos a mascarar o trabalho infantil com um ensino supostamente vocacional?". (…)»
1 comentário :
Tem toda a razão João Galamba!
Esta "treta" da baixa do desemprego é mesmo "uma história da Carochinha"...acredite quem quiser...mas é uma perfeita mentira demonstrada pela realidade que nos rodeia.
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