quarta-feira, novembro 26, 2008

A avaliação que Mário Nogueira quer

Quem tiver estado atento a Mário Nogueira nos últimos tempos (por exemplo, na entrevista recente de Constança Cunha e Sá), ouviu-o certamente garantir que a Fenprof tem apresentado vários projectos de avaliação dos professores. Afinal, só existe um projecto, reproduzido em dois desdobráveis.

O mesmo Mário Nogueira prometeu há dias que iria reformular o projecto (o dos desdobráveis), apresentando uma alternativa ao modelo simplificado aprovado em Conselho de Ministros. Afinal, também não o fará: Admitindo que esta é a última palavra da Fenprof sobre a avaliação, vale a pena conhecer a forma como Mário Nogueira quer que os professores sejam avaliados.

A avaliação constaria de quatro passos:
    1º passoauto-avaliação, também designada por “auto-análise”, “deverá (…) partir do próprio avaliado” e culmina numa proposta de classificação feita pelo próprio;
    2º passoco-avaliação, em que todos os professores são simultaneamente avaliadores e avaliados, fórmula que “resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares”;
    3º passoaferição processual da avaliação de desempenho, em que são aprovadas as propostas de classificação elaboradas pelos avaliados;
    4º passoavaliação externa da escola, “dirigida à escola e não ao professor (…), em ordem a promover a sua qualidade.”
Se o leitor quiser aferir a consistência da proposta da Fenprof, o melhor é mesmo lê-la. Para ser franco, duvido que tenha sido elaborada por professores, atendendo aos momentos quase hilariantes que a sua leitura proporciona. Para estimular a curiosidade do leitor, eis o primeiro parágrafo da proposta:
    “O saber profissional constrói-se dentro das regras e dos conhecimentos que os próprios profissionais geram ou dominam. Deste modo, é inviável avaliar contra os docentes, é inviável avaliar desvirtuando o princípio primeiro da qualidade educativa em nome de interesses sociais ou políticos externos à educação. A avaliação do desempenho docente só será credível e reconhecida se orientada para a melhoria efectiva do desempenho, se tiver no seu horizonte o desenvolvimento e o progresso das instituições e das nações e, nesse sentido, ela terá de ser intrínseca aos professores e educadores, participada e co-construída pelos próprios.”

11 comentários :

Anónimo disse...

Nem mais: é a velha concepção da "escola dos professores, pelos professores, para os professores". Tudo o resto, tirando os bons alunos (isto é, os mais fáceis de ensinar, sendo que muitos dispensariam, para aprender, a maioria dos professores, totalmente redundantes), é um empecilho - a começar pelos alunos difíceis e pelos respectivos pais.

Alguém estranha que 'esta' escola 'democrática' resulte em números altíssimos de insucesso e abandono? O auto-governo dos professores resulta no desinterese gradual por aqueles que, afinal, a escola e os seus profissionais deviam servir.

Anónimo disse...

Este "brilhante" modelo de Mário Nogueira era o existente antes deste: elaboração de um relatório crítico pelo próprio professor (e que, habitualmente, era "copiado" de uns para os outros, pois ninguém os lia); oConselho executivo atribuía "satisfaz" a todos os professores (quer faltassem, quer não ensinassem nada, etc). Para haver um "não satisfaz" era necessária a inetervenção das DRE e eu, em 36 anos de carreira ocupando múltiplos cargos, em várias escolas, nunca vi atribuir nenhum. Para se obeter Bom ou Muito Bom (o Excelente não existia) era necessário designar um júri especial, que se limitava a analisar o currículo do professor, atribuía sempre essa classificação desejada pelo prefessor, a qual não tinha qualquer consequência (nem monetária, nem de cargos, nem de nada)apenas servia para encaixilhar e pÔr na parede. Era isto que existia e que a Fenprof quer que continue. Sei do que falo, pois sou professora e fiz várias vezes, como membro do Conselho Pedagógico, parte desaas Comissãoes de Avaliação e digo-vos que era uma autêntica farsa.

Anónimo disse...

Já temos a experiência do que dá o auto-governo dos juízes, o estado em que está a Justiça em Portugal!

Teófilo M. disse...

Eu fui ler, e fiquei de boca tão aberta com a clarividência da proposta, que me foi difícil fechá-la sem ajuda das mãos.

Penitencio-me aqui, de tudo o que disse sobre os professores, pois estes demonstraram que estão a favor da avaliação desde que esta se faça de quatro em quatro anos, o que até compreendo, pois com todos os professores a avaliarem-se uns aos outros, não há horário que resista, e a ministra só em horas extras, vai gastar mais de metade do orçamento.

Também fiquei satisfeito por saber que não há professores normais, nem sequer assim-assim, pois na generalidade são todos bons ou muito bons, podendo no entanto subsistirem alguns que não se esforcem suficientemente, mas nada que não se resolva com um examezinho de 2ª época que arrumará de vez com aquele(s) malfadado(s) ano(s) da insuficiência.

Levantou-se-me apenas uma dúvida, e se o professor for mesmo insuficiente durante três anos, mas passar nos exames do ano seguinte, será que vai ser equiparado aos que são bons durante os quatro anos? Ou haverá outra fórmula para os diferenciar.

Regozijei-me também ao ver que afinal já não existe o problema dos avaliadores não terem a mesma competência dos avaliados, pois como se avaliam todos uns aos outros, o que meter a pata na poça com uma má nota, já sabe que vai comer pela mesma medida, ficando assim sanada a eventual atribuição de classificações de insuficiente, a não ser que os ditos professores a dá-las sejam masoquistas.

Finalmente, fiquei satisfeito ao verificar que o mérito não foi esquecido, e que o carreirismo também não, ao verificar que as quotas serão abolidas, e que os muito bons verão a sua remuneração acrescida de 50% da diferença indiciária(!) entre escalões, fiquei porém na dúvida se esses aumentos de remuneração se verificam apenas de quatro em quatro anos, e se obtidos uma vez nunca mais se perderão.

Há porém uma pequena falha, pelo menos nos desdobráveis que li. Não mencionam que foram feitos em Abrantes, para afinal podermos dizer com propriedade, que fica tudo como dantes.

Anónimo disse...

Que desplante e falta de vergonha tem este tipo.

Então quer q a avaliação seja feita pelo proprio, onde se viu uma coisa destas? Só mesmo de um comunista paranóio.

Eu BURRO, ser avaliado pelo mesmo BURRO, E COM NOTA MAXIMA, é o máximo.

Não é possivel que isto venha acontecer. É a negação completa e desvirtua por completo o que é uma avaliação.

Confesso que tenho dúvidas que esta gente seja licenciada e professor. Se o são, a incompetencia e a falta de pudor emerge bruscamente numa classe desacreditada.

Anónimo disse...

Uma vergonha! Com este tipo de proposta a Ministra vê reforçada a sua autoridade!
Encarregado de Educação

Anónimo disse...

Caro Miguel:

Sou professor e não concordo, como muitos dos professores, com o modelo de avaliação da Fenprof.

Agora que o modelo do Governo é impraticável, isso é verdade. E que a última proposta do Governo (o 37º remendo à legislação deste governo sobre avaliação...) irá ter como consequência o mesmo que o Jardim decretou na Madeira - Bom para todos os docentes...

Coerências...?

MFerrer disse...

Segundo consta a frente Unida já não vai amanhã apresentar coisa alguma à Ministra a não ser a exigência de que tudo fique como está. e se a cabe com o ECD, o EdA e a Avaliação do Desempenho!...
Fantástico!
Esticam amcorda até ao Congresso do PCP! talvez tomem o poder...sei lá?!
MFerrer

Anónimo disse...

Vem aí ESTALINE. Os profes não se queixem depois.Estou aqui para ver.
Trabalhinho de professor em regime comunista:
- Horario 8 h;
- Salario 500 euros;
- Ferias ?.....
- Subsidio de ferias ?....
- Subsidio de natal? deixa de aver natal.
- O nº. de profes passa para metade;
- Ingles acaba;
- Frances acaba;
- Passa para Russo, coreano e chines e vietnamita;
- Computadores existem mas sem acesso à net;
- Os profes passam a usar farda;
- Passam a andar de autocarro, carro adeus;
- Passam a ter um controleiro politico;
- Se discordas vais dentro ou vais para o campo;
- Passam a ir a manifestações de apoio ao regime;
- Sindicatos como no tempo do fascismo, voz do dono;
- passais a cobardes e lambe-botas se quereis sobreviver;
- etç, etç,etç...........

OBS: como eu recordo com saudade a liberdade e a democracia.

Anónimo disse...

Para a Odete: o modelo do governo não é impraticável, pois está a ser aplicado na maioria das escolas sem qualquer problema. E esta hem?!

Anónimo disse...

Enquanto a Sra. Ministra da educação, não despedir os muitos incompetentes profissionais do sector da educação que não justificam a presença e o principesco ordenado que ganham a qualidade do ensino será de baixo nível!
Também os sindicatos devem ter o bom senso, de se preocuparem com a qualidade profissional dos seus associados e não explorar financeiramente o povo, através do estado!
Caixa Geral de Aposentações, I. P.
Aviso n.º 26532/2008
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
PROFESSOR ESC SECUND 3 C E B JOÃO GONÇALVES ZARCO € 2 125,00
PROFESSORA AGRUP VERTICAL ESC DIOGO CÃO € 2 704,21
PROFESSOR ESC SECUNDÁRIA AROUCA € 2 386,52
PROFESSORA AGRUP VERTICAL ESC PEDRAS SALGADAS € 2 616,82
PROFESSORA AGRUP VERTICAL INFANTE D. HENRIQUE € 2 309,55
PROFESSOR AGRUP ESC EIRIZ ANCEDE € 2 631,86
ROFESSOR AGRUP ESC VILA VERDE € 2 378,11
PROFESSOR ESC SECUNDÁRIA SANTO ANDRÉ-BARREIRO € 2 704,21
PROFESSOR ESC SEC DR JOÃO CARLOS CELESTINO GOMES € 2 704,21