segunda-feira, agosto 27, 2012

Disparidade salarial

• Robert Skidelsky, A má sociedade:
    ‘O que conduziu aos métodos espúrios que se utilizam hoje em dia para calcular os salários foi o fim do senso-comum e de um modo de avaliar as actividades humanas que não se baseia em critérios económicos e que tem em consideração um contexto social mais amplo.

    Há uma consequência estranha, mas ainda assim pouco noticiada, no falhanço em distinguir valor de preço: a única forma de aumentar os rendimentos da maioria das pessoas é através do crescimento económico. Nos países mais pobres, esta ideia é razoável; não há riqueza suficiente para distribuir por todas as pessoas. Mas, nos países desenvolvidos, a concentração no crescimento económico é uma forma extraordinariamente ineficiente de aumentar a prosperidade geral, porque significa que uma economia tem que crescer, por exemplo, 3% para que os salários da maioria aumentem 1%.

    Da mesma forma, não é seguro que o capital humano da maioria possa ser aumentado mais rápido do que o da minoria, que obtém todas as vantagens educativas resultantes de uma maior riqueza, condições familiares e contactos. Nestas circunstâncias, a redistribuição é uma forma mais segura de alcançar uma ampla base de consumo, que é ela própria uma garantia de estabilidade económica.

    A atitude de indiferença face à distribuição do rendimento é, de facto, uma receita para o crescimento económico sem fim, onde os ricos, muito ricos e super ricos ficam cada vez mais longe dos outros. Isto devia ser errado, não só, por questões morais mas também por motivos práticos. Em termos morais, coloca a perspectiva de uma vida melhor para sempre fora do alcance da maioria das pessoas. E, em termos práticos, está destinado a destruir a coesão social na qual a democracia – ou mesmo qualquer tipo de sociedade pacifica e satisfeita – se baseia.’

1 comentário :

Teófilo M. disse...

Isto é o ovo de Colombo para muitos e uma evidência para tantos que olham para a sociedade como um salutar meio de crescimento e não paenas como uma fonte para a sua riqueza.