domingo, março 03, 2013

“Oiçam-nos!”? Não, “Rua!”


    «Uma tarde na Avenida. Esta manifestação, tal como a de 15 de setembro, teve qualquer coisa de onírico. Como se, de repente, uma cidade inteira decidisse, a uma hora certa, encaminhar-se para uma praça. Cada um desceu as escadas do seu prédio, ou o elevador, caminhou despreocupado, silencioso, em marcha de passeio. É uma manifestação de vizinhos, de gente com pouco em comum, "interclassista", novos, velhos, meia-idade. A revolta é calma, não é arrebatadora, nem sequer apressada. Gente que se quer fazer ouvir, e escolhe manifestar esse desejo caminhando silenciosamente. Casacos de peles lado a lado com rastas. Gente que grita contra o FMI e gente que se arrepende de ter votado no Governo. Esta já é a segunda vez que a "demografia" mostra à política que algo se está a passar, e muito depressa. Os partidos do Governo, as instituições que não hibernaram, e os partidos da oposição também, têm de encontrar uma forma de falar com a sociedade. Porque pelo silêncio que hoje se fez ouvir, o ponto de não retorno parece muito próximo.»
      Paulo Pena (via facebook)
    «Se não achassem que serve de alguma coisa sair à rua, as pessoas não sairiam. Não é só para estarmos juntos e aliviar a pressão. Não é só terapia. Há uma determinação de dentes cerrados, de resiliência, de "não nos iremos tão depressa nessa noite escura, nem pensem". Mas também um cansaço com as palavras de ordem, que se gritam poucas vezes, sem convicção. (...) Não é que estejamos tristes, derrotados. É outra coisa. Estamos fartos. Não partimos montras, não lançamos petardos, não queremos pancada com a polícia (que muito pouco se viu). Queremos o fim disto, e já nem temos pachorra para explicar, para inventar gritos novos. É bom que nos oiçam, mesmo calados - porque estamos a dizer chega. E nem nós somos capazes de antecipar o que pode vir depois.»
    «Fui à manifestação. Quem não percebe a abrangência da contestação não percebe nada. As pessoas podem não saber o que querem, mas sabem que não querem isto. Novos e velhos, de esquerda e de direita, pobres e menos pobres.»
      Pedro Marques Lopes (via facebook)

5 comentários :

Anónimo disse...

Fui à manif à avª da Liberdade.

Cumpri o meu dever de cidadão

O Papa, perdão, o Dr. Anibal deve tirar a ilação, que passa em promover eleições para Presidente da Républica.

O novo PR faz eleições para nova gestão

A solução começa por aqui- é a minha opinião.



Pirolito

james disse...

Três posts interessantes, à excepção da frase:"[e gente que se arrepende de ter votado no Governo.)]

O Paulo Pena que me desculpe, mas mais centrão, não!

Anónimo disse...


Para os autores deste Blog, gostaria que me dissessem que fez esta afirmação:
"As pessoas têm o direito de se manifestar, mas era o que faltava se a acção governativa dependesse do nível das manifestações". Após relembrar estas palavras apenas uma conclusão, tenham vergonha.

Focado no alvo disse...



Já que TU nunca a tiveste, não é JAVARDOLA?

Anónimo disse...

Eu pergunto ao anónimo das 11:52 :
onde estava o seu comentário quando as manifestações eram contra Socrates ( nunca levou com um milhão de gente a pedir a sua demissão, mas vá, levou com manifs também).
Hipócrisia é muito bonito mas não adianta quando vos topamos á légua.
Experimentem lá um bocadinho de pimenta no cú, para ver se gostam.