quinta-feira, março 07, 2013

Um estarola de má-fé

Dinheiro Vivo

Depois de o pobre Álvaro se ter comprometido a aumentar o salário mínimo, e quando o próprio presidente da CIP admitiu que “está disponível para discutir” esse aumento, Passos Coelho não se coíbe de afirmar na Assembleia da República: “Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta. Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa.” Como se pode ver no gráfico supra, o salário mínimo na Irlanda é de 1462 euros mensais e em Portugal está em 485 euros (ou 556 euros, se o montante anual for divido por 12).

Hoje, António Borges, um dos gurus económicos de Passos Coelho, faz questão de revelar que é ele o autor das palavras ontem balbuciadas pelo alegado primeiro-ministro no debate parlamentar: “O ideal até era que os salários descessem como aconteceu noutros países como solução imediata para resolver o problema do desemprego”.

Por que carga de água deveriam os empresários contratar desempregados se depois não conseguem escoar o aumento da produção por falta de procura interna? Como os inquéritos do INE têm mostrado, a principal preocupação dos empresários não é o custo do trabalho (ou a falta de crédito), mas a quebra violenta da procura interna. Sem haver quem compre produtos, não haverá razão para os produzir. O aumento do salário mínimo seria um contributo para a reanimação do mercado interno, até porque os seus beneficiários não consomem, no essencial, bens importados.

Vem hoje Passos Coelho admitir que poderá encarar a possibilidade de aumentar o salário mínimo se houver crescimento: “nessa altura, talvez”. Ora, recordando as estimativas da Comissão Europeia divulgadas há dias (e que a própria Comissão admitiu ter de rever), não haverá crescimento tão cedo. A anémica estimativa para o PIB em 2014 deve estar a ser revista e a previsão para 2015 é aterradora: - 3%. Tão aterradora que a Comissão Europeia, depois de a divulgar, apagou-a do site.

2 comentários :

Anónimo disse...

O que as empresas necessitam é de impostos mais baixos para elas e para os seus trabalhadores;

O que os trabalhadores necessitam é de impostos mais baixos;

O que as empresas e os trabalhadores necessitam é que os bancos não tivessem fechado abruptamente o acesso ao crédito;

O que as empresas e os trabalhadores necessitam é uma administração fiscal actuante mas suficientemente ágil que permitisse que quem quer pagar mas não consegue pudesse fazê-lo em prestações

O que as empresas e os trabalhadores não precisam é de ter salários mais baixos.

RS

Anónimo disse...

Eu diria que, o que as empresas precisam é de clientes para escoar OS SEUS PRODUTOS, OU SEJA DE MERCADO INTERNO! o RESTO SÃO TRETAS! ninguém PRECISA DE DINHEIRO PARA PRODUZIR COISAS QUE NINGUÉM COMPRA!