• António Correia de Campos, Honradez:
- «Chapelada electrónica. (…) O positivo está a ser a lenta definição dos comentadores e fazedores de opinião: começa a ser claro que a direita convencional está com Seguro, por recear Costa e o terreiro que a sua popularidade pode varrer. Clarinho, clarinho, será sempre melhor.
A situação é muito clara: uma forte maioria sociológica aspira por Costa, dentro e fora do partido. A máquina, minuciosamente planeada durante anos pelas últimas bancadas de São Bento, matematicamente produz decisões que espelham a proporcionalidade da divisão orgânica. Os estatutos, alterados em comissões nacionais complacentes ou distraídas, blindaram as lideranças. Órgãos jurisdicionais internos escudam-se na imprevisão estatutária. Com a segurança de quem tutela a sua maioria, obediente pelo pavor do que receia perder com a mudança, surge a proposta de eleição para um cargo inexistente, com o engodo da retirada em caso de derrota, tal como fez Cavaco a Seguro, quando lhe acenou com eleições antecipadas. Tempera-se com o sal de uma demagógica redução do números de deputados para a populaça aplaudir e argumenta-se com a suposta similitude com eleições primárias abertas a todos para escolha de líderes socialistas na França e Itália, como se do mesmo contexto se tratasse. Preparado o empadão, serve-se frio ou requentado, com quase quatro meses de espera.
Tal como aqui afirmámos há semanas, as coisas estão feias no PS e vão ficar ainda pior. À saída da Comissão Nacional de Ermesinde duas valorosas militantes (ou simpatizantes), vestidas com a camisola da selecção, assediaram Costa e apoiantes. O ambiente carnavalesco registado pelas câmaras tem efeito demolidor na política, juntando todos no mesmo saco, abrindo espaço ao populismo justicialista.
Quando aqui se apontava o eventual risco de chapelada, mal sabíamos como ela agora se apresenta, no século vinte e um. Não já com votos numerosos dentro do chapéu dos cabos eleitorais, mas com o sofisticado processo de recurso a redes corporativas. Agora foram farmacêuticos que conclamaram na rede respectiva o apoio a Seguro. Uma das conclamantes, dirigente nacional do PS. Pior ainda: citada a pronunciar-se a presidente do Partido e um dos secretários nacionais lavaram as mãos como Pilatos, com o argumento de se tratar de uma posição individual. (Agora se percebe o verdadeiro sentido de algumas escolhas para candidatos municipais). Amanhã serão associados de agremiações apolíticas a congregarem à participação grátis numa singular escolha de governo. Pouco faltará para vermos um futuro canal por cabo a recomendar o mesmo. Mais tarde serão homens de mão de partidos agnósticos a Costa a colaborarem, inscrevendo-se graciosamente para eleger um “candidato a primeiro-ministro”. Recusa-se o que possa aumentar as garantias de independência do processo, retirando ao contraditório a possibilidade de arguir a prática de actos malévolos e quem tem a autoridade interna não verbera estes procedimentos.»
9 comentários :
Tinha acabado de ler este texto no Público e pensei que, seguramente, o Miguel Abrantes iria partilhá-lo. Correi de Campos sem papas a língua. É assim que tem que ser.
Eu também não tenho papas na língua.
Haja o que houver, aconteça o que acontecer, nunca mais voto no JOTA TÓZERO!
Nem mesmo tapando-lhe o rosto, como fez o "democrata" Cunhal.
Ainda ontem, no "Eixo do Mal" repunham em cena o fatal momento de um debate entre Seguro e Assis, quando este propunha ao primeiro a realização de primárias no PS. E Seguro, abespinhado, eriçado, escandalizado, a ripostar ao outro que não, podia lá ser tal aberração: abrir a possibilidade de que viessem votar sujeitos do PCP, do PSD, etc. etc., isso é que nunca, jamais,em tempo algum!... Agora, porém, mudou, já admite, defende e impõe as tais primárias abertas que antes eram um perigo. (Porque será, meus irmãos, porque será?) Este comportamento, antes de ser o de um pré-golpista (recordem-se do mail da outra...), é o de um sujeito sem carácter e o de um genuíno bandalho. Eu, como muitos que conheço, tenho a decisão tomada: após mais de três décadas a votar PS (como nas últimas europeias) jamais voltarei a essa opção enquanto este fulano se mantiver onde está (e não tenho dúvidas de que só poderá manter-se onde está se conseguir concretizar a golpada em preparação).
O comentário claro e directo de um Grande Senhor, com ideias próprias e pensamento estruturado, com provas dadas ao serviço do país e do bem estar dos portugueses.
LAPIDAR: "Com a segurança de quem tutela a sua maioria ... surge a proposta de eleição para um cargo inexistente, com o engodo da retirada em caso de derrota, tal como fez Cavaco a Seguro, quando lhe acenou com eleições antecipadas.
Tempera-se com o sal de uma demagógica redução do números de deputados para a populaça aplaudir e argumenta-se com a suposta similitude com eleições primárias abertas a todos para escolha de líderes socialistas na França e Itália, como se do mesmo contexto se tratasse.
Preparado o empadão, serve-se frio ou requentado, com quase quatro meses de espera". LAPIDAR!
Isto não pode ser a realidade do PS, mas um autêntico PESADELO!
Afinal, o PS já não pode ser destruído por dentro, porque o PS JÁ NEM SEQUER EXISTE, pelo menos tal como nós todos o conhecemos até 2011: democrático, republicano, responsável e patriótico!
Mas, para grandes males, GRANDES REMÉDIOS: os seguristas que fiquem lá com a marca registada, que lhes faça muito bom proveito, que os VERDADEIROS SOCIALISTAS hão-de encontrar maneira de ressuscitar o PS dos seus Fundadores!
Por mim, estou finalmente disposto a, pela primeira vez na vida, me filiar nesse futuro Partido Democrático de Esquerda, Republicano e Socialista (qualquer que seja o seu nome).
Deixemos morrer o organismo doente, para que reviva o rebento são.
Maria de Belém a promessa do Inseguro para...Belém e A. Martins o ungido, provável, para presidente da A.R. O problema é q entre o sonho e a realidade vai a distância do impossivel com este Secretario Geral. Alem do mais, apareceu a pedra no caminho que veio estragar o arranjinho todo. Até o Neto dos penicos já delira com o sonho adiado de um dia ocupar uma cadeira no governo. O Assis, só aguarda momento oportuno para se associar ao Costa...Até lá o rapazola, imberbe e divertido, vai sonhando alto, n se contendo em contar em público os dislates ad hominem e insultos contra o seu adversario politico. Leal e sério, Antonio Costa, abstem-se e bem de entrar na mesma onda. A diferença entre os dois, para além do mais (que é tudo) começa aqui.
Não vamos meter todos no mesmo saco! Só se for para armar confusão! As nuances são muito importante e os currículos também. Maria de Belém Roseira, com os seus sorrisos e punhos de renda, é uma Senhora cheia de boas intenções que parece muito mais ingénua do que é.Uma politica de princípios, com alguma substancia, como profissão e obra feita toda a vida.
Já Alberto Martins, considero-o um burocrata de aparelho e um rolha. Apenas viveu à sombra da bananeira partidária. Uma osga.
E Assis? Apesar de demasiado gelatinoso para o meu gosto, é um politico honesto, experiente, culto e com ideias próprias e correctas.Só que tem o problema de ter ficado sentado entre duas cadeiras, tendo optado por apagar a luz própria em nome de ganhar um lugarzinho no PE pela mão de Seguro. Só com alguns números circenses voltará a pista certa. Mas esta mortinho por voltar.
Depois podíamos falar do artista Zorrinho, ai, ai, ainda por cima um alentejano... Mas hoje não tenho mais tempo...
Maria de Belém "parece muito mais ingénua do que é" - concordo.
E mesmo uma "política de princípios, com alguma substância, com profissão e obra feita toda a vida" pode, de um momento para o outro, borrar a pintura toda de forma IRREVOGÁVEL!
Se é que não a andou a borrar muito discretamente nos últimos vinte ou trinta anos...
Quantas e quantas vezes não aconteceu já isso desde que o Mundo é Mundo?
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