quarta-feira, setembro 19, 2012

“A margem de manobra existe, a dúvida é se este Governo a quer utilizar”

• Luís Rego, Se querem um êxito, negoceiem:
    ‘A ‘troika' ‘não está' para uma reedição dos piores capítulos da crise grega. Precisam de estabilizar os mercados e, como se viu no BCE, estão dispostos a engolir muitos sapos. Os responsáveis do Eurogrupo estão cansados de saber que o programa português está no fio da navalha mas insistem que Portugal é "um exemplo vivo de como o programa funciona". Contornam a realidade ao ponto de dizer que o programa está a produzir resultados mais rápido do que o previsto e, ao mesmo tempo, oferecem um ano adicional para reduzir o défice para 3%. Esta folga é a medida do fracasso destes programas de ajustamento e é o reflexo do que ocorreu na Grécia (também a partir da 5ª avaliação). Como concessão não pode ser desvalorizada mas, como tantas outras soluções na crise do euro, chega tarde demais. O caldo já está entornado, a recessão já se instalou de armas e bagagens (e vão três anos), o nível de desemprego, que não fica por aqui, já quebrou todos os tabus. É o resultado da doutrina de choque que é tão propícia a saltos no escuro.

    É por isso que é preciso ignorar quaisquer chantagens de Bruxelas. A concessão de mais um ano é relativa ao passado, às condições adversas que prejudicaram o ajustamento, e por isso não pode estar dependente da TSU.

    A nova tranche também não.

    Ao abrigo do crédito que o país recebeu, a ‘troika' pode exigir medidas para cumprir as novas metas de défice. Mas quando se trata de políticas e modelo de competitividade há limites. A Irlanda não permitiu que lhes tocassem na taxa de IRC de 12,5%, por muito injusta que fosse para os outros países. A margem de manobra existe, a dúvida é se este Governo a quer utilizar.’

Sem comentários :