terça-feira, maio 13, 2014

Primeiras leituras do dia

• Mário Soares, Uma semana invulgar:
    «(…) Tudo vai bem, dizem as autoridades, com aparente seriedade, e cada vez melhor - desde que se continue a pagar à troika - com a visita tão entusiástica do vaiado em toda a parte (a última foi na Alemanha) Durão Barroso, mas também da senhora Lagarde do FMI e ainda, que surpresa e que vergonha, do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. São os protetores de um Estado independente, há tantos séculos, que querem que perca a soberania. O que parece entusiasmar a rapaziada do Governo e ainda o Presidente da República, protetor dos mercados, que segundo o Público de domingo é, cito: "O historiador que tem sempre razão mesmo que para tal tenha de reescrever a história."

    Agora resolveu visitar a China de 12 a 19 do corrente mês, isto é, para depois dizer, claro, que não tem nada que ver com a campanha eleitoral. Nem com nada do que se possa passar em Portugal... Porém, antes de sair colocou no seu Facebook uma crítica a todos os que não concordam com as suas contradições. (…)»
• Alfredo Barroso, Um "défice estrutural" arbitrário e controverso:
    «1. O conceito económico de "défice estrutural" é - como já o declararam vários economistas reputados - um conceito altamente controverso. Por isso mesmo, não deveria ter sido introduzido num tratado europeu. (…)»
• Fernando Cardoso Rodrigues, SNS: um exemplo do minar por dentro:
    «(…) há um assunto tão ou mais importante, que é a Saúde ou, mais bem dito, o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ambos são alvo da ideologia “dominante” que tem por objectivo maior a redução ao mínimo do papel do Estado… mas usando-o para os interesses em que o dito lhes convém. E como se faz isso?

    Pois uma das formas é atacando “rápido e em força”, pois este poder actual não vai durar sempre e convém destruir o mais possível para, depois, se dar como “sem alternativa” o statu quo que resultou da destruição. (…)»
• Francisco Madelino, Drama em cinco actos:
    «(…) Não se resolve com um bloqueamento do consumo. Isso é uma ilusão conjuntural. O problema do ajustamento está assim na relação entre o crescimento e os juros da dívida, não está no Tribunal Constitucional. Ao realçar a confiança nos contratos, o Tribunal só ajuda, não atrapalha. O sr. primeiro-ministro, pelo contrário, ao subir, permanentemente, a um ritmo trimestral, os impostos, questionando o valor dos salários e das pensões, e, sobretudo, dos contratos, atrapalha mais do que ajuda a sustentabilidade das finanças públicas.»
• Glória Rebelo, O défice de inovação:
    «(…) A verdade é que o mercado de trabalho europeu evidencia fortes diferenças não só ao nível das taxas de desemprego (com países, como a Áustria, o Luxemburgo, a Holanda e a Alemanha a apresentarem taxas de desemprego na ordem dos 5% e outros, como a Espanha e a Grécia, acima dos 25%), mas também por tipo de vínculo contratual (com países como o Luxemburgo ou a Áustria a apresentar uma muito reduzida precariedade laboral e, no polo oposto, países com elevada proporção de contratos a termo e/ou temporários, como a Polónia, Espanha e Portugal.

    Atentemos no caso português. A contratação precária atinge diversas faixas etárias, mas é sobretudo notória junto dos jovens que, na sua maioria, saem do sistema de ensino caindo numa cadeia de contratações precárias, que os sujeita a uma forte instabilidade profissional e a baixos salários. Desde 2011 que se assiste a uma reconfiguração do mercado de trabalho, que passa pela destruição de emprego permanente e a tempo completo, desemprego e pelo aumento de emprego mal remunerado, não permanente e a tempo parcial e do subemprego.

    Ora, uma política laboral inadequada que estimule o aumento do emprego precário poderá permitir melhorar as estatísticas do desemprego a curto prazo, mas, a médio e a longo prazo, terá efeitos negativos no desenvolvimento e na própria competitividade do país, comprometendo as qualificações dos trabalhadores, a sua saúde e bem-estar e, o que é grave, a capacidade de a economia gerar inovação. E há que questionar a competitividade do país em matéria de inovação porque esta é o motor do desenvolvimento a médio e a longo prazo. (…)»

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