domingo, julho 06, 2014

Não há nada como ter uma imprensa catita

Tudo levaria a crer que o passado e o presente do governador do Banco de Portugal pudessem suscitar polémicas à antiga portuguesa nos media. A título de exemplo, Carlos Costa andou anos a fio a carregar os tacos de golfe de Deus Pinheiro por essa Europa fora; teve ataques fulminantes de amnésia quando foi chamado a tribunal para explicar as peripécias off-shore do BCP (do qual era director-geral para área internacional); criticou os investimentos públicos em Portugal que financiou como administrador do BEI; e, não raras vezes, aparece a ultrapassar pela direita (v.g., aqui e aqui) a estratégia de «ir além da troika» do Governo (ao mesmo tempo que se opõe à adopção de qualquer medida de austeridade na instituição que dirige).

Este percurso repleto de contradições deveria ser um maná para os media. Aparentemente por o país estar sob «assistência financeira», terá sido poupado a um escrutínio que o pudesse fragilizar. Acontece que a protecção a Carlos Costa não ficou por aqui: a par deste estranho manto de silêncio, o governador ainda vê serem-lhe atribuídos louros por acções para as quais apenas fez o que um chefe de secção teria de fazer para dar seguimento a ordens superiores.

Com efeito, o Banco Central Europeu (BCE) está a preparar-se para assumir as suas novas funções de supervisão bancária em Novembro de 2014, no contexto do Mecanismo Único de Supervisão (MUS). Tal como os outros países que aderiram ao MUS (ou que assinaram um memorando de aceitação das regras estipuladas), Portugal tem de precaver-se de que os bancos que serão supervisionados pelo BCE cumprem os requisitos estabelecidos.

Neste sentido, o que o governador do Banco de Portugal está a fazer no BES é apenas o cumprimento de uma missão definida em Frankfurt. Poderia ele fazer menos? Não.

E poderia Carlos Costa ter feito mais? Pelo que se sabe, poderia ter evitado que o poder no BES tivesse caído na rua, vacilando durante semanas perante os humores de Ricardo Salgado. E estando em presença de situações de inegável gravidade, nem uma contra-ordenação para amostra foi instaurada. É estranho, não vos parece?

11 comentários :

james disse...

Quem carrega tacos de golfe também pode ser porteiro em Frankfurt...

Anónimo disse...

Desse governadorzeco nada parece estranho. É mais uma mão atrás do arbusto do poder financeiro, metido nas mesmas jogadas obscuras que tanta gentelha do PSD.
É mais um mal parido desta mentalidadezinha neo-liberal da treta.

Anónimo disse...

Ainda vai correr muita tinta sobre o papel desta gente em mais uma golpada banqueira.

Porque será que nesta matéria de bancos é sempre a malta do psd que aparece?

Anónimo disse...

Não era o espirito que tinha sido apanhado em escutas ao pedro?

Anónimo disse...

o partido toma conta do supervisor
e depois o supervisor impinge a malta do partido ou funcionários subalternos para abancarem...

eles são mesmo bons....

e nada como órgãos de comunicação social bem domesticados para deixarem a coisa passar assim sem ondas...

Ricardo Pinto disse...

Ainda há quem diga que é o outro Costa, o António, que tem boa imprensa...

Esta salgalhada do BES e um governador do BP como este, só neste Portugal de capitalistas do Orçamento de Estado...

Para quando verdadeira regulação e verdadeiras sanções para gente da cúpula do sistema financeiro português?

Até quando esta comunicação social inócua? Num país com media independentes este governador do BdP não escaparia a uma verdadeira investigação jornalística sobre o seu papel no caso BCP.

enfim, mas basta ler o editorial do económico (lembrando tantos outros ao longo destes três anos)para percebermos a bicharada a que estamos entregues....

ECD disse...

e ao "7º dia", com a solução PSD tirada da da cartola pelo seu militante C. Costa, ao que parece o Expresso esgotou os "locais" com cabeça-troco-membros sobre o BES. Não hostillizar o partido onde o patrão é o miltante nº 1 é capaz de ter passado a ser a regra. Respeitinho por quem paga o ordenatito e mais uns pózinhos

Anónimo disse...

Nuno Coelho, de facto esse foi um dos poucos erros cometidos por Socrates.
Estarás a concordar com isso mesmo?Que foi um erro a escolha de Carlos Costa?
Já agora também te informo que a grande maioria, senão a totalidade dos gestores que assinaram contratos
tóxicos durante o governo de Socrates, eram igualmente do PSD.Se de facto houve erro grande cometido foi Socrates não ter feito o que esta gentalha anda a fazer de há 3 anos para cá : despedir anteriores funcionários de altos cargos e gestores publicos no estado para os substituir por incompetentes filiados no PSD.
Aaaaaahhhh mas com estes não há problema, é tudo boa gente.Já se tivesse sido Socrates a fazer uma "limpeza" tinha caido o carmo e a trindade...
O mal do PS ás vezes é esse mesmo : demasiada ingenuidade. Mas tenho esperança que com esta trampa toda em que Seguro enfiou o partido, de uma vez por todas fiquem vacinados e passem a tratar a direita e seus lacais como merecem : com desconfiança, desprezo e se possivel com muitos processos criminais em cima .

Anónimo disse...

É isso mesmo, anónimo das 4,49. Só discordo numa coisa: o ps não é ingénuo, não pode ser. às vezes prefere olhar para o lado e fingir que não percebe, tática falhada dos seguristas.

ana

Anónimo disse...

Entre vários, um pormenor que atesta bem o caracter do governador.
Lá, no Parque das Nações, o governador considerava as questões de condomínio uma chatice, provavelmente muito terrenas. Inclusive o seu pagamento para o qual se borrifava.
Um seu vizinho, velha raposa, na administração do condomínio, deu-lhe a volta. Pagou os valores em dívida pelo governador, informando-o depois que a dívida agora era para com ele.
Claro está que, face ao 'samaritano' em causa, o governador apressou-se a regularizar a divida.

Conde de Oeiras e Mq de Pombal disse...



Gente MESMO muito "séria", oh, oh...