Tal como a afamada trotskista que tinha duas ideias fixas no PREC — pôr os trabalhadores “do” PS e “do” PCP a berrar em uníssono em São Bento e bater-se com os coronéis e generais —, Maria do Rosário Carneiro tem dois sonhos: superar a contradição entre punição e despenalização do aborto e ser uma espécie de Teilhard de Chardin dos tempos modernos.
O pequeno problema começa por a deputada do PS não compreender patavina de direito e de política — o que não teria importância nenhuma se optasse por uma postura mais discreta. Mas, ao falar muito, obriga a uma comparação com o seu inspirador, um cientista renomado que passou a vida a lutar contra o criacionismo bacoco, baseado na leitura literal da Biblía.
Fosse Maria do Rosário Carneiro tão informada e poupar-se-ia ao ridículo de andar a propor leis que já estão aprovadas. Será que nenhuma alma caridosa lhe sopra ao ouvido que o Código de Processo Penal já consagra a suspensão provisória do processo para crimes puníveis com prisão até três anos, como o aborto praticado com o consentimento da mulher? Por este andar, ainda a veremos a descobrir a roda e a patenteá-la rapidamente.
Talvez a questão seja outra: a dificuldade em assumir, sem subterfúgios, a sua opção, vacilando entre a orientação da sua bancada e a defesa da questão “não religiosa” como a vê a Igreja. Mas, mais tarde ou mais cedo, terá de responder: é a favor ou contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez durante as dez primeiras semanas?
O pequeno problema começa por a deputada do PS não compreender patavina de direito e de política — o que não teria importância nenhuma se optasse por uma postura mais discreta. Mas, ao falar muito, obriga a uma comparação com o seu inspirador, um cientista renomado que passou a vida a lutar contra o criacionismo bacoco, baseado na leitura literal da Biblía.
Fosse Maria do Rosário Carneiro tão informada e poupar-se-ia ao ridículo de andar a propor leis que já estão aprovadas. Será que nenhuma alma caridosa lhe sopra ao ouvido que o Código de Processo Penal já consagra a suspensão provisória do processo para crimes puníveis com prisão até três anos, como o aborto praticado com o consentimento da mulher? Por este andar, ainda a veremos a descobrir a roda e a patenteá-la rapidamente.
Talvez a questão seja outra: a dificuldade em assumir, sem subterfúgios, a sua opção, vacilando entre a orientação da sua bancada e a defesa da questão “não religiosa” como a vê a Igreja. Mas, mais tarde ou mais cedo, terá de responder: é a favor ou contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez durante as dez primeiras semanas?
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