
- ‘Este fenómeno agravou-se nestes tempos de crise, em que os ânimos estão muito exaltados. Os jornalistas são seres humanos, envolvem-se emotivamente nas questões, e querem influenciar os leitores. Não há a preocupação de relatar a verdade - mas sim a de vender a versão que convém ao pensamento do jornalista.
Este tipo de jornalismo militante manifesta-se de várias maneiras.
Tende a espalhar-se uma prática jornalística de tipo pidesco ou inquisitorial, que vê em cada político um criminoso e está sempre pronto a apontar-lhe o dedo acusador.
Por exemplo, na recente posse de Rui Machete como MNE, a grande notícia é que tinha pertencido à SLN.
Ora, uma coisa é denunciar casos graves, corrupções, atropelos à lei - outra é andar de lupa na mão a espiolhar os currículos de toda a gente e a denunciar que estiveram aqui, estiveram ali, são filhos deste, foram vistos com aquele...
É um jornalismo de devassa que só faz perder tempo, não interessa nada ao país e nada diz sobre a qualidade das pessoas. Rui Machete é pior ou melhor, mais ou menos sério, mais ou menos competente, por ter pertencido a um Conselho qualquer da SLN?
Outra forma que assume o jornalismo militante é a distorção deliberada dos factos. Pega em frases soltas, enquadra-as num contexto diferente e dá-lhes uma interpretação determinada à partida.’