quarta-feira, outubro 04, 2006

Sugestão de leitura

Vicente Jorge Silva escreve, no DN de hoje, sobre Souto Moura, tendo como pano de fundo a entrevista ao Sol: O cândido que não quis ser Sísifo. Aqui fica uma passagem:

    «O procurador acredita piamente no que diz, com a doce ingenuidade de um neófito, mesmo quando o que diz parece simplesmente... incrível. Porque é que no "Envelope 9" a culpa foi, afinal, do "mensageiro", dos jornalistas - e não de quem recolheu a mensagem no envelope? Resposta: "Obviamente, porque só em relação a eles o magistrado titular do processo entendeu que havia indícios suficientes. Pelo que tenho ouvido, muito cómodo seria não acusar ninguém." Assim pagou o "mensageiro" os custos da incomodidade da "mensagem".

    Onde podemos encontrar algumas pistas para perceber a imponderável candura de Souto Moura é nos episódios biográficos evocados na entrevista. Este homem, nascido numa família burguesa do Porto, que tem como hobbies construir modelos de barcos e desenhar folhetos para seminários de Direito, descobriu a religião aos trinta anos (diz-se próximo dos jesuítas) depois de ter lido O Mito de Sísifo de Camus. Por temer ser Sísifo, tornou-se cândido. E foi candidamente que furou a greve académica de Coimbra, em 69, porque ao regressar de um internamento hospitalar a sua "preocupação principal era não chumbar o ano". Reconhece que a greve foi "das coisas mais importantes que se fez contra o regime em Portugal", embora considere que "era tudo menos uma manifestação puramente espontânea", uma "coisa completamente limpa". "Mas se calhar", admite "era ingenuidade minha, pois essas coisas nunca se fazem com rigores desse género."»

2 comentários :

Portas e Travessas.sa disse...

Miguel, como era esperado o Cordeiro das farmacias, limpou o concorrente.

O Ministro Correia bem pode começar a baralhar e dar de novo.

Tudo vai ficar na mesma ou ainda pior, como já é esperado.

Farmacias ás instituições de caracetr social, como ja existiu.

O Lab Militar, um equipamento que pode funcionar no medio prazo, nada.

Anónimo disse...

sobre o mesmo tema/personagem vale a pena ler tb isto
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/694827.html