domingo, dezembro 10, 2006

O cacique insular, na sobriedade do dia seguinte [1]


Alberto João Jardim não é só perito em destemperos verbais. Só isso não lhe dava a longevidade política que ostenta. Muito embora haja outros caciques, é justo dar a Alberto João o que é de Alberto João — um lugar à parte no panorama político luso.

Ao longo de todos estes anos, Alberto João tem investido, sempre com o maior êxito, tácticas bem conhecidas. Quando o poder central lhe nega dinheiro, ressuscita o fantasma do separatismo e ataca o contenente. Quando o poder central lhe perdoa as dívidas, elogia. Quando está zangado com o Governo, pisca o olho ao presidente da República. Quando o Governo é da sua cor, manobra internamente para conseguir as benesses do ministro das Finanças. Enfim, tudo tem corrido sempre pelo melhor.

Pelo caminho, vai pondo o fiel Ramos a servir de coronel do sertão, e tanto critica à esquerda como à direita, de acordo com as conveniências momentâneas. Tanto chama fascista ao CDS como berra contra socialistas, comunistas e outros tantos que deram cabo de Portugal e, há largos anos, tornam iminente a queda da III República.

Alberto João prontifica-se a ajudar a essa queda e, nos momentos mais lúcidos, reflecte sobre a ciência constitucional.

O que faltou desta vez a Jardim para andar nesta aflição? À partida, as coisas até estavam bem encaminhadas: presidente da República de uma cor, primeiro-ministro de outra cor, líder do seu partido frágil. O espaço ideal para o jogo de Alberto João.

Mas há pequenos erros que se pagam caro. Por exemplo, por que se lembrou Alberto João de chamar ao presidente da República “Sr. Silva”? O doutor Cavaco Silva é uma espécie de português profundo que o presidente do Governo Regional não entende. Na sobriedade do dia seguinte, talvez Alberto João se tenha esquecido do “Sr. Silva”. Mas o doutor Cavaco Silva não se esqueceu da afronta vulgar, nem se esquecerá disso nos dez anos de arrendamento do palácio de Belém.

É esta a actual desgraça de Alberto João Jardim. A que acresce um primeiro-ministro “teso”, que não se atemoriza com as ameaças de separatismo, e um ministro das Finanças que vai lembrando, impávido, que a lei, quando nasce, é para todos

7 comentários :

Anónimo disse...

primiero ministro "teso"?
É brejeirice ou simples bajulice?
Em todo o caso rima com paneleirice.
O pm é forte é com os que não mexem na máquina.
Lembras-te do Portas, outro "teso"?
Anunciou o fim do alberto joão e olha o resultado.
Não conheces a Madeira profunda pá.
O Algarve profundo é o pessoal que anda a servir os ingleses.

Adriano Volframista disse...

Esqueça o AJJ.
O que ele quer é exactamente o que está a fazer.
Não ligue que, quando menos esperarmos passa.
Cumprimentos
Adriano Volframista

Portas e Travessas.sa disse...

A C.Social tem apetencia para promover a mediocridade, qualquer breijerice vinda do inefavel Alberto João, faz-lhe uma cobertura para nèscios.

A culpa não é do contenente é de quem o promove

Anónimo disse...

Não o critico. É um pouco difícil solicitar à Madeira que se desenvolva quando estão mais próximos do continente africano do que do Europeu e cercados de água por todos os lados. Por outro lado, o homem mais não faz que aquilo para que foi eleito: a defesa intransigente dos interesses do seu eleitorado e da sua região, se deixar manietar-se pelos caciques que habitam em Lisboa e dominam com um centralismo assustador as Finanças e a Política do País! Tenho um profundo respeito por ele!

Anónimo disse...

sobre advogados e deputados do ps ainda nada...

Anónimo disse...

Um dia destes vou começar a juntar aqui cópias dos contratos de arrendamento de apartamentos (mal) adaptados para tribunais.
De quem são os senhorios.
Dos Ministros da Justiça que os aprovaram.
E das cláuslas de rescisão, algumas das quais estabelecem (só) 4 anos de rendas como indemnização ao coitado do senhorio...
Com impostos pagos por quem não pode fugir a eles, claro.
Só para diversificar as críticas que por aqui se fazem.

Anónimo disse...

" defesa intransigente dos interesses do seu eleitorado e da sua região" bu anonymous

Na realidade, o que AJJ conseguiu foi pôr a madeira em situação financeira calamitosa derivado ao seu reino do betão. Agora que o estado lhe nega o habitual cheque por baixo da mesa, zangam- se as comadres e afinal a culpa da situação financeira da madeira sempre foi do continente...
á parte: AJJ tem de facto qualidades como dirigente populista, mas não se sabe comportar...deus abençoe os mandatos de 4 anos e que eles disseminem por todas as instituições
bem hajam