Vasco Graça Moura fez hoje uma revelação surpreendente: na sua cruzada contra o acordo ortográfico, o intelectual do cavaquismo arrebanhou, já após a ratificação do tratado que o institui, mais um apoiante. Nada mais, nada menos do que Aníbal Cavaco Silva.
O Dr. Moura dá conta de que o Presidente da República — embora “não tivesse outro remédio formal que não fosse o de ratificar o segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico” — “está ciente de tudo isso [“um cancro incurável na ortografia da língua portuguesa”] por ter mandado estudar a abundante documentação que lhe foi entregue oportunamente.”
Não esboce um sorriso, caro leitor, para o facto de Cavaco ter subscrito o acordo nos idos de 90. Aqui é o Dr. Graça que elucida: “o Governo tentará comprometer pessoalmente o Presidente da República com toda esta situação vergonhosa, já que o Acordo Ortográfico foi subscrito em 1990 quando o prof. Cavaco Silva era primeiro-ministro. Simplesmente, há indícios de a chefia do Governo da época ter sido grosseiramente manipulada.”
Há “indícios”, diz o paradigma do intelectual cavaquista, de que “a chefia do Governo da época” [Cavaco himself] foi “grosseiramente manipulada”.
18 (dezoito) anos depois de Cavaco ter subscrito o acordo ortográfico como primeiro-ministro, e após ter ratificado o tratado como Presidente da República, aparece um porta-voz encartado do cavaquismo a alertar de que ele foi, primeiramente manipulado, e, agora, só apôs a sua assinatura porque está manietado.
Graça Moura enlouqueceu ou é o cavaquismo que caiu na rua?
9 comentários :
"Graça Moura enlouqueceu ou é o cavaquismo que caiu na rua?"
Ambas, ambas.
Em face da verdadeira cruzada contra o Acordo Ortográfico (e não só)penso que a primeira hipótese (in fine) verdadeira. Quanto à segunda, ainda tenho dúvidas. Cordiais saudações.
Toda a questão que rodeia o acordo ortográfico revela mais um confronto político entre conservadorismos retrógados do que uma real questão.
De acordo com os linguistas mais conceituados de ambos os lados do Atlântico, o acordo é altamente benéfico para Portugal dado que apenas vai afectar cerca de 1% do nosso vocabulário. Por exemplo, é assim tão grave que se modifiquem as seguintes palavras:
(a) accção - ação
(b) óptimo - ótimo
(c) Egipto - Egito
Daqui a pouco aparcerão os puristas da linguagem a reclamar a recuperação de formas arcaicas de linguagem como "pharmácia", "prohibir", entre outras.
O acordo ortográfico representa a passagem natural da evolução da língua portuguesa para padrões mais próximos da realidade falada do que grafias herdadas de termos clássicos aos quais apenas um número cada vez mais reduto de estudiosos pode ter acesso. E isso em nada compromete a herança de Camões-Eça-Pessoa, cujos trechos linguísticos marcaram de forma indelével a própria forma de escrever português que passa bem sem algumas consoantes mudas.
Graça Moura há muito que um louco desbocado. Nada de novo, portanto. Como ele é um homem das letras, com algum valor dizem os mais entendidos, vai tendo palco para dar aso à sua anormalidade. Na verdade, pouco o distingue de Alberto João Jardim. Aliás AJM tem a vantagem de ser bem mais genuino.
na rua, sarjeta, digo eu...
e não só esta "brilhante" intervenção o vem documentando...
todo um conjunto de intervenções,
desde a visita à democrática madeira
às intervenções conjugadas de Belem, com a da respeitavel senhora MFL
e ultimamente de cronistas conselheiros de Belem, sobre economia e não só...
mas...
veremos como das legislativas e presidenciais, cada uma e em conjunto,
há-de vir um sinal dos agentes politicos e eleitores, estes como garantes ultimos da democracia que querem, espero eu...
abraço
Não. Vasco Graça Moura, José Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, Miguel Sousa Tavares, António Barreto, Maria Filomena Mónica e mais alguns outros são apenas um exemplo e um sério aviso para todos aqueles, como eu próprio, que pretendam um dia chegar a envelhecer...
Estes gajos são uma autentica brigada do reumatico.
Só existem para denegrir. Só existem para dizer não, quando a direita não está no poder.
Fod...estes intelectuais da merd...que não valem um chavo, daquilo que eu fiz ao longo de 50 anos de trabalho dedicado e profissional.
Há gajos que não se enxergam e fazem estas figuras tristes!
com efeito não me parece a melhor das argumentações
Enviar um comentário