sábado, fevereiro 14, 2009

A palavra aos leitores

Contributo de Manuel T., de Santa Maria da Feira:
                    "Aqui eu escolhi permanecer
                    onde a visão é dura e mais difícil
                    Aqui me resta apenas fazer frente
                    ao rosto sujo de ódio e de injustica"

                      Sophia


CHAFURDAR

Na primeira página, o Público de hoje garante que “Governos do PS foram epicentro do caso Freeport” e em página interior discorre sobre “O mundo pequeno do caso Freeport” - peças que pelas suas características poderão justificar nas próximas horas uma reunião urgente do Sindicato dos Jornalistas, comentário do respectivo Conselho Deontológico e preocupação pública de Mário Bettencout Resendes (que, após um ou dois jantares com colegas de profissão – diga-se assim para facilitar – ainda não terá conseguido congregar a classe à volta de um Código Deontológico, que, entre outras coisas e segundo Manuel António Pina, também deve apontar e punir a “delinquência profissional” observável no sector).

E quais são as características dessa peças? – uma montagem que borrifando-se para o bom nome, seriedade, imagem, estatuto e dignidade pessoal, profissional, social e institucional de um conjunto de personalidades, as pretenderá tornar, aos olhos do leitor menos prevenido, suspeitas de intervenção ilícita no processo Freeport.

Montagem que visando figuras públicas e até institucionais me faz perguntar, face à minha ignorância nos coisas da Justiça e do Direito – se no Estado não há instâncias obrigadas a accionar os devidos mecanismos para protecção desse tipo de visados!

Tipo de Jornalismo que pode descambar numa boataria que, a duas mesas de café, ouvi de desconhecido, assim:

- a meio da tarde, a fulana A , famosa como repórter apostada em pôr tudo a nú, terá sido vista a entrar para um luxuoso hotel com um aperaltado cavalheiro. Para quê? - alguém terá perguntado, se não eram horas nem da sesta nem do lanche! E quem era o acompanhante? – visto isso com ar de figura que ainda é ou já foi alguma coisa na política e nos negócios! E que terão estado a fazer? – porque só saíram dali uma hora depois e alegadamente não estiveram nos espaços do hotel abertos a breves ou demorados encontros profissinais e sociais. Ah, já ouviste falar do incrível sortilégio que o Capitão Roby exercia sobre senhoras e mulheres?!...

Da mesma fulana se diz, acrescentou-se duas mesas de café abaixo, que esta trabalheira de “mata e esfola” é “reflexo condicionado”, à Pavlov”, dos tempos em que, adolescente tardia, terá sido mais sectária do que militante de partido que defendia o extermínio sa burguesia.

Quanto a mim, que continuo a olhar da província, as referidas prosas estão abaixo do quinteiro que havia antigamente nalgumas casas das aldeias e onde os porcos adoravam chafurdar – porque uma coisa é Jornalismo e outra o lastro que essa publicação vem largando desde que o director decidiu assumir as dores de um parto falhado da Sonae; Sonae que antigamente tinha um “homem” que certamente valerá a pena lembrar....

Se isto fede e tenho o nariz entupido – onde os narizes que têm a obrigação de fungar?