terça-feira, fevereiro 03, 2009

Um número clássico

Rui Castro, incluindo-me num indiferenciado “esta gente”, fala em “factos” — não identificados — no processo Freeport que lhe permitem ter dúvidas “acerca da idoneidade dos envolvidos no processo, nomeadamente o primeiro-ministro”. E estranha que “esta gente” (eu) não tenha dúvidas.

A verdade é que eu não tenho nem deixo de ter dúvidas. A questão não é essa. Na verdade, se os elementos vindos a público — alguns deles comprovadamente falsos, outros truncados, e todos eles descontextualizados — permitem esboçar uma ideia sobre o que se terá passado, diga-se, então, que as “investigações jornalísticas” vão numa direcção diferente da que seria de esperar que seguissem. Veja-se:

Imagine-se que um administrador de uma empresa decide enriquecer mais depressa do que o seu régio salário permite, como múltiplos exemplos recentes aquém e além fronteiras o comprovam?

Ou imagine-se que alguém pretende servir-se de uma história de luvas ou corrupção para enriquecer depressa?

Como faria alguém numa situação destas para levar água ao seu moinho?

Invocaria, certamente, o nome do responsável do qual dependesse, em última instância, a decisão favorável.

No caso Freeport, o que se diz é que os administradores terão dito que fizeram pagamentos para obter o licenciamento. Confessaram um crime de corrupção activa ou de tráfico de influência para justificarem o desaparecimento do dinheiro. Cá para mim, as hipóteses mais plausíveis são os administradores se terem abotoado com esse dinheiro ou terem sido burlados por alguém que lhes prometeu obter uma decisão favorável das autoridades portuguesas.

Porque é que os nossos jornalistas de “investigação”, em vez de andarem a perseguir o primeiro-ministro do seu país, não procuram saber junto dos tais administradores para onde foi o dinheiro — se é que houve dinheiro envolvido?

Talvez Rui Castro possa esclarecer-nos. Depois poderemos começar a falar a sério do caso Freeport.

7 comentários :

Sibila Publicações disse...

Estão a tentar dar um golpe branco. Na falta de alguém que consiga convencer Sócrates a suicidar-se antes das eleições, querem ver se o forçam se demitir.

Francisco Clamote disse...

Não me parece que o rui castro, e outros que tais, pretendam seguir pelo caminho direito. O que eles pretendem atingir não se alcança por vias direitas, mas sim por ínvios caminhos.

Anónimo disse...

Quando a luta política chega a este nível, a oposição está a reconhecer que não vale um vintém furado.

Anónimo disse...

Em muitos portugueses ainda continua a existir o espírito dum pide.Ou talvez sempre tenha existido.

Anónimo disse...

é obvia a sua lógica...
felizmente
n sei quem é RCastro
mas lamento as consequencias das suas nebulosas
ao menos quando atingem honorabilidade das pessoas a partir do anonimo
ainda por cima ja devidamente julgado creio em 2006
sem qq acrescento visivel a não ser odio
mais odio ainda odio
abraço MIguel

Anónimo disse...

A única "competência política" que resta à direita é a que resulta da atribuição dos canais televisivos por Cavaco.A oposição ao Governo é feita por "jornalistas" dos dois canais televisivos vencedores e assistidos pelos habituais comentadores politicos, maioritariamente de direita.

Mas o que esta campanha tambem inegavelmente afectará é a imagem do jornalismo e comentarismo feito em Portugal, que hipocritamente se esconde a coberto de uma inventada imparcialidade e independência.
Alguns jornalistas já deram por isso, a maior parte não, porque dependem mais da aprovação do patrão e da valorização de certos spin doctors do que do reconhecimento do público.
A factura chegará, mais tarde ou mais cedo.

Anónimo disse...

Finalmente surgiu argumentação lógica e decente que não envergonha nem compromete "os defendidos"