domingo, abril 26, 2009

Mais leituras

• Daniel Proença de Carvalho, Tumulto justicialista:
    “No tumulto justicialista que está a instalar-se, onde se situa o PSD, cuja génese e crescimento se fizeram nos valores da liberdade, na defesa dos direitos individuais e na ascensão social pelo mérito e esforço? Na maioria visível dos seus dirigentes ou na posição de Rui Rio? Quem vai exercer o poder? Os que elegemos, ou as televisões e o Ministério Público? E a pergunta derradeira e provocatória: existe poder político em Portugal?”
• Emídio Rangel, O cabaret da coxa:
    “Moniz perdeu a tramontana. Na última quarta-feira veio à antena da TVI lançar o mais violento e inusitado ataque ao primeiro-ministro de Portugal, sugerindo nas entrelinhas o seu envolvimento no caso Freeport, como faz, de resto, com frequência, o ‘Jornal Nacional de Sexta-feira’.

    (…)

    Moniz talvez percebesse melhor esta questão se algum dia começasse a circular uma onda de boatos, como já aconteceu, a respeito das suas ligações a Joaquim Oliveira e de uma eventual utilização da RTP, para fins comerciais ilícitos, o que, todos sabemos, é uma grande mentira. E se essa onda se agigantasse e aparecessem nos jornais, repetidamente, coisas inadmissíveis a respeito na sua honorabilidade como director-geral da estação pública e como cidadão, que não sendo verdadeiras, o ferissem como se fosse, aí, talvez Moniz compreendesse melhor princípios como a presunção da inocência, a importância da honra dos cidadãos, a necessidade indiscutível de o jornalismo não ser usado como campanha ‘ad hominem’ nem espaço de promoção de julgamentos na praça pública...”
• Fernanda Palma, Listas de pedófilos:
    “Mas terá tal enquadramento cultural relevância para a Ordem Jurídica? Será compatível com a Constituição e a Lei publicitar listas de criminosos, nomeadamente de pedófilos já condenados, não para ajudar à sua captura mas por razões estritamente preventivas?”
• Miguel Sousa Tavares, Essa coisa tão simples: liberdade [Expresso]:
    “Já aqui escrevi, há quinze dias, sobre o que penso do caso Freeport e da posição em que ele coloca José Sócrates. Escrevi que, pessoalmente, acredito na sua inocência, mas não abdico de ver tudo esclarecido, sem margem para qualquer dúvida. O que eu não entendo é a leviandade de tudo isto: um homem é publicamente suspeito do pior dos crimes políticos e a coisa arrasta-se, meses, anos, em fogo lento, sem que ele seja ilibado ou acusado e tendo ainda de governar o país e enfrentar eleições sob esse peso. Não pode desistir, porque seria como que uma confissão de culpa; não pode continuar em igualdade de circunstâncias com os seus adversários políticos, porque há sempre essa terrível suspeita pendente sobre ele. Não pode ficar quieto e calado, porque alimenta as suspeitas; não se pode defender, porque é uma ‘ameaça’ e uma ‘pressão’. O que pode um cidadão, que tem o azar de ser primeiro-ministro de Portugal, fazer num caso destes e enquanto espera que a Justiça cumpra o seu papel?

    Há um tipo — que tem o mesmo apelido que eu e que escreve semanalmente no “DN”, onde se especializou na ofensa fácil — que escreveu que Sócrates falar de moral é o mesmo que Cicciolina falar de virtude, ou coisa que o valha. O cidadão José Sócrates, sentindo-se ofendido (como qualquer um de nós se sentiria), põe um processo ao ofensor. Tem esse direito? Não: é o primeiro-ministro a intimidar um ‘jornalista’. E o ‘jornalista’ vira mártir da liberdade de imprensa na praça pública. Fala-se em “ameaças intoleráveis”, da liberdade em risco, da heróica e antiquíssima luta da imprensa contra o poder, do “jornalismo de investigação” contra as pressões políticas.

    Liberdade? De imprensa? Ora, vão pastar caracóis para o Sara! Eles sabem lá o que é a liberdade! Sabem lá o que isso custa a ganhar!” [Via O Jumento]
• Raul Vaz, A mão invisível:
    “(…) Cavaco não se livra de pensar por Manuela e Manuela de agir por Cavaco. Há diferenças tão inteligíveis quanto relevantes: Sócrates viu a bicicleta e galgou caminho, pressentido que Cavaco queimou etapas, sob risco de se revelar justa a acusação. Sendo certo que a parecença subsiste - é um facto a colagem do discurso partidário à palavra presidencial -, a memória descritiva fragiliza o futuro, no caso Cavaco, e diminui o presente, no caso Manuela. E sendo verdade que Rui Rio amplifica a incomodidade de Morais Sarmento, a fraqueza do PSD expõe-se no pedido de Pacheco Pereira a Manuel Alegre: faça um partido para ir a eleições e - não o diz, mas está subjacente à ideia - dê uma ajuda à minha candidata. Ou seja, empurre também a bicicleta.”

1 comentário :

Anónimo disse...

Relativamente ao que Rangel escreveu, poderia ter acrescentado o seguinte: imaginem que começava a circular que a Manuela tinha posto os ditos ao Moniz. Todos nós sabemos que é mentira ...