sábado, setembro 12, 2009

Belmiro, a OPA e o papel do Zé Manel

Suponho que deve ser desconfortável para o director de um jornal ter de entrevistar o seu próprio patrão. Talvez a excepção que confirma a regra do desconforto seja José Manuel Fernandes. Hoje, no Público, a entrevista a Belmiro de Azevedo começa assim: “O empresário que nasceu numa família pobre em Tuias, Marco de Canaveses, e construiu o maior grupo privado português (…).

Ainda na introdução à entrevista, escreve Fernandes que Belmiro garante que as suas empresas nunca foram “favorecidas por qualquer Governo.” E o director do Público acrescenta, visivelmente empolgado, o seguinte: “Antes pelo contrário, o que contribuiu para que mudasse de opinião sobre José Sócrates”. Aquele que foi considerado “um excelente primeiro-ministro” transformou-se num ápice num alvo a abater.

A entrevista não passa de um conjunto de trivialidades, pontuado por alguns momentos pitorescos, como as referências a um tal “Carlos Marx”. Mas vê-se que Belmiro ainda não digeriu o resultado da OPA hostil da Sonae à PT.

Há, porém, um ponto da entrevista que vale a pena destacar. José Manuel queria pôr o Eng. Belmiro a discorrer sobre “asfixia democrática”. O patrão da Sonae, vá-se lá saber porquê, interpretou a questão ao contrário, desdobrando-se em explicações de que não faz “pressão editorial sobre o Público”. A falta de lógica da resposta parece trair o patrão da Sonae:

    "Primeiro todos os que me conhecem sabem que não exerço nem nunca exerci qualquer pressão editorial sobre o PÚBLICO. Não sei se é bom, se é mau, acho é que o jornal deve procurar os melhores jornalistas e fazer o melhor jornalismo…"

Façamos, então, um pequeno exercício, recordando que a OPA se realizou a 2 de Março de 2007. Compare-se o teor das manchetes do Público antes e depois desta data e cada um que tire as suas conclusões sobre o que é “fazer o melhor jornalismo” com “os melhores jornalistas”:


Antes de 2 de Março






Depois de 2 de Março










7 comentários :

André disse...

Há mais bom jornalismo numa brochura promocional do Continente.

Anónimo disse...

Percebe-se cada vez mais a guerra dos grupos económicos a Sócrates e dos jornais de que são donos.
Por alguma razão razão a agenda do Público é o que é...

Anónimo disse...

por aqui se vê a filha-da-putice do público, do zé manel e já agora também da renascença. convidar o belmiro para uma entrevista em plena campanha. quem convidarão para a semana? o medina carreira?
o histerismo tomou conta dos média. mas o sócrates pode com eles todos, e também com o cavaco e com a crise internacional. por aí se vê que é um tipo com eles no sítio.

Anónimo disse...

Não espanta a oportunidade desta entrevista: estes individuos gostam de deixar uma marca - vaidade oblige.
Nas últimas eleiões, aqueles que puseram a correr o boato sobre Sócrates, não descansaram enquanto não convocaram uma festarola de mulheres para dizerem que gostavam de outros colos.
A assinatura não falha.

Anónimo disse...

A asfixia da democracia ocorre quando os interesses económicos pretendem condicionar a legitimidade dos votos com uma campanha de calúnias e insinuações por serventuários pouco escrupulosos.

Tenho medo que me bloqueiem o cartão Continente disse...

O Zé Manel não passa de um sabujo lambe botas do seu patrão.

E depois há quem considere o pasquim da Sonae um jornal de referêrncia.

A. Moura Pinto disse...

Já agora: quando se empregam no Público as pessoas indicadas, não se torna necessário fazer pressão. Até porque bastará conhecer as regras do jogo do patrão...