Sobre a possibilidade de o pinguim deslumbrado abandonar Bruxelas e se alçar à São Caetano, Menezes não faz a coisa por menos: “O dr. Rangel é uma pessoa que tem futuro no partido, é uma pessoa inteligente, tem mérito, mostrou ter algum jeito para esta coisa, mas tem um ano de filiação no PSD. É preciso ter algum decoro.” O exercício do “direito à ponderação”, igualmente reclamado por Rangel, tem de sopesar este desabafo suplementar que chega de Gaia: “Mas alto lá! Alto lá!”
A derrota nas eleições legislativas é para Menezes consequência de o PSD, por um lado, ter feito passar a mensagem de que “ia desmantelar o Estado social” e, por outro, a ficção da “asfixia democrática”: “ninguém acredita que esteja em perigo a democracia”, diz o autarca de Gaia.
E chegados aqui, Menezes discorre sobre Cavaco, Ferreira Leite, Pacheco Pereira e Fernando Lima, ou seja, sobre a inventona de Belém:
- E a mensagem da asfixia democrática também não passou?
Em democracia, mesmo quando há arrogância, as mensagens subliminares que quase colocam em causa a essência dos pilares do Estado de direito são perigosas. Ou têm fundamento sólido, ou são perigosas e têm um efeito bumerangue. Penso que o pai da asfixia democrática deve ser a mãe da tese das "forças de bloqueio"...
Essa tese era do prof. Cavaco Silva.
Acho que não, o prof. Cavaco teve os seus oráculos, como tem agora a dra. Manuela; não devem ser muito diferentes. São os que perseguiam os jornalistas nos corredores da Assembleia da República.
Está a falar de Pacheco Pereira.
Ninguém acredita que esteja em perigo a democracia. Fazer disso o essencial da mensagem é perigoso, porque as pessoas não sentem que seja assim. Agora, asfixia democrática? Depois veio também aquela entubação e ventilação assistida dada pelo senhor Presidente...
Contribuiu para o PSD perder?
Não vou dizer que o PSD perdeu as eleições por isso. Agora, quebrou muita da dinâmica eleitoral, porque o PSD estava a fazer desse tema o único tema de campanha. Portanto, foi um balão que se esvaziou naquela altura.
(…)
A questão das escutas não fragilizou o Presidente perante a sociedade?
Penso que não foi um dossiê feliz. Primeiro porque o timing em que foi aberto fez dele o tema de campanha eleitoral. Acabou por ser ele a passar ideia daquele discurso de asfixia democrática que vinha do PSD. Depois porque a explicação sobre a vulnerabilidade das áreas mais secretas da presidência não foi suficientemente explicada.
A questão dos mails?
Sim, os mails. E, por outro lado, não foram divulgados dados concretos. Admito que o Presidente não o pudesse fazer, mas a verdade é que ficou a ideia de que a coisa foi um bocadinho artificial e exagerada. Isso não foi bom para o Presidente, sobretudo porque tem conseguido transmitir uma imagem de rigor e que não suscita querelas por dá cá aquela palha. E há ainda a demissão do assessor Fernando Lima que também foi mal explicada. Conheço bem Fernando Lima e não o estou a ver a dar um passo em falso, à revelia do Presidente, mas... não posso ajuizar. Nunca foi dado oportunidade a Fernando Lima do contraditório.
Não foi ou não quis.
Há só uma parte da história que foi contada. Eu esperarei para ouvir a outra parte. Como crédito, tenho o perfil cauteloso que conheço de Fernando Lima ao longo dos anos. Não o imagino a fazer nada sem consentimento do Presidente. Penso que é uma baixa de peso na presidência.
2 comentários :
Alguém andou a semear a instabilidade e a pôr em causa o regular funcionamento das instituições democráticas para promover a amiga.
Estão a fazer a "folha" á septuagenária, ela é ainda uma "garota", valha-me Deus.
Zé Boné
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