Mais relevante é o gráfico da direita, que nos revela a taxa de crescimento da formação de novos médicos por ano entre 1990 e 2007. O valor para Portugal é assustadoramente baixo: 1,4%, quando a média da OCDE é de 2%. O valor de 1,4% é tanto mais preocupante quanto sabemos pelo gráfico abaixo que o período entre 1990-2007 inclui, na verdade, duas fases muito diferentes:
- • Uma fase de estrangulamento das entradas que, não sendo tão forte como a que teve lugar durante os anos 80, manteve as vagas anuais ao longo de toda a década de 90 entre os 400 (em 1990) e os 566 (em 1999); e
• Uma fase de aposta no aumento das vagas a partir de ano de 2000 (735), sempre em expansão até 2009 (1658).
Ou seja, se não fosse o grande aumento de vagas disponíveis ao longo da primeira década do século XXI, o valor de 1,4% no gráfico de cima para o período 1990-2007, já de si baixo, seria muito inferior.
A situação é tanto mais grave quanto se sabe (e a OM é a primeira a sabê-lo) que, entre 2012 e 2017, muitos dos médicos que foram formados na grande vaga a seguir ao 25 de Abril de 1974 (como o gráfico mostra) – antes do “malthusiansmo” atacar o sistema no início dos anos 80 – atingirão a idade da reforma, o que pode resultar numa sangria do sistema público.
Afinal, não só não há médicos a mais, como estes números ajudam a explicar por que tantos médicos acumulam empregos.
4 comentários :
Para melhor compreendermos os mecanismos da oferta e da procura, que tanto pavor parecem fazer ao Bastonário, seria interessante também um dia destes comparar o preço das consultas em Portugal (em valores absolutos e relativos) e noutros países, por exemplo em França, onde a proporção de médicos é semelhante. Muita gente ficaria surpreendida. Talvez até o Bloco de Esquerda, que quer que o contribuinte financie totalmente os cursos, eliminando as propinas...
Ó Miguel!
Embora concorde com a sua argumentação, salvo erro, a questão não é essa.
Segundo entendi das palavras palavras do Ministro na RTPN, o novo curso destinado a licenciados noutras áreas visa ampliar as valências do curso de medicina, com outras especialidades tão necessárias na medicina moderna, como a Biologia, a informática a robótica etc. É nas palavras do Ministro um novo curso com outra amplitude que falta ao actual curso de medicina e resulta de sugestão da comissão internacional que avalia as universidades portuguesas!
Pelo que, as palavras do Bastonário apenas se destinam a esconder o momento difícil que atravessa com a impugnação de despesas efectuadas supostamente ao serviço da dita ordem. Criar nevoeiro para se escapar das dificuldades!!!!
Bem visto, caro homónimo.
Olha olha o Pacheco ! tudo bem? (anónimo 06:05:00pm) !
Enviar um comentário