sexta-feira, março 26, 2010

E pur si muove

As audições na Comissão de Ética subordinadas ao tema da liberdade de expressão em Portugal tinham a evidente intenção de embaraçar o governo socialista. O tiro saiu-lhes pela culatra. O resultado das audições foi a demonstração do absurdo da tese do espartilho à liberdade de expressão e de informação, que estaria a ser concretizado pelo poder socialista.

Os teóricos da asfixia democrática quiseram reeditar o velho papão dos comunistas que comem crianças ao pequeno-almoço. Agora eram os socialistas (lá vai o tempo em que os comunistas assustavam alguém), que calavam jornalistas ao pequeno-almoço, ao lanche e ao jantar.

Voltando ao tema das audições, foi desde muito cedo claro que haveria que ouvir os protagonistas da única conspiração conhecida para condicionar o direito de informação dos cidadãos, a célebre “inventona” das escutas de Belém. Surpreendentemente (para quem ainda se surpreenda com estas coisas), Luciano Alvarez e Tolentino de Nóbrega não estiveram para se maçar e disseram-se indisponíveis para ir ao Parlamento. Vai daí, o BE achou por bem também não incomodar Fernando Lima, o ex e actual assessor do Presidente da República. Parece que a Santa Aliança ainda mexe.

6 comentários :

Anónimo disse...

Quando a Punheta de Esquerda dá a mão ao Partido Social Defascistas só sai lodo.

Aristófanes Briol disse...

É de facto extraordinário verificar que existe uma asfixia e uma censura, mas essa, a verdadeira, imposta pela «journaille» que só aborda os tópicos que sabe que pode abordar em toda a segurança.

Ignorava que dois dos mais importantes protagonistas do caso das escutas à Presidência da República se tivessem mostrado indisponíveis para audições. E acabo de tomar conhecimento disso, bem como da decisão de «não se incomodar Fernando Lima», através desse blogue.

Não será este caso suficientemente interessante para justificar alguns inquéritos jornalísticos -- já nem falo em escutas de café -- por parte dos tais «jornalistas de referência», como Mário Crespo, ou os do Sol, ou do Expresso/SIC Notícias?

Não interessará saber ao certo se o Presidente da República -- a tal figura directamente representativa e emblemática da nação, que pode ser um bom homem e um óptimo chefe de familia, mas sempre se revelou um desastre em matéria política e económica -- diz a verdade ou mente ao povo que o elegeu? Pior do que isso, se se dedica à defesa da verdade e dos interesses nacionais, ou antes à baixa intriga política através da fabricação de falsas notícias clandestinamente passadas aos media?

Não interessará igualmente saber, por exemplo, se é ou não verdade o que Granadeiro afirmou sobre o politica e mediaticamente activo (e silencioso) Morais Sarmento, e sob compromisso de honra que, aliás, ninguém lhe pediu? Será mesmo que -- por mais desonesto que Granadeiro hipoteticamente pudesse ser -- ele tomaria, como tomou, ele próprio, a iniciativa de se desonrar abertamente perante os próprios colegas que supostamente «sabem» das suas supostas mentiras, e isso sem que a comissão lho pedisse sequer?

Audições completas aqui.

A liberdade de expressão, como dizia o outro, está garantida, desde que não seja usada. E a «journaille» que passa por sua paladina, sabe-o melhor que ninguém, porque sabe muito bem medir os seus próprios interesses.

Anónimo disse...

Um bom número de deputados nas comissões faz perguntas, nas audições, cuja necessidade e proximidade com o objecto da audição é no mínimo distante. Tal atitude põe à prova a paciência dos inquiridos, mas isso pouco lhes importa. Os campeões da coscuvilhice são sem margem para dúvida os deputados do PC, saudosos de outros tempos, tanto aqui como lá mais para oriente. E então quando estão em causa empresas e cheiro a patrão, são como cães que não largam o osso enquanto não conhecerem todos os detalhes: número de empregados, com recibo e sem recibo, cor do recibo, free-lancer e a prazo, fatias de publicidade por tipo de actividade, etc, com quem jantou, se pensou, com quem pensou e em que dia pensou, quem sugeriu tal, o que pensa que outro devia fazer, se faria igual ou diferente. Um dia destes querem saber a que horas se deita, com quem dorme e as tatuagens que tem a secretária na coxa direita. Isso tudo aparentemente de acordo com o regulamento das comissões de inquérito, que obriga os inquiridos à mais elementar disciplina. Aqui não há exagero, basta rever as audições das comissões de ética(!) e sobre o inquérito ao Magalhães. Tudo com Sócrates em pano de fundo.

É compreensível (e esperado) o desespero do PSD por estar afastado do poder há 5 anos. 5 anos é muito ano para aquela gente. É compreensível a persistência com que o Portas procura recuperar alguns cacos de um PSD que demora a encontrar o caminho da sobrevivência. É compreensível a necessidade de afirmação do Bloco, que ainda não descobriu outro meio de manter o nível de apoio pelo eleitorado, que não seja a demagogia barata e as lições de moral. É compreensível o esbracejar de um PCP órfão e quase único sobrevivente de Estaline o pai dos povos. Tudo isso é compreensível, especialmente desde que a TV transmite em directo o circo na dita "casa da democracia", e a SIC fez dela um estúdio alimentador dos programas da má língua dos Crespos e afins.

Desta vez um tal Bruno Dias, deputado do PCP não podia deixar de ser, quis extrair de Zeinal Bava informações como receitas da PT ou quotas de mercado, que para a empresa são informações reservadas, para a comissão perfeitamente inúteis, mas para o PC-CGTP interessantes... (para além da concorrência, claro). Zeinal Bava, espantado com a agressividade comunista e a ameaça de desobediência qualificada a tão qualificado deputado, ainda teve a calma necessária para explicar ao sr deputado [qualificado] Bruno Dias, como se ele fosse muito deputado, que não seria ele ou qualquer outro que o levaria a violar os compromissos de reserva assumidos com a empresa.

E eu, reflectindo depois de, enojado, desligar a TV, perguntei-me a mim mesmo o que impede a PT (do que resta de melhor e mesmo de tal relevância no "mercado" do trabalho) e seus accionistas de reclamar finalmente diante do Tribunal Europeu uma decisão sobre o fim da golden share, a seguir transferir para a Holanda, a Polónia, Madrid ou Nova York a sede da empresa, onde possam dedicar-se à actividade própria sem passar por tais vexames, e deixar o Partido Comunista e afins a protestar pelos impostos que fugirão para cofres alheios...
A sabotagem nacional é de resto uma actividade a que se têm dedicado com afinco alguns nossos representantes em Bruxelas, outro exemplo sendo (mas há mais) o ataque ao Magalhães...
O PC sempre preferiu terra queimada, tal como a CGT.

Anónimo disse...

A Comissão sobre a corrupção vai na mesma...

Diogo disse...

Entretanto a corrupção campeia por todo o lado. Mudando de assunto:


Jon Stewart, do Daily Show, explica-nos, com humor, a nova moda da Internet chamada Chat Roulette:

Jon Stewart: Há um novo site na Internet, chamado Chat Roulette e basicamente permite conversar, com vídeo, com pessoas ao calhas, e depois clicar num botão e passar à pessoa seguinte quando estamos fartos dessa pessoa.

É uma diversão inofensiva. É o género de coisa que toda a gente vai fazer uma vez. É como ter sexo na casa de banho do café de uma estação de serviço. Não é o género de coisa que preocupe muito as pessoas, excepto pelo facto de ser na Internet...

Vídeo legendado em português
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Anónimo disse...

Murteira Nabo: Compra da TVI pela PT é decisão comercial

http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=&id_news=134246&page=0