terça-feira, novembro 09, 2010

“Pensará Merkel que a Alemanha, por ser rica e ter tido êxito na sua política de exportações, é a dona e manda unilateralmente na União?”

• Mário Soares, Uma derrota de Obama?:
    A Europa ultraconservadora que temos hoje, com apenas quatro Estados membros, dirigidos por socialistas, e 23 por conservadores, vão deixar-nos um triste legado. Com o perigo - repito - de uma enorme turbulência social e política que está a surgir. E talvez, se não houver sensatez, com imprevisíveis consequências. Os burocratas de Bruxelas devem reagir porque, a continuar assim, podem ser as primeiras vítimas. Chegará um momento em que se pensará que a Europa é muito cara...

    A consolidação orçamental - disse-o sempre - é fundamental. Com a reserva de não poder ter como consequência destruir a frágil retoma económica que está à vista de todos. A chanceler Merkel quer impor sanções aos países que não cumprem as metas financeiras, com multas e mesmo perdas de fundos estruturais. Pensará que a Alemanha, por ser rica e ter tido êxito na sua política de exportações, é a dona e manda unilateralmente na União? Foi essa arrogância que nos levou a duas guerras mundiais, no século passado, com as desastrosas consequências que tiveram para a Alemanha, em primeiríssimo lugar...

    Que propõe Krugman, para voltarmos a ele? Tão simples como isto: "Promover o auxílio aos endividados (públicos e privados) e reduzir as obrigações para níveis que os devedores possam suportar. É a maneira mais rápida de eliminar a ameaça que representa o endividamento." Não sou economista nem, muito menos, um especialista em questões financeiras. Sou um político, que não tem vergonha de se assumir como tal, bem pelo contrário, e que tem alguma experiência de crises e até contactos directos com o FMI. Ora o FMI, hoje, sob a direcção de Dominique Strauss-Kahn, tem uma visão menos rígida e monetarista e mais política, social e ambiental do que tinha então. Tudo mudou, até, por estranho que pareça, o FMI. Assim, atrás de tempo, tempo vem. Não nos deixemos convencer pelos números, pelas estatísticas e pelas avaliações das empresas de rating, com que todos os dias nos bombardeiam. O que conta são as pessoas e as ideias inovadoras que vão tendo. Desde que tenham bom senso e sejam exequíveis.

2 comentários :

Conde do Tarrafal disse...

Este HOMEM,sabe mais a dormir,que os iluminados deste país acordados...

FB disse...

Enfim... quanto a Dominique Strauss-Kahn, apesar de pergaminhos socialistas, não deve ter estado completamente alheado da escolha daquela espécie de crânio, António Borges, para alto dirigente da coisa... com tal criatura tão perto do topo, será ajuizado Mário Soares continuar a dizer que o FMI mudou?