- ‘Em 2009, quem tinha empréstimos viu a sua taxa de juro descer. Quem trabalhava para o Estado viu o seu salário subir. O comércio, apesar da crise, foi pouco afectado. Nesse ano, a crise fustigou principalmente os empresários e trabalhadores dos sectores exportadores, que logo no início do ano tiveram quebras de encomendas que, em vários sectores, ultrapassaram os 30%, ou mesmo os 40%. No total do ano, as exportações caíram 11% em termos reais, e o desemprego nas zonas industriais disparou.
Em 2010, as exportações recuperaram a um ritmo que surpreendeu todos, devendo continuar a crescer em 2011.
De facto, quando se compara o que se espera para 2011 com o que se passou em 2009, constata-se que a situação se inverteu. Em 2011, será no sector público que haverá maior quebra de rendimento, quebra que, em conjunto com a contenção salarial no sector privado, deverá ter um efeito negativo na evolução do consumo e da despesa interna, e que, dessa forma, acabará por afectar os não transaccionáveis, prevendo-se quebras de procura no comércio, restauração e outros sectores virados para a procura interna.
Uma diferença importante entre o que aconteceu em 2009 e o que se pode prever para 2011 é a magnitude dos efeitos e o número de pessoas afectadas. Enquanto em 2009 os efeitos de perda de procura na indústria foram muito fortes, sendo focados em alguns sectores e tendo consequências directas e imediatas no desemprego, as perdas previstas para 2011 serão mais moderadas, afectando de forma menos intensa uma proporção maior da população.’
4 comentários :
""2011: um ano difícil em que a economia portuguesa deverá evoluir positivamente na resolução dos seus problemas""
Sinceramente, sem qualquer ironia ou segundo sentido, espero bem que sim. Pelo bem de todos.
Bom ano a todos.
Manuel Caldeira Cabral é um colunista ímpar, porquanto não há outro economista português a fazer a abordagem que ele faz. O que me admira é ainda não ter sido saneado dos jornais!!!
E se fosse um ano fácil?! A economia dispararia e, quiçá, iríamos mais para lá!!!
É dos poucos com credebilidade na opinião que fomenta. Venham mais.
Espero que em 2011 continue com a mesma verdade com que tem pautado o seu discurso sobre a economia portuguesa.
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