sexta-feira, março 04, 2011

Deus e Galliano

• Fernanda Câncio, Deus e John Galliano:
    Em Portugal, que já assistiu a um caso de despedimento de um jornalista por uma piada relacionada com judeus (e ninguém gritou censura), é por exemplo corriqueiro assistir-se a ataques brutais à homossexualidade (incluindo associação à pedofilia) em textos assinados. Aliás, no último número da revista da Ordem dos Médicos proclamava-se, em artigo de opinião, que os homossexuais padecem de "alterações aberrantes" equiparando-os a "doentes, defeituosos, anormais, portadores de taras". Não é difícil concluir que o mesmo tipo de linguagem, fossem os judeus o seu objecto, não passaria no crivo da publicação - ainda que em tempos não muito recuados fosse usada por médicos para os "caracterizar". Não passaria, e, digo eu, bem: há opiniões que são meros exercícios de ignorância, preconceito e incitamento ao ódio, nada acrescentando ao debate público. Mas, se a ideia é defender a liberdade de expressão até ao limite, que não haja excepções. Afinal, foi só esta semana, dizem as notícias, que o papa "ilibou" os judeus da morte de Cristo - e se foi preciso este tempo todo para os mandar em paz deve haver muita gente desconfiada de que muito inocentes não hão-de ser.

1 comentário :

Veritas omnia vincit disse...

A propósito de "Holocausto", das câmaras de gás e da boutade que já valeu ao estilista John Galliano (previamente provocado, coisa que nao se vê nos excerptos passados nas televisões) o exílio vitalício para as desoladas minas da cintura de asteróides, recomenda-se:

-- O quê?! Mas de que é que estão a falar?
-- CODOH
-- Blog a seguir (desde os seus primórdios)

Não rejeite porque já salivou como os canídeos do Pavlov e «não precisa de mais nada para saber». Procure, leia e julgue por si próprio, depois de pensar.