- • Priscila Rêgo, Deolinda, agora com números II:
‘(…) apesar do que se diz, a esmagadora maioria dos contratos em vigor em Portugal não têm termo. Os contratos a prazo pesam quase 20% do total, mas os recibos verdes praticamente não têm expressão. A título de curiosidade, calculei uma Taxa de Precariedade, que mais não é do que o somatório dos recibos verdes com os contratos com termo. Resultado final: entre 1998 e 2010, a taxa aumentou por um factor de 1,6 (…).
(…) Para os mais desatentos, eu aponto: a precariedade aumentou entre 1998 e 2010 mas, mais uma vez, fê-lo em linha com o que aconteceu a nível nacional, crescendo por um factor de 1,7. Sim, hoje em dia cerca de metade dos jovens são “precários”. Mas, há 12 anos, mais de 30% estavam igualmente nessa condição. Outro ponto curioso diz respeito ao peso dos recibos verdes, muito menos relevante do que eu esperava. Entre os 15 e 24 anos, menos de 2% dos contratos são feitos sob o abrigo deste regime contratual. É caso para dizer: são poucos, mas gritam muito.
(…)
As conclusões são fáceis de retirar. Apesar de os jovens terem, de forma global, vínculos mais precários, a sua situação degradou-se mais ou menos em linha com o que aconteceu noutras faixas etárias (os factores de crescimento da precariedade variam entre 1,6 e 1,7). E os recibos verdes, apesar do impacto mediático que têm, representam uma parte reduzidíssima do total de vínculos laborais, mesmo entre os jovens. Até agora, nada suporta a ideia de uma "geração Deolinda". O argumento final fica para o próximo post, que fecha a série com uma análise de níveis salariais.’
• Ana Matos Pires, O Bloco 'tá burro, 'tá-se a fazer de burro ou é pura demagogia?
• A.R., A prisão do tempo
• João Galamba, Ao cuidado de todos aqueles que dizem que a Alemanha tem toda a razão e que está na hora de pôr os indisciplinados na ordem
• José Albergaria, Cunhal na universidade
• Manuel Cintra, Pão de forma e o carro do futuro e Os analistas a fazerem fretes a especuladores
• Rui Curado Silva, Paulo Portas na Ilha das Maravilhas
• Valupi, Tempestade no deserto e O Rio da nossa aldeia
1 comentário :
Volto a escrever porque não postaram a 1ºx. "As conclusões são fáceis de retirar. Apesar de os jovens terem, de forma global, vínculos mais precários, a sua situação degradou-se mais ou menos em linha com o que aconteceu noutras faixas etárias (os factores de crescimento da precariedade variam entre 1,6 e 1,7)." Ou seja .. estamos pior que há dez anos! Degradou-se em todas as faixas etárias.
O argumento que quer evidenciar que os jovens não estão tão mal evidencia que afinal estão todos mal.
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