Anteontem, na comunicação ao país depois de findo o Conselho de Estado,
Cavaco Silva disse às tantas:
"A campanha eleitoral deve ser uma campanha de verdade e de rigor. Ninguém deve prometer aquilo que não poderá ser cumprido. Este não é o tempo de vender ilusões ou falsas utopias. Prometer o impossível – ou esconder o inadiável – seria tentar enganar os Portugueses e explorar o seu descontentamento".
Passos Coelho, que costuma ouvir atentamente as palavras do Presidente, não devia menosprezar a mensagem. É que o seu
doublespeak começa a ser ridículo. Lá fora, faz de lobo, passando a ideia de que “votámos contra o PEC porque não foi tão longe quanto devia”. (declarações à agência
Reuters, em 28/03/2011). Cá dentro, aparece na pele de cordeiro, continuando a vender a ilusão de que os sacrifícios acabarão com o PSD e que a austeridade não tem lugar na sua agenda. Hoje, na visita que fez à escola pública,
Passos Coelho afirmou às televisões [a partir dos 19m 13s]:
"O que o país precisa para ultrapassar esta situação de dificuldade não é de mais austeridade. Portugal já vive em austeridade. O que nós precisamos é de criar condições para que o emprego e o crescimento da economia apareçam. As instituições internacionais sabem que já estamos a fazer sacrifícios muito grandes. Temos impostos muito elevados, tomámos medidas muito difíceis de cortes de salários".
Curiosamente, quando se trata de querer dar a imagem de que Governo anda a dormir na forma, como no seu artigo ao "Wall Street Journal",
Passos omite vergonhosamente que tivesse havido um corte de salários dos funcionários públicos. Por cá, usa esse exemplo como um dos muitos sacrifícios a que a população foi obrigada — como se o PSD não tivesse aplicado uma medida ainda mais dura no sector público.
Mas que as pessoas não pensem que Pedro é um demagogo, solúvel nesse "bando de bandidos" que são os outros "políticos", nas
palavras sábias da sua biógrafa. Não: Passos Coelho é, como o Presidente da República, um "professor de economia[
sic]...[com] uma noção muito clara do que é o país hoje precisa"...
1 comentário :
O sonso! Hipócrita e golpista. O chefe da facção. A personificação da mesquinhez.
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