A entrevista tinha tudo para correr bem: de um lado, Filipa Martins, a ex-mandatária para a juventude de Passos Coelho; do outro lado, Diogo Leite Campos, vice-presidente do PSD. Objectivo definido à partida: tratava-se de fazer uma “entrevista programática”.
Deixando de lado a natureza das perguntas de Filipa Martins, ficámos a conhecer, finalmente, o programa do
Sobre o crescimento da economia
Pergunta a entrevistadora de serviço como pode o PSD “pôr ordem na casa”. A resposta não se fez esperar: “vai governar bem”. Como é que isso se faz?, insiste Filipa Martins, antevendo que até os leitores do i topam a fragilidade da solução dada. Leite Campos mostra-se decidido: vai “criar confiança”, o que permitirá “pôr o país a crescer, não sei se a 3%, a 3,5% ou a 2%.” Confuso, caro leitor, como até Filipa Martins parece ter ficado? Leite Campos tira as dúvidas: “Crescimento é gestão de expectativas.” E o vice-presidente do PSD acrescenta: “O que é que isto quer dizer em termos quantitativos? Quer dizer que se as pessoas puserem dez na economia vão receber onze, ou pelo menos não perdem os dez. Isto é que é convencimento.” Ou mesmo banha da cobra, como se costuma dizer.
Sobre a afectação dos fundos do QREN a programas sociais
Ainda ninguém alertou Leite Campos para a circunstância de que não pode utilizar as verbas do QREN em programas sociais. Ele acha que podem ser reafectados os fundos comunitários ao que der na real gana da rapaziada da São Caetano: “É um problema de escolha política.” Se viesse a ser confrontado com a realidade, o vice-presidente do PSD naturalmente diria, com ar compungido, que a União Europeia não deixa ajudar os “mais desfavorecidos – classes C e D [sic].”
Sobre a requalificação urbana
Leite Campos retoma, sem o saber, o programa de requalificação urbana do actual governo: “O ministro das Obras Públicas disse que, nos próximos quatro anos, tinha 12 mil milhões para gastar. Ou é mentira ou é verdade. Suponhamos que é verdade. Com 12 mil milhões criam-se dezenas de milhares de empregos e, a nível de obras públicas, conseguem-se melhorar as zonas urbanas, as vilas e as cidades do país.” Nesta parte, digamos que o programa do PSD assenta numa “suposição”.
Sobre a habitação: uma “vaquinha” para pagar a casa às “famílias viáveis”
Embora sustente que “há muito desgoverno financeiro das famílias”, Leite Campos diz que “o Estado tem de assumir a sua responsabilidade pelo facto de ter colocado um certo número de famílias na insolvência pelo corte de ordenados e pelo aumento dos impostos.” Que tem o PSD a propor? “Tem de se fazer uma vaquinha entre três entidades: as famílias, o Estado e os bancos. A situação de cada família tem de ser analisada, se for caso disso - se se provar que a família é viável, trabalha, está decidida, tem empenho - tem de ser apoiada.”
Sobre a carga fiscal
Há uma mudança súbita no PSD. Se nos lembrarmos do finca-pé que o PSD fez por causa dos benefícios fiscais, não é sem espanto que se lêem estas palavras de Leite Campos: “Há mais ou menos 2,5 mil milhões de benefícios fiscais neste país por ano. Não vamos tirá-los todos, mas se tirarmos 50%, os que não servem para nada...” E se garante que “o PSD não sobe impostos em 2011”, já para os anos seguintes a coisa muda de figura: quer “reestruturar as tabelas do IRS” e vai “cobrar as dívidas fiscais que estão paradas”.
Sobre os trabalhadores do Estado: “tem três meses, vá pensando em casa”
Vai haver despedimentos no Estado?, questiona Filipa Martins. O vice-presidente do PSD responde: “Não, não, não. Ao contrário do que se diz, os funcionários públicos não são de mais. Estão é mal aproveitados.” Solução? Mandá-los devagarinho para lá do Marão: “Não se pode dizer a um funcionário ‘você amanhã vai para Bragança e amanhe-se’. O que o Estado pode fazer é oferecer as condições: ‘tem três meses, vá pensando em casa’.”
Sobre a diabolização do FMI
O vice-presidente do PSD vem a juntar a sua voz a outras figuras da direita que entendem que o FMI não pode ser diabolizado. Mas a entrada do FMI não vai significar mais austeridade?, pergunta Filipa Martins “Não posso garantir nada”, diz Leite Campos, mas — como o PSD quer o que o FMI quer — “em princípio vai bater certo.”
É isso mesmo: “em princípio vai bater certo.”
11 comentários :
Fiquei esclarecido. Na cabeça deste senhor não há ideia que se aproveite. Confrangedor, será que tem a ilusão de convencer os portugueses com tal deserto de ideias? Cuidado, o português é mais sagaz do estas alimárias alguma vez imaginaram...
Para não esquecer:
Em 2009 Cavaco Silva, convenceu a Dra. Manuela que eram favas contadas....ele lá sabia porquê ...
E como não foram "Favas"....Nunca ceitaram a derrota.
Hoje ? Esperem tudo !!!! tudo quer dizer TUDO!!!!....««AGORA OU NUNCA««
É de ter medo....Além do poder, há pessoas MUITO IMPORTANTES à espera de JULGAMENTOS CRIMINAIS....Só isto,faz prever "coisas".... o chamado CAPITALISMO SELVAGEM, não quer morrer, se possivel, quer volter e em força....poderemos vê-los a curto prazo, passeando de cabeça levantada, pelas ruas de Portugal, rindo na cara dos Portugueses ?
Outra "COISA" que os POrtugueses querem que acabe, e pode não acabar.....São as reformas milionárias e as acumulações de empregos.....Há gente pronta a tudo, para manter benesses injustas....
Este Diogo L. Campos é um cómico.Dá vontade de rir.Será que pensa que os Portugueses são todos burros?Estes PSDs são uns pândegos!Naquelas cabeças existe zero.
Finalmente uma boa notícia do PSD para os funcionários públicos: só serão despedidos em Setembro.
Um idiota!
Idiota e bobalhão!
eis os que se querem içar ao poder. é só vedetas. diogo campos é mais um: pensa que estar a governar ou a mandar bitaites no crespo é a mesma coisa. junte-se-lhe a craveira de um relvas, de um pedro duarte ou de um marco antónio e a chefia de um coelho e temos uma dreamteam para a junta de freguesia da asseiceira.
O problema é escolher entre um PSD sem ideias concretas e um PS com ideias concretas para afundar o país. Difícil...
Von
Von, outro cometário a pedido do teu DONO? Ès mesmo obediente e manso.
É pá, que argumento de debate... Aprendeu isso com o Ricardo Rodrigues? Ai, estas imbecilidades...
Von
Até as arrastadeiras do costume a mando do da propaganda ou pagas pelo dito,perderam o pio!E agora têm a lata de dizer que no discurso do láparo só existem verdades!Entretanto o (in)Seguro anda eufórico pelos estatutos que é um bruxedo que mais preocupa o milhão de desempregados...
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