quinta-feira, maio 19, 2011

"As qualificações são o maior factor de atraso de Portugal face aos países mais desenvolvidos"

• Manuel Caldeira Cabral, Renovar as oportunidades:
    '(...) Ontem, Pedro Passos Coelho veio colocar em causa o programa Novas Oportunidades, dizendo que este serve para certificar a ignorância. Fê-lo sem apresentar nenhum estudo que sustente a sua afirmação. Fê-lo contra a opinião de pessoas como Roberto Carneiro, que apresentaram uma avaliação positiva do programa, e contra a opinião de mais de meio milhão de portugueses que aderiram a esta iniciativa.

    Esta atitude é grave, pois todos sabemos que, para ultrapassar o atraso estrutural que tem ao nível das qualificações, Portugal tem, não só de continuar a formar melhor os jovens, mas também de recuperar muitos dos trabalhadores de gerações que já saíram da escola há mais de dez ou vinte anos, que não tiveram as mesmas oportunidades de estudar e progredir que são dadas à actual geração.

    É importante que o PSD diga de forma clara o que pretende fazer com o programa Novas Oportunidades. Neste momento a ideia que ficou é que o líder do PSD considera que as pessoas que nele entraram em nada progrediram, o que desvaloriza o esforço que fizeram, deixando no ar a sensação de que pretende cortar com este programa. É importante que Passos Coelho esclareça este assunto.

    Mas igualmente grave foi a afirmação, uns dias antes, de que o programa da educação do PSD deveria ser revisto. O grave não é estar pronto a rever um programa acabado de divulgar. O que é grave é esta afirmação ter sido feita no contexto da apresentação de um livro de Santana Castilho, um docente do ensino superior que se tem afirmado como um forte defensor dos interesses corporativos dos professores do secundário.

    Não há nada de errado em Santana Castilho defender as ideias que defende. Mas já há algo de preocupante em ver o líder do maior partido da oposição associado a estas ideias. Passos Coelho aceitou fazer um prefácio do livro de Santana Castilho e prontamente aceitou recuar em aspectos do programa eleitoral que foram alvo de crítica de uma plateia em que estavam representados principalmente os interesses dos professores.

    Fica a dúvida da determinação que terá para avançar com reformas que aumentem a eficiência e a eficácia na educação quando estas enfrentarem a oposição dos sindicatos dos professores.

    A votação da suspensão da avaliação dos professores foi um prenúncio deste desvio populista que pode levar a um retrocesso numa área em que há algum consenso de que a política dos últimos seis anos trouxe muitos aspectos positivos.

    A educação teve uma evolução muito positiva nos últimos anos. Em termos quantitativos, com a redução do abandono escolar, e o aumento do número de crianças com acesso à pré-primária, a par do aumento do número dos que concluem o ensino secundário ou têm acesso à universidade. No ano passado, pela primeira vez, a percentagem de alunos que entraram para a universidade em Portugal foi superior à média europeia.

    Mas verificou-se também uma evolução positiva em termos qualitativos, reflectida na evolução extremamente positiva das nossas universidades ou nos resultados dos testes de PISA. Nesta avaliação internacional, Portugal passou de estar no fim da tabela para se situar próximo da média. (...)'

1 comentário :

MARTIFER disse...

Se as NOVAS OPORTUNIDADES são tão boas e dão resultados tão grandes, por que não substituir as normais vias de ensino por essa maravilha?