terça-feira, maio 10, 2011

‘Passos fez avanços muito perigosos no sentido das privatizações (nem a CGD parece ter escapado) e de um economicismo neoliberal, a passar de moda’

• Mário Soares, Alerta europeus!:
    ‘(…) Os apelos ao entendimento dos Partidos, reforçados pelo Presidente da República, parecem ter caído em cesto roto. Era um apelo patriótico importante, que alguns líderes partidários disseram respeitar. Mas não o fizeram. As eleições à vista - e o interesse em as ganhar - sobrepôs-se a tudo. Não basta o barulho das rádios, a força das televisões e dos debates, que já começaram, o peso dos jornais, que enchem as páginas, com as intrigas habituais. É necessário mais: tentar destruir os adversários, desacreditá-los e prometer o melhor para o dia seguinte. Mas como? Esquecem a exigência assumida com as medidas impopulares?...

    Será que alguém se atreverá a falar, com consistência e verdade, no que se vai passar no dia seguinte ao acto eleitoral? Como vão aplicar-se as medidas acordadas com a troika, a quem vão mais doer e por quanto tempo? Os eleitores gostariam de os ver discorrer sobre isso. Será que os líderes pensam que é assunto para tratar só no pós-eleições de 5 de Junho e, naturalmente, por quem as ganhar? E se ninguém as ganhar, se houver empates técnicos ou maiorias apenas relativas? A resposta à portuguesa parece ser: então se verá...

    Entretanto, Louçã, que é um político bem preparado, no plano económico, num discurso tremendista em que encerrou o Congresso do Bloco, encontrou uma solução. Disse: "É preciso um novo 25 de Abril!". E eu pergunto: com militares? Sem guerras coloniais? Em democracia? Manifestamente, sonha com um novo PREC. O que vai seguramente arrepiar muitos dos seus potenciais votantes. Pelo menos aqueles que ainda se lembram do que foi o PREC e das feridas que deixou. Mas, agora, sem URSS e com Cuba na situação desgraçada em que se encontra, com milhares de desempregados? Como se dizia nos meus tempos de liceu: "É uma ideia que não lembra ao careca..."

    Passos Coelho também fez avanços muito perigosos no sentido das privatizações (nem a Caixa Geral de Depósitos parece ter escapado) e de um economicismo neoliberal, que está a passar de moda. Não precisava de o ter feito. Está, aliás, em contradição com o que também nos prometeu no plano social. Enfim, a campanha eleitoral está a começar mal... Os eleitores portugueses, que sempre demonstraram saber o que querem, mereciam mais ponderação e bom senso.’

1 comentário :

Farense disse...

Até que enfim que deixa escapar um sussurro criticio em relaçao ao PPCoelho.
Fico à espera de ver este senhor e outras figuras de democarcia portuguesa, a denunciarem a falta de pluralismo na comunicaçao social portuguesa.
Não ha democracia sem liberdade de imprensa. Parece um lugar comum, mas a verdade é que existe hoje o dominio completo dos jornais, televisoes e rádios, por apenas um partido. A asfixia que a Manuela Ferreira Leite se referia era esta, só que de sinal contrario.
Mario Soares tem voz autorizada para denunciar este tipo de TOTALITARISMO que protege de forma escandalosa o PPD e aborda persistentemente as posiçoes do ps e do 1º ministro tendiciosamente e reserva mental!.
Se Mario Soares, Sampaio, Manuela Alegre, ( e outros mais) se manetiverem silenciosos relativamente a esta situaçao de mono partirismo na comunicaçao social, é porque a democracia portugeusa está mais doente do que eu julgava! Hoje não há informaçao plural em Portugal!