- ‘A crise em que vivemos agravou, sem dúvida, este estado de coisas. Oprimidos pelo endividamento e pelo défice, não conseguimos planear o futuro de Portugal para além da necessidade dura e premente de honrar os nossos compromissos internacionais. A "austeridade", passe o eufemismo cruel para os desempregados e mais pobres, não é o melhor ambiente para pensar no futuro. Todos percebemos que o discurso político tem variações ligeiras e, perante a questão mais relevante (como evitar os efeitos recessivos da austeridade?), opta pelo silêncio prudente.
É necessário projectar o futuro. Esse é o primeiro dever patriótico que nos une. Como iremos construir, depois do degelo, o "país crescendo em liberdade, entre medas de trigo e alegria", que Eugénio de Andrade sonhou? É indispensável repensar a economia, assegurar reservas estratégicas nos domínios da agricultura, da pecuária e das pescas, apostar em nichos de qualidade na investigação e na cultura e desenvolver novas indústrias. Os últimos trinta anos revelaram que o crescimento do capital financeiro não basta para tornar Portugal um país viável.’
Sem comentários :
Enviar um comentário