Custe o que custar (traduzido em miúdos)

Vários foram os comentadores que se mostraram ontem chocados após serem divulgados os dados do INE sobre o desemprego: a taxa de desemprego é agora de 15 por cento (826,9 mil pessoas), o que significa que, com a direita no poder, há mais 151,9 mil portugueses, num só ano, fora do mercado de trabalho.

Mas será que esta taxa reflecte o desemprego real em Portugal? As estatísticas do INE estimam que o número de desempregados é muito superior, ascendendo a 1,343 milhões pessoas, ou seja, 23,3 por cento da população ativa portuguesa (infografia no DN de hoje, na p. 30):

Perante este quadro arrepiante, o Governo insiste na austeridade e nem uma única medida anuncia para inverter esta espiral recessiva. A estratégia de Passos Coelho é clara: custe o que custar, o modelo a adoptar é o do Bangladesh — desvalorização da força de trabalho impulsionada por um exército de reserva (desempregados).