quarta-feira, agosto 01, 2012

“Escolher o Estado Social como culpado e como alvo é uma opção ideológica que há muito estava inscrita nos programas dos partidos que, maioritariamente, governam na Europa”

• Mariana Vieira da Silva, Uma velha desculpa:
    ‘Apesar da crise financeira de 2008 ser recente e das suas causas povoarem ainda o nosso quotidiano, a culpabilização do Estado Social pela crise que vivemos é uma arma diária da de direita europeia.

    À semelhança do que aconteceu no início da década de 80, a crise aparece como desculpa (chamam-lhe oportunidade) para reduzir a natureza e a dimensão das políticas públicas. Do Estado que viveu acima das possibilidades, ao Estado que asfixia a economia ou à acusação de oportunismo dos que beneficiam da protecção social, todos os argumentos têm servido para impor a ideologia do estado mínimo.

    Mas a acusação de que ao Estado Social se devem imputar as responsabilidades da crise não resiste ao teste da realidade. Esta é uma crise que não poupou países com estados sociais menos pesados, como a Irlanda, que em 2008 destinava 22,1% do PIB às políticas sociais), ou o Reino Unido (23,1%); nem atingiu preferencialmente países com um estado social robusto, como a Dinamarca (29,7%) ou a Alemanha (27,8%). O peso do Estado Social não provocou esta crise, não explica as dificuldades de crescimento da economia e, provavelmente foi o principal travão à espiral depressiva mundial até 2010.’

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