sábado, março 23, 2013

Iraque, 10 anos: a Cimeira das Lajes e as motivações de Barroso


Bernardo Pires de Lima, a propósito do lançamento do seu livro «A Cimeira das Lajes, Portugal, Espanha e a Guerra do Iraque» (ed. Tinta da China), dá uma entrevista à TVI 24, na qual analisa o processo que levou o governo português, liderado por Durão Barroso, a servir de anfitrião ao último passo diplomático antes do início da guerra no Iraque, apesar do forte clima de contestação. Eis uma passagem da entrevista:
    É lícito ligar-se a passagem de Durão Barroso para a Comissão Europeia e a cimeira, no sentido de esta ter reforçado a sua visibilidade?
    A cimeira é o culminar de um processo político-diplomático por parte de Barroso. Ele já conhecia as relações internacionais e a política europeia, aquando da sua passagem pelo governo Cavaco Silva. Nada disto era novidade para ele. Mas, mais uma vez num quadro de pré-alargamento a Leste, muito próximo dos EUA, com Paris e Berlim a alargarem o eixo a Moscovo, e na hora de encontrar um candidato vindo do PPE, Blair levanta o nome de Barroso sabendo que agradaria à maioria dos europeus. No Leste, porque tinha boas relações com os EUA e Londres. Aos restantes atlantistas porque era um deles. A Paris e Berlim, porque seria, na perspectiva destes, um presidente manobrável, mas também porque Barroso nunca descurou as relações com França e Alemanha ao longo de todo o processo. De qualquer forma, todo este enredo precisa de ser trabalhado com maior profundidade. Talvez num próximo livro.

ADENDA — A entrevista que Bernardo Pires de Lima deu à TSF talvez seja mais esclarecedora sobre o que levou o então primeiro-ministro Durão Barroso a apoiar a guerra do Iraque e a servir de anfitrião à cimeira dos Açores. Em sua opinião, Portugal não teve qualquer ganho objetivo, material, com a decisão de apoiar a guerra, mas foi então que Durão Barroso definiu o perfil que o havia de colocar na presidência da Comissão Europeia. Eis um extracto:
    «Ele [Durão Barroso] tira partido deste perfil que desenha para si mesmo. Alguém que é entendido pelas capitais do alargamento e por países que, na maioria, estiveram ao lado dos Estados Unidos. Vêem um interlocutor de um país de pequena e média dimensão a falar praticamente no mesmo patamar com Washington, Londres, Paris e Berlim».

3 comentários :

fernando romano disse...

Há ainda a acrescentar ao currículo deste odd-job man do capitalismo financeiro internacional:

-As boas relações com os gurus do MPLA;
-O ter feito Miguel Relvas seu braço direito no PSD e no seu governo.

Ligações perigosas que ainda darão que falar.ur

Anónimo disse...

Um espertalhão! Espantoso que a maioria da comunicação social portuguesa nunca o tenha acusado de fuga como têm feito a Sócrates. Barroso pisgou-se, entregando-nos a meia dúzia de "piquenos/piquenas" do PSD/CDS e foi gozar a vidinha com os verdadeiramente ricaços da Europa. Sócrates foi a votos , perdeu e foi à vida como um estudante normal. Contudo os "Correios da Manha" deste país encheram as cabeças do povinho de que ele fugira cheio de dinheiro ,roubado a esse mesmo povinho."Porreiro pá":))

Anónimo disse...

Segundo o que acabo de ler no Machina Speculatrix,o nosso país é pequeno para o rapaz Barroso. Ele aspira a muito mais alto :Nações Unidas ou Nato! Chamem-lhe parvo.