• Nicolau Santos, O beco em que Cavaco nos meteu [hoje no Expresso/Economia]:
- ‘Completamente absurda. A solução que o Presidente da República apresentou na quarta-feira ao país consegue ser muitíssimo pior do que aquilo que estava em cima da mesa (…).
Pois com o inesperado gato que tirou da cartola, Cavaco Silva parece ter querido várias coisas. A primeira foi acertar contas antigas com Paulo Portas e com a afronta que este lhe fez, ao demitir-se quando a nova ministra das Finanças ia a caminho de Belém para tomar posse. A segunda foi fazer o mesmo com Pedro Passos Coelho, de quem não gosta e ao qual critica a forma como tem lidado com os reformados e pensionistas. A terceira foi, mais uma vez, dar a entender que está acima dos políticos e que não se mistura com tais pessoas. E a quarta foi 'entalar' as lideranças do PSD, CDS e PS, com o compromisso de salvação nacional, num quadro político que está longe de estar clarificado.
Acontece que, com a decisão que tomou, Cavaco lançou um boomerang, que está a dar a volta e vai acabar por o atingir violentamente (…).
Mais: ao pedir um acordo de médio prazo entre PSD, CDS e PS, está a colocar o PS em maus lençóis, porque António José Seguro, que tem defendido eleições antecipadas e que recusou colaborar no corte de 4,7 mil milhões na despesa pública, terá de enfrentar uma revolta interna se voltar com a palavra atrás e pode mesmo ver a sua liderança colocada em causa.
Aliás, ao afirmar que "se esse compromisso não for alcançado, os portugueses irão tirar as suas ilações quanto aos agentes políticos que os governam ou que aspiram a ser Governo", o que Cavaco propõe é a decapitação das atuais lideranças do PSD, CDS e PS e a sua substituição por um primeiro-minístro da sua confiança.
O pequeno problema é que os delírios presidenciais, além de lançarem o país num pântano político e numa crise sem fim à vista, que virá acompanhada pela turbulência dos mercados, não são exequíveis (…).
Há quem acredite que, com isto, conseguiremos renegociar o memorando de entendimento. Mas isso já o teríamos de fazer com este ou outro Governo, porque o memorando é incumprível. E fazê-lo tendo por pano de fundo um Governo de gestão e uma campanha eleitoral de oito meses será sempre mais difícil. Foi nessas circunstâncias que Cavaco colocou o país.’
2 comentários :
Por um lado ainda bem q o Pc apresentou uam moção de censura. O PS não pode ser um partido de meias-tintas entre o calculismo e o bom mocismo. Seguro mostra de que fibra és feito, até agora és uma desilusão.
Já não consigo encontrar um adjectivo para qualificar o Silva do Poço de Boliqueime!
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