sábado, fevereiro 01, 2014

Entre carimbos e autorizações, o amianto ataca


O autor do relatório que confirma a presença de amianto no edifício da Direcção Geral de Energia e Geologia sustenta que há um ano que o perigo é conhecido e obriga a uma acção por parte do Estado. Por isso, quase 70 trabalhadores deste organismo pedem numa carta a mudança de instalações, dando conta de que há uma “prevalência significativa de funcionários (19) que adoeceram com cancro”, dos quais nove já morreram, estando outros com problemas “respiratórios, perturbações gástricas e enxaquecas”.

A posição do Governo é inaceitável. Primeiramente, a postura de Passos Coelho, ao afirmar desconhecer o assunto, em resposta a Heloísa Apolónia no debate parlamentar de ontem — quando esta situação já era falada nos media e o próprio Relvas, questionado na Assembleia da República sobre o levantamento dos edifícios nestas condições, afirmou não ter “meios”. Depois, a atitude de Artur Trindade, secretário de Estado da Energia, que afirmou que “nos próximos meses” a mudança ocorrerá, porque há muitos entraves burocráticos a ultrapassar, para além da autorização da Miss Swaps. Para mostrar a diligência com que está a tratar o assunto, o ajudante de António Pires de Lima fez questão de sublinhar que o processo de mudança teve início no dia 28 de Maio de 2013. Ou como respondeu à SIC-N, que lhe perguntou o que sentiria se se confirmar que aquelas instalações provocam cancro: “Ficarei muito feliz por ter despoletado o processo de mudança”.

Este caso é exemplar. Um governo que trata com tanto desprezo os problemas dos portugueses — e, neste caso, dos próprios trabalhadores do Estado — que nem se dá conta quão chocante isso é.

6 comentários :

Anónimo disse...

Ouvi o secretário de estado reconhecer os factos mas que só haveria mudanças quando encontrassem um local "mais barato". Declarações criminosas que a televisão não voltou a reproduzir.

Anónimo disse...

Engraçado como, para o Paulinho Portas (o defensor dos velhinhos e contribuintes!) se transferir não sei de onde para um palácio, foi tudo rapidíssimo!Hipócritas insensíveis, exterminadores dos fracos!

Anónimo disse...

Transfira-se o gabinete do secretário de Estado para o edifício em causa.
Verão, então, a rapidez da mudança!

Anónimo disse...

Ainda havia dúvidas de que esta gente é um bando de criminosos? Se havia, deixaram definitivamente de haver .

Anónimo disse...


Três ou quarto palavras, se me permitir: Escola Secundária do Restelo.
A sério, é inacreditável.

Anónimo disse...

Está tudo cheio de amianto que é o nome que também se dá aos asbestos e que era a matéria prima utilizada para produzir lusalite.
A olho nu a Escola Roque Gameiro na Reboleira, por exemplo, parece estar cheia de lusalite. Até os vasos para plantas antigamente eram feitos de lusalite além de telhas, caixas de água, tubos para esgotos e para passagens de água, sanitários etc. Os fatos dos bombeiros também eram feitos à base de amianto para não arderem assim como era aplicado em vários edifícios como precaução contra fogos.
Por muito que se combata hoje o amianto vai levar uns anitos até que os artefactos desapareçam completamente pois que estão sendo utilizados em sítios e de forma inimagináveis.