• António Correia de Campos, Língua bífida:
- «(…) Draghi partiu da análise dos percursos quase opostos do desemprego nos dois lados do Atlântico, afirmando que a procura agregada, estimulada pelas políticas monetária e orçamental é essencial para reduzir o desemprego na Europa; que a crise das dívidas soberanas se deveu em grande medida ao facto de o banco central não actuar como credor de último recurso dos governos, ao contrário do que acontece no Japão e nos EUA; remata com a recomendação de políticas orçamentais menos restritivas ao nível da Zona Euro, afirmando haver espaço para tal. (…)»
- «(…) O que testemunha ainda mais a hecatombe da estratégia deste governo é o paradoxo de se vangloriar da ligeira melhoria de indicadores económicos que resultam, exactamente, de situações a que se opõe ferozmente, umas, que condena por razões ideológicas, outras; ou, ainda, que lhe são completamente estranhas. No primeiro caso, estão as decisões do Tribunal Constitucional que, ao impedir cortes de salários, de pensões de reformas e de viuvez, de subsídios de desemprego e de doença, permitiu que as famílias fossem menos espoliadas, facilitando o consumo interno que nos retirou da recessão. No segundo caso, está o emprego privado subsidiado, através de estágios, que tem produzido resultados positivos. Segundo o semanário "Expresso", 60% dos novos empregos são subsidiados pelo Estado. Isto deve arrepiar os mentores neoliberais do governo, mas no meio do naufrágio, em desespero, e com eleições à vista, até a medidas "socializantes" se agarram. No terceiro caso, estão as situações em que o governo é completamente alheio, como por exemplo, os excelentes resultados obtidos pelo turismo, os quais resultam em parte da insegurança provocada por conflitos, alguns de grande violência, em destinos habituais de europeus no Norte de África e Médio Oriente. (…)»
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