sábado, setembro 06, 2014

Nem Rosalino diria melhor


Martim Silva, o autor dos Altos e Baixos do Expresso, não é um jornalista especialmente sofisticado a fazer de defensor oficioso do Governo. Mas tem uma qualidade inquestionável: o seu sistema de valores é absolutamente transparente. Os poderosos impressionam-no vivamente e ele não hesita em fazer-lhes vénias. Seja perante a «mega fortuna» de um Carlos Slim, seja perante um verdugo de pensionistas e trabalhadores do Estado que é alçado a uma prateleira dourada como recompensa, Martim Silva não consegue esconder que fica deslumbrado com o «sucesso». Daí a considerar, num português tosco, que a escolha de um burocrata de terceira categoria, sem curriculum que o recomende, tenha sido escolhido pelo Governo para a administração do banco central «de forma muito imparcial», não lembrava ao careca. Mas lembra constantemente a Martim Silva.

15 comentários :

Anónimo disse...

Muito do mau que está a acontecer ao nosso país deve-se a estes Martim Silvas que enxameiam a comunicação social e subvertem todos os valores. De facto, não lembrava ao careca promover de forma tão despudorada um carrasco dos pensionistas e dos funcionários públicos. Este governo Passos-Portas é abaixo de cão.

Anónimo disse...

Será que o rapaz queria ser irónico e teve um inconseguimento?

Anónimo disse...

Não tivesse o comentário a assinatura do Martinzinho e qualquer pessoa o tomaria por irónico.
No entanto, vindo de quem vêm, é mesmo pensamento genuino e bajulador.
Que jornalismo mediocre e pobre existe neste Portugal , se gente como esse Martim consegue medrar...

Anónimo disse...

Martim devia ler o artigo do Esteves Cardoso sobre os "lambecús": aposto que apresenta um hálito condizente

Anónimo disse...

É perfeitamente óbvio que algo de errado se passa na comunicação social portuguesa... Há comentadores que são tratados de uma certa forma e outros comentadores de outra. As análises políticas a situações nacionais e internacionais são altamente parciais e nada, mesmo nada verdadeiras (vide Ucrânia ou "Operação Síria", na RTP no ano passado). Há, de facto, algo de muito errado na comunicação social deste país. E tem de ser resolvido. Mas como? Como garantir a imparcialidade e objectividade dos media? Tornar transparente os interesses dos accionistas? Pode ser. É algo que vai dar que falar e que fazer. Mas é crucial. É essencial à democracia, uma comunicação social imparcial e objectiva, algo que não temos há muito. É preciso reforma nesta área.

RFC disse...

A crónica do MEC, amputada, está online. Sugiro aquela sequência com o seu quê de cinematográfico entre um eventual jornalista (e um burgesso, BURocrata e/ou BURgesso: juro que pensei que seria esta a fórmula utilizada pelo CC) a contorcer-se, lentamente, a partir dos sapatos.

Os lambe-cus

Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.

Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.

Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço».

Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores, os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc...

Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso. Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada.

O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador.

Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu.

O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu.
Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu.

Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing. Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.

[...] Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional.

O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês.

Miguel Esteves Cardoso, Último Volume (Lisboa: Assírio & Alvim, 1996).

Anónimo disse...

Nós vimos qual foi a actuação do Banco de Portugal no caso BES, vimos também a sua incapacidade para a fiscalização do sistema bancário. A falência do BES é a quarta falência de Bancos em Portugal depois da privatização.Isto é bastante eclareced0r
Quanto à comunicação social é difícil encontrar um orgão independente , e todos os dias vimos exemplos de mau jornalismo.

james disse...

Este animal amestrado do Ricardo Costa, o Martim Silva, ou é um grande simplório, ou é um grande velhaco.

Evaristo Ferreira disse...

Os Martins Silva deste país, também conhecidos por "jornaleiros", são, nos tempos que correm, os "trabalhadores da gleba" da coutada neoliberal. Lambam eles o eu lamberem.

HY disse...

Lendo o artigo desde o inicio parece-me óbvio que o tom é claramente irônico. Senão o jornalista não diria que "nada com uma passagem pelo governo..." para se conseguir um grande tacho...q

Miguel Abrantes disse...

Caro HY, isso estaria certo se Rosalino aparecesse nos "Baixos", mas está nos "Altos".

HY disse...

Para o Rosalino é um alto... Merecido ou não...

Anónimo disse...

Mais curioso é um Governo que vai buscar para Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros um homem que não fala inglês!? Aliás, não fala língua nenhuma! Luís Campos Ferreira de seu nome, ou como lhe chamam no MNE: o burro.

Anónimo disse...

Este Rosalino é um daqueles personagens miseráveis, um confirmado medíocre, algoz lambe-botas de espinha curvada aos grandes poderes, que se assemelha a um agente da PIDE do antigamente. Pois, neste movimento geral de degenerescência da representação ao mais alto nível, nada melhor que colocá-lo (acompanhado de outro biltre) no banco de Portugal, a substituir dois administradores dignos e honestos ( e Teodora Cardoso é uma grande senhora) que entretanto não fora reconduzidos. Que trupe!

Anónimo disse...

No MNE esta tudo louco com a performance do Ministro e deste L. Campos Ferreira. A grande liquidação da diplomacia prossegue. Agora entrada no ridículo.