segunda-feira, novembro 17, 2014

Daqui ninguém sai vivo

• António Correia de Campos, Fartura de fome:
    «(…) O comentário mais picante [de Cavaco Silva] foi dirigido a Ferro Rodrigues, sem o nomear: Uma acrimónia velha de quarenta anos, agora alegadamente servida fria. A verdade é que a comida não estava fria mas intragável. Ferro lamentou a falta de bom senso ao mais alto nível e referir-se-ia, provavelmente, ao facto de o Presidente passar por cima dos calendários críticos que vai enfrentar, armando-se apenas de uma couraça legalista (não necessariamente de cariz constitucional, como Marcelo bem fez notar). E pensando que devolvia o boomerang, lembrou que fora com os votos da esquerda e contra a direita de então, que o PS havia feito aprovar uma lei eleitoral que fixava as eleições legislativas entre 15 de Setembro e 15 de Outubro. É verdade. Mas o Presidente devia lembrar-se de quão diferente era o contexto de gestão orçamental do fim do século passado, comparado com o actual. Nessa altura, o orçamento era matéria doméstica, hoje é assunto europeu, o “semestre de Bruxelas” impondo concordâncias prévias, depois de vistoria das propostas orçamentais. Manter eleições em Setembro-Outubro será lançar às urtigas um orçamento virtual de um governo terminal. Com a agravante da perda de poderes presidenciais de dissolução, em fim de mandato do actual e início do próximo, cada um em seis meses sucessivos, ou seja um ano. Com a perspectiva de maioria simples no horizonte, um presidente com poderes diminuídos pouca ou nenhuma magistratura de influência pode exercer para convencer vencedores e vencidos a uma união patriótica. O que, por ausência de acordo, levará um governo terminal a perdurar em vida artificial, sem respiração assistida nem monitorização permanente, até à falência de órgãos vitais. Sem excluir que uma prolongada deterioração possa conduzir à perturbação de novas eleições legislativas, assim que o novo presidente assumir a plenitude de poderes de dissolução, se outra não for a solução no quadro político existente. Eis como uma solução legalista corre riscos desnecessários de desestabilizar o futuro próximo. Criticar os seus críticos com o argumento de “não terem feito o trabalho de casa”, julgando impor superioridade moral, faz tanto sentido como exigir a um doente pobre mas não isento, que pague as taxas moderadoras da saúde, por a lei assim o determinar. O doente deixará de frequentar o hospital.»

• Tomás Vasques, Daqui ninguém sai vivo:
    «(…) "Quem ignora o que se dá nas coxias do poder e da alta política, como acontece desde sempre com a maior parte das gentes", como escreveu João Ubaldo Ribeiro, esse enorme escritor baiano, que nos deixou há meses, no seu romance "O Feitiço da ilha do Pavão", não percebe esta obsessão do senhor primeiro-ministro, nem outras situações que, para mal da democracia, e dos cidadãos, se espalharam como mancha de óleo na paisagem política. É o caso das recentes declarações do senhor Presidente da República. Disse, há dias: "O que é que andaram a fazer os gestores da PT?" Acrescentando, com ar grave: "É, pelo menos, esta pergunta que os portugueses têm o direito de colocar". A declaração de Cavaco Silva contém a mesma cultura de irresponsabilidade política que tolhe o actual governo. Se o senhor Presidente da República pensa, hoje, que os gestores em causa delapidaram uma das poucas empresas de referência do nosso tecido económico, o que está implícito na sua declaração, devia ter pedido desculpa aos portugueses por ter condecorado os ex-presidentes daquela empresa, Zeinal Bava e Miguel Horta e Costa, semanas antes do colapso do BES e da PT, a 10 de Junho deste ano, com a Grã-Cruz de Mérito Comercial, atribuída por "serviços relevantes à valorização do comércio". Qualquer pergunta dos portugueses só pode ser dirigida a quem, pelo cargo que ocupa, os convenceu que os gestores da PT eram merecedores dos penduricalhos distribuídos, com pompa e circunstância, no Dia de Portugal. (…)»

3 comentários :

Anónimo disse...

http://www.leituras.eu/carta-aberta-a-um-personagem-menor/#sthash.a6kCDVG5.dpbs

Júlio de Matos disse...


Absolutamente certeira e DEMOLIDORA, esta carta aberta!


Deixem o Cavaco estampar-se até ao fim! Em todo o tempo que OKUPOU o palhácio de Belém SÓ FEZ ASNEIRAS, mas sabe-se que é sempra a última impressão a que fica, por isso, NÃO TEM O DIREITO de lhe concedermos essa dádiva, totalmente injusta e imerecida!


O GAJO TEM DE SAÍR DE BELÉM E FICAR PARA A POSTERIDADE COMO O FEDELHO NOJENTO QUE É, SEMPRE FOI E A CARTA ABERTA MAGISTRALMENTE SINTETIZA: mesquinho, hipócrita e sádico!

Ou seja, O MAIOR PATIFE DA HISTÓRIA DE PORTUGAL DEPOIS DO 25 DE ABRIL!!!

Anónimo disse...

MERITOCRACIA
Outro que tem fechado negócios muito jeitosos é o marido da PATRICINHA, à pala de todos lhe quererem fazer favores, sabe-se lá porquê.