"Há muito que entendo que o Ministério Público funciona em rédea livre, fazendo o que quer e não fazendo o que não quer, sem dar satisfações nem prestar contas. Por isso mesmo, liberto dos constrangimentos dos políticos e ponderando entre dois males efectivos, sou a favor do fim da autonomia total de que actualmente goza. Hoje, confrontado com a deriva antidemocrática a que conduziu a autonomia total do Ministério Público, prefiro o perigo de uma investigação criminal hierarquicamente subordinada a um poder legitimamente eleito do que entregue aos próprios, sem orientação nem controlo democrático externo. E acho que se poderia e deveria começar pelas escutas. Que houvesse um órgão independente, com membros designados pela Assembleia e pelo Presidente, a quem a Procuradoria-Geral da República submeteria regularmente um relatório completo das escutas efectuadas e em curso, quem e porquê as tinha ordenado e com que resultados. E que, ao fim de um prazo a definir por lei, mas nunca mais de seis meses, as operadoras telefónicas fossem obrigadas a informar directamente os clientes, sem passar pelo tribunal, de que o seu telefone estava sob escuta, desde tal data e à ordem de tal magistrado.
Nada fazer é pactuar com a instalação paulatina de um Estado policial onde o direito à intimidade da vida privada deixou de contar."
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Sugestão de leitura
Miguel Sousa Tavares escreve hoje no Público um artigo intitulado Portugal sob escuta, que merece ser lido na íntegra (sem link). Reproduzimos a parte final:
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
6 comentários :
20 valores !
Onde houvesse um órgão que impedisse que as porcarias que alguns políticos ( mais financeiros e figuras públicas) dizem e fazem fossem tornadas públicas...?
Um nome do pedroso, salgado e herman, o nosso obrigado...
Foi coisa que sempre me tirou o sono, saber que o meu telefone podia estar sob escuta!!!!
Mas acredito que há muito magistrado, advogado, político, pato bravo, banqueiro etc que possam ter alguma dificuldade em conciliar o sono.
A nova pide anda aí.
Onde houvesse um órgão que impedisse que as porcarias que alguns políticos ( mais financeiros e figuras públicas) dizem e fazem fossem tornadas públicas...?
Em nome do Pedroso, Salgado e Herman, o nosso obrigado...
Gostei do artigo do MST mas não posso subscrever a proposta de acabar com a autonomia do MP. É um pilar do nosso sistema democrático essencial para o equilibrio de poderes.
Enviar um comentário