terça-feira, janeiro 03, 2006

Estudos que o contribuinte paga

Justiça: estudo inédito analisa 224 processos e traça perfil dos criminosos — é exactamente assim que o Correio da Manhã noticia um estudo “inédito” efectuado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e do Centro de Estudos Judiciários (CEJ).

E a que conclusões chegam o DCIAP e o CEJ? Eis o perfil do corrupto luso:

    “É do sexo masculino, tem entre 36 e 45 anos, é casado, não tem antecedentes criminais, trabalha sob a tutela do Ministério da Administração Interna e presta serviço na GNR, no distrito de Lisboa.”

Em Portugal não há corrupção, dão-se uns jeitinhos — na maioria dos casos, por menos de 100 euros. Mas 13 por cento dos funcionários corrompidos optaram por pagamentos em espécie (em sete casos, receberam em “géneros” de valor superior a 1.500 euros).

Ninguém teria imaginação para caricaturar melhor o estado da justiça do que os próprios operadores judiciários. Leiam, por favor, a referência ao estudo elaborado pelo DCIAP e pelo CEJ, que mão amiga encaminhou para a redacção do Correio da Manhã.

7 comentários :

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
AisseTie disse...

Isto é um atentado à inteligência, mas ainda bem que acontece, entra pelos olhos dentros a imbecilidade dos autores de um estudo com semelhante conclusão. E, pensando bem, até é lógico, a verdade oficial - e vejam-se os números das condenações - diz-nos que não há grande corrupção em Portugal, ninguém é apanhado logo... a corrupção não existe. Não se terão esquecido do bigode e da pronúncia serrana?
Por que é que uma vendedora ambulante que venda uma água em Paris tem de emitir uma factura e em Portugal os restaurantes só são obrigados a fazê-lo a partir de 9,98€? Ainda hoje escrevi sobre isto, os lobbies estão em toda a parte. http://opaisdoburro.blogspot.com

Anónimo disse...

É como diz ridículo.

Anónimo disse...

Estudos como este ajudaram o Homem a chegar à Lua.

Anónimo disse...

Daniel Kaufman, Director do Banco Mundial e especialista no fenómeno da corrupção na governação, refere que "a corrupção funciona como um imposto indirecto sobre os pobres".
Diz ainda que a corrupção no aparelho do estado é "responsável por uma elevada quebra no investimento".
Já agora, o jornal Público, referindo-se recentemente a mais um relatório do mesmo Daniel Kaufmann, informou que se "houvesse um combate eficaz à corrupção em Portugal, o país podia em alguns anos atingir o desenvolvimento da Finlândia".

Anónimo disse...

É curioso, mas parece que autor do post e comentadores não atingiram (?) o significado do estudo.
O estudo não se reporta ao fenómeno da corrupção (em geral) em Portugal!
O estudo reporta-se ao fenómeno da corrupção registado (em particular), aos crimes denunciados e investigados!

No estudo não consta que ou se conclui que «Em Portugal não há corrupção, dão-se uns jeitinhos».
Do estudo apenas se conclui que em Portugal não se conseguem investigar e punir os grandes corruptos.
A quem interessa esta ineficiência?
Aos políticos, que dotam (?) o sistema de justiça de meios, não, por certo, já que entre os mesmos não há corrupção.

Quem conheça minimamente o sistema
de justiça concordará com os resultados do estudo.

Anónimo disse...

Quanto será que um blogger receberá por dar um "jeitinho" a este governo...?