sexta-feira, março 31, 2006

Teses sobre Feuerbach


De vez em quando, em lugar de fazer a papa (ou os posts), podemos deixar algumas pistas para reflexão — sobre a justiça, no caso. Eis o trabalho de casa (TPC) para este fim-de-semana:

1.ª

Estando esgotado o modelo actual da justiça, impõe-se reinventá-lo.

2.ª

O problema é que a capacidade de auto-regeneração (no seio da própria justiça) é reduzida, tendo em conta as leis, as pessoas, as práticas e a inércia.

3.ª

Com efeito, a estrutura judiciária é demasiado pesada e sem maleabilidade. É uma estrutura de ritos, em que os próprios operadores judiciários são “vítimas” da rotina.

4.ª

Acresce que a magistratura não pode continuar separada dos cidadãos por uma muralha da China. Os operadores judiciários têm de captar os sinais da sociedade e até estimular o escrutínio sobre a sua actuação, sob pena de, se não o fizerem, caírem numa situação irreversível de descredibilização.

5.ª

Os cidadãos não compreendem que os juízes, enquanto titulares de um órgão de soberania, façam greve.

6.ª

Os magistrados, designadamente os que têm blogues, não deveriam ter reagido, como o fizeram, relativamente à chamada de atenção de Jorge Sampaio [para o cúmulo jurídico]. Há, de facto, situações de pequena criminalidade com condenações de oito ou dez anos. Os magistrados não podem, de resto, circunscrever o seu olhar à questão “técnica”, desprezando o lado humano das situações.

7.ª

Embora se admita que os magistrados estão a ser mais cuidadosos no recurso à prisão preventiva, é indispensável que esta medida de coacção seja analisada em relação a cada pessoa, dando especial atenção a crimes que tenham a ver com a integridade física e em que se possa prever a continuidade da actividade criminosa.

8.ª

São intoleráveis as demoras, os atrasos, os inquéritos com anos de pendência e a existência de arguidos à espera como se tivessem um cutelo sobre a cabeça sem saber o que lhes vai suceder.

9.ª

Os tribunais precisam de ter uma massa crítica mínima para poderem funcionar com eficácia. É necessária, por isso, a reformulação do mapa judiciário. De facto, há muitos tribunais que não são precisos.

10.ª

A par dessa reformulação, é indispensável redefinir os procedimentos administrativos dentro dos tribunais. Dito de outro modo, a justiça tem custos elevadíssimos por manifesta falta de capacidade de gestão. Os tribunais teriam tudo a ganhar se a sua administração fosse confiada a um gestor profissional.

11.ª

Os governos têm apenas interpretado a justiça de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-la.

25 comentários :

Anónimo disse...

"Os tribunais teriam tudo a ganhar se a sua administração fosse confiada a um gestor profissional."

De acordo, mas inútil, pois já existem gestores que se chamam secretários.

Mas suspeito que não é desses que o autor prefere e sim gestores que deveriam ganhar o que ganham os gestores hospitalares! Não seria melhor assim?

Adivinhe-se agora quem poderia ser um dos candidatos ao tacho...

Anónimo disse...

O Abrantes quer enlouquecer o pessoal dos tribunais ?

Anónimo disse...

Este caramelo fala do que não sabe e não sabe do que fala. Esperteza saloia num país de chicos espertos.

Anónimo disse...

Acho que não. Quer apenas brincar aos gestores, como aconteceu com os hospitais.

Hoje mesmo a notícia é que 30 deles lesaram o Estado em 1,2 milhões de euros.

A Inspecção parece que funcionou tarde demais...

É disto que é preciso?

Anónimo disse...

É um caso para Interpol invistigar, com certeza...

...já me esquecia, o "Miguel" não pode falar da Interpol, da Heidi, da Dutra e outras personagens fantásticas da Justiça do PS...

Anónimo disse...

O "Miguel" esforçou-se tanto, digam lá bem de qualquer coisa. A minha "tese" preferido é a primeira. Reinventar é preciso. O "Miguel" tem a solução na manga.

Anónimo disse...

A reinvenção da roda judicial, apud Miguel Abrantes!

A redescoberta da pólvora, segundo Miguel Abrantes!

O macaquinho pisca pisca já está a dar a resposta...isto é só a reinar!

Anónimo disse...

Miguel vai dar banho ao cão.

Anónimo disse...

E não voltes pá !

Anónimo disse...

Ó Abrantes, sentes-te bem? A gente ajuda-te no que puder. Aparece que te encaminhamos para o lugar certo sem despesas para a tua família.

Anónimo disse...

O Miguel ainda acaba sentado na cadeira do Costa com tanta sabedoria.

Anónimo disse...

Artigo 9.º (TPC Complementar)
Seria possível saber o número de processos anuais, juizes, magistrados do Ministério Público, e funcionários afectos a cada Tribunal (com particular destaque para o Tribunal das Comarcas de Arganil e Pampilhosa da Serra, para avaliarmos em que medida a eventual necessidade de ingressar numa fila única às 6 horas da manhã - para marcar consulta com o médico de família - perturba a agenda do Tribunal) ?

Anónimo disse...

Tudo afirmações vazias de conteúdo e sem um plano, uma proposta e uma estratégia para a Justiça. Fórmulas vácuas, clichés e ataques à Magistratura. Esperava mais de si Miguel Abrantes

Anónimo disse...

Faço minhas as palavras do Mocho Vigilante. Mas eu não esperava mais do sr. dr. Miguel Abrantes.

Anónimo disse...

"Miguel" o especialista instantâneo em justiça bate-se com os profissionais do sector. Pensei que o Cavaco o iria nomear para o representar no CSM.

Rui Martins disse...

concordo com todos os pontos (aliás, de uma lucidez extrema), menos com o 10º:

entregar a gestão dos tribunais a "gestores" seria tão errado como entregar a administração dos hospitais a não-médicos. Subitamente, os critérios de eficácia económica e de rentabilidade passariam a dominar. E na Justiça existem outros factores muito mais importantes: A Justiça, o Direito e a Equidade.

Anónimo disse...

12ª

Em vez de lerem a bola, leiam o livro do Baltasar Garcón

Anónimo disse...

Aprendam com o Abrantes que ele não é eterno. Magnífico.

Anónimo disse...

O "Abrantes" não é eterno, os abrantes lambe-botas (e outras partes...) do poder é que são...

E viva a Interpol/PJ...

Anónimo disse...

Desde que o macaco, que vive dentro da personagem, que diz chamar-se Miguel Abrantes, se rebelou, a sua Anschauung tem dado somente "chaissa"...

Então a história da Carochinha ou da Heidi ou lá o que é, que ias contar sobre o caso Costas/PJ/Interpol, sai ou não sai...?

Anónimo disse...

Assino por baixo.

Anónimo disse...

Aqui uns senhores que não gostam do Miguel Abrantes. Onde estão as asneiras dele ?

Anónimo disse...

"Onde estão as asneiras dele ?"

O "Miguel" é um senhor...!

Clama no deserto contra as Corporações mas poupa algumas de tudo e de todos, mentindo por omissão...

Sai uma sandes de Interpol/PJ/Costas para o "His Master's Voice", o aclamado "Pan paniscus" (vulgo chimpanzé da floresta) do PS...!

Anónimo disse...

Que m**** de post ó Miguel. Generalidades e futilidades.

Anónimo disse...

Não concordo com boa parte do que aqui se escreve.
Estamos, todavia, perante o primeiro post honesto de Miguel Abrantes sobre a justiça.
São opiniões perfeitamente defensáveis.

Aquele Amplexo.