Quem costuma utilizar o Metro de Lisboa já se habituou a encontrar as estações fechadas. Nos últimos seis meses, isso aconteceu por oito vezes. Parece que o que opõe os sindicatos ao conselho de gerência da empresa é coisa pouca: os sindicatos estão tão contentes com o actual acordo de empresa que só pretendem a alteração de uma cláusula do acordo: a que permita prorrogar a sua vigência até 2011.
Há no entanto uma outra razão de peso para a realização de greves em catadupa. Hoje, o proverbial Diamantino Lopes, da FESTRU, explicou-a: “existem matérias incontornáveis que [os sindicatos] não estão disponíveis a alterar, como as que dizem respeito à segurança dos passageiros”. É isso, como é que há ainda passageiros que resmungam por não poderem apanhar o Metro logo pela manhãzinha? É pela segurança de todos nós que o Sr. Diamantino não cede à “mesa das negociações”.
Hei-de voltar ao acordo de empresa do Metro. Entretanto, saiba-se que, se o Dr. Cluny decretou uma greve para defesa dos interesses do povo, o Sr. Diamantino o faz em nome da “segurança dos passageiros”. Greves filantrópicas é o que é.
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Fazer bem sem olhar a quem
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9 comentários :
Estes sindicalistas são cá uns amigos do povinho.
Deve ser alguma cláusula anti terrorismo
Os touros nos azulejos, significam os utentes a serem toureados?
• Proporcionar aos trabalhadores, dentro das possibilidades da Empresa, condições para a sua formação física, cultural, social e profissional, tais como desportos variados, sala de reunião e actividades culturais.
Uma das medidas que proponho ao conselho de gerencia, é que feche a estação de palhavã, e do local, faça um Healt,com sauna, massagem e piscina de agua quente.
chama-se a isto socialismo proletario - nada de extraordinario, no tempo do bolchevismo, não havia estação do metro que não estivesse devidamente equipada para o lazer e cuidados fisicos.
Mas tambem os há ,que recebem 80 mil euros por ano, para a viatura.
Riqueza transbordante
Ao fim e ao cabo os carros dos administradores estão bem para o acordo dos trabalhadores.
Governo diz querer garantir a sustentabilidade do metropolitano de Lisboa
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, considerou hoje fundamental a revisão do acordo de empresa do Metropolitano de Lisboa para garantir a sua sustentabilidade social e financeira enquanto serviço público.
DE com Lusa
A posição de Ana Paula Vitorino foi assumida na Assembleia da República, num debate em que os deputados José Soeiro (PCP) e Mariana Aiveca (Bloco de Esquerda) acusaram o Governo de "ingerência directa" na gestão do Metropolitano de Lisboa.
No debate, as bancadas do PSD e do CDS-PP demarcaram-se das críticas da oposição de esquerda e centraram as suas preocupações na situação de instabilidade derivada das greves dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa.
De acordo com os dados do Governo, o Metropolitano de Lisboa regista um passivo acumulado de 3,3 mil milhões de euros e em 2005 apresentou um défice operacional de 100 milhões de euros, tendo suportado custos com pessoal na ordem dos 92 milhões de euros.
"O Governo pretende que sejam introduzidas regras rigorosas na empresa para garantir a sua sustentabilidade económica e social", afirmou a secretária de Estado, apontando depois que o Metropolitano de Lisboa tem "situações e regalias" que "divergem das restantes empresas de transportes na área metropolitana de Lisboa e em relação aos metros de Madrid e de Londres".
Neste contexto, Ana Paula Vitorino defendeu a proposta da gerência da empresa no sentido de reduzir o número de dias úteis de férias dos trabalhadores de 36 para 28,5 - "bem mais do que goza a generalidade dos trabalhadores" - assim como o aumento do período de condução dos maquinistas.
Neste momento, nas seis horas de trabalho, os maquinistas fazem três horas de condução e três horas de manobras - horário que a administração pretende mudar para quatro horas de condução e mais duas de manobras.
"No metropolitano de Madrid, fazem-se entre 5,2 e seis horas de condução por dia e no metro de Londres, entre segunda e sexta-feira, cinco a seis horas", referiu a secretária de Estado, que criticou a posição que tinha sido assumida pelos sindicatos de apenas aceitarem discutir com a gerência a cláusula de vigência do acordo de empresa.
Numa posição diametralmente oposta à da secretária de Estado, o deputado do PCP José Soeiro acusou o Governo e o Conselho de Administração da empresa de pretender colocar em causa "o direito à contratação colectiva" e recusou a perspectiva de que os trabalhadores do metro de Lisboa sejam privilegiados.
"Os trabalhadores só têm 36 dias de férias, porque é da conveniência da empresa que eles gozem essas férias num determinado período do ano", justificou, adiantando que os funcionários do metro de Lisboa "não podem pôr de parte as conquistas adquiridas".
"A estratégia do Governo é ter trabalhadores com direitos precários", acusou ainda José Soeiro, antes de a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Aiveca atacar o Governo "por ingerência na vida da empresa".
"O Governo manipula claramente o conselho de administração da empresa. As propostas da gerência que estão em discussão são equivalentes às do código de trabalho do ex-ministro (do Governo PSD/CDS-PP) Bagão Félix, que o PS rejeitava
Muita conversa cheira que ficará tudo na mesma. No Metro quem manda é a Senhora Directora dos Recursos Humanos e a influência sindical com quem, no dia a dia, convive.
Segundo o Governo, a empresa regista um passivo acumulado de 3,3 mil milhões de euros e em 2005 apresentou um défice operacional de 100 milhões de euros, tendo suportado custos com pessoal na ordem dos 92 milhões.
O leitor quer ter até 36 dias úteis de férias? E nenhuma forma de polivalência nas suas funções? Deseja um período de trabalho com horas fixas de entrada e saída? E um regime complementar de doença em que ganha tanto se ficar em casa como se estiver a trabalhar?
Se quer, não precisa procurar noutro país. Esta empresa-maravilha funciona em Portugal. Basta-lhe dirigir-se ao Metropolitano de Lisboa e pedir emprego.
A questão é saber como é possível que uma empresa que acumula prejuízos disponibilize aos seus trabalhadores uma tão ampla gama de regalias e demonstre uma tão reduzida exigência? Como é possível que o número médio de horas de condução por maquinista seja em Lisboa de 3,3 horas, em Londres de 5,6 a 6,25 horas e em Madrid de 5,2 a 6 horas? A resposta é só uma: foram os sucessivos conselhos de administração que fizeram cedências atrás de cedências para comprar a paz social, perante a complacência de sucessivos Governos, igualmente interessados em não comprar conflitos.
Só que não é possível continuar por este caminho - porque é imoral e porque não é esse sinal de facilidade que deve ser passado às pessoas. Por isso, faz bem a administração do Metro em querer moralizar esta situação. E faz bem a secretária de Estado dos Transportes em apoiar essa posição. São eles que têm razão. E quando assim é, há que bater-se por ela até ao fim - mesmo que isso custe sucessivas greves.
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