“(…) Os potenciais investidores privados na Ota enfrentam um risco considerável: embora o tráfego aéreo para Portugal tenha apresentado um crescimento constante e haja necessidade de novas estruturas aeroportuárias, há uma grande incerteza. A TAP, natural utilizadora principal, está em difícil situação financeira e pode não ter condições para pagar o uso de estruturas caras; As transportadoras low-cost têm mostrado uma tendência para evitar a zona [?] ou para usar estruturas também low-cost; o futuro das transportadoras low-cost é volátil, particularmente quanto às áreas que servem, podendo facilmente alterar as rotas se a regulação ou as condições económicas forem desfavoráveis. Em síntese, os rendimentos futuros do investimento num novo aeroporto principal são imprevisíveis.
Conclusões minhas, também em síntese e não limitadas à parte transcrita:
- o Relatório:
- reconhece como desadequada a manutenção da Portela, inserida em meio urbano e com os aviões a sobrevoar casas a baixa altitude;
- identifica um risco efectivo no novo aeroporto;
- liga esse risco ao modelo que possa ser adoptado, de construção de uma infra-estrutura aeroportuária cara, cujas tarifas para as low-cost não seja atractiva;
- aponta, pois, para uma reanálise do conceito de aeroporto que se quer: simplificando de forma certamente redutora, ou monumental e caro, ou espartano e barato. Os riscos estão associados ao primeiro extremo.
Penso, pois, que nem o Público fez uma leitura correcta (provavelmente prefere ficar pela manchete anti-Ota), nem João Pinto e Castro parece ter lido o Relatório na íntegra.
“Respondendo concretamente ao Luis Oliveira, creio que as suas dúvidas ficarão plenamente esclarecidas se ler o abstract do artigo.
É quanto basta para se perceber que o propósito do paper é resumir de uma forma rigorosa as transformações ocorridas nos últimos anos na indústria aeronáutica, designadamente no que se refere ao crescimento das low-cost, e mostrar que daí resultam riscos acrescidos para a construção e gestão de aeroportos, exemplificando as suas ideias com o novo aeroporto de Lisboa.
Logo: a) Os riscos apontados pelo autor são válidos para qualquer localização e para qualquer aeroporto, seja ele em Lisboa, ou em qualquer outra parte do Mundo; b) Ao longo de todo o artigo a expressão "aeroporto da Ota" é usada como sinónimo de "novo aeroporto de Lisboa"; c) Em sítio algum se afirma ou sequer sugere que os riscos da Ota são maiores do que os de qualquer outra localização.
Finalmente, falta sublinhar que Neufdeville tem estado a trabalhar para o Estado português... Logo, as suas recomendações relativamente à necessidade de serem adoptadas soluções fleixíveis terão sido feitas em primeiro lugar à NAER, tendo em vista a preparação do caderno de encargos do concurso que deverá ser aberto.
Acaso o Público está informado de que a NAER rejeitou a estratégia proposta por Neufdeville? Isso, sim, seria notícia.”
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