quarta-feira, agosto 08, 2007

O caso da senhora do museu

Nunca pensei que o Dr. Graça Moura desse tanta importância aos títulos académicos. Mas a verdade é que dá (em relação aos outros). Em todo o caso, o artigo de opinião que hoje escreve no DN omite três questões de pormenor:
    • Em primeiro lugar, a distinção entre cargos públicos e função pública, assinalada por Vital Moreira;
    • Em segundo lugar, a circunstância de a doutora Dalila não ter sido demitida, porque se encontrava em gestão corrente na sequência do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE);
    • Por fim, mas talvez a questão de pormenor mais relevante, o facto de a doutora Dalila ter dito para quem a quisesse ouvir que não teria condições para prosseguir no cargo se fosse retirada aos museus a autonomia administrativa e financeira (que, entre outros aspectos, permite a gestão a bel-prazer das receitas próprias), o que não é propriamente discordar do modelo de gestão.

9 comentários :

Anónimo disse...

Dalila, nome de estrela, mas decadente...
Então a sra. é contra a politica cultural do governo, diz cobras e lagartos do mesmo e não se demite?Onde para a ética?
Está á espera de quê ? Que lhe limpem o rabiote e de um subsídio de indiminização?
Não faz qualquer sentido, um funcionario de nomeação politica, como é o caso, manter-se no seu posto, quando é contrario á politica que vai ser seguida.A atitude correta seria a dita sra. antecipar-se e demetir-se, este seria o gesto que a dignificaria.
Assim não, quer aproveitar a situação para fazer baixa politica partidaria.
É pena que o sr. kavako não dispa a camisola do psd e se comporte como presidente de todos, mas todos como se comprometeu, os portuguses

Anónimo disse...

"Será tão difícil compreeender esta distinção elementar? Que a directora de um museu não o entenda, é mau"

Vital Moreira só faltou dizer, como o ministro Campos, que a senhora não tinha qualificações para o cargo. coitada!

o que eu acho condenável é que os que exercem cargos públicos de forma incompetente, mas sem opinião, se mantenham nos cargos. competentes, pelo que li, mas com opinião, são demitidos.

pelo que me parece,a Doutora Dalila Rodrigues só foi demitida ou outra coisa qualquer, porque tinha opinião, ainda que contrária.

ainda não li em lado nenhum que fosse incompetente...

António P. disse...

Caro anónimo das 07:02,
A Senhora não foi demitida. Demitiu-se. Basta ler a sua entrevista ao "Público" da última 6ª feira ( dia 3 ) onde à pergunta da jornalista :
- Há quem diga que o seu erro não foi o que disse em relação à autonomia, mas a forma como o disse. Bairrão Oleiro acusou-a de quebra de confiança. Aceita ?

Responde : " Não. Sempre lhe comuniqueu primeiro as minha discordâncias, sobretudo quando o mecenato do BCP, que eu tinha organizado, foi dividido com o Soares Reis. E pus o meu cargo à disposição. (...)"

Ao menos nesta entrevista assumiu que efectivamente não estava para se manter no cargo face às opções da tutela.
Então qual é a surpresa ?
Para mim nenhuma.
Cumprimentos

Anónimo disse...

O "aristocrata" de Dante e Petrarca, lá do seu Olimpo, só se debruça sobre magnas questões universais.

O direito administrativo é coisa pouca, uma mera imprecisão atrevemo-nos a alvitrar, face à magnificência das individualidades agora escrutinadas.

Nuno disse...

Bom dia
Não percebo a agitação em torno desta situação!
Um cargo de nomeação política(diferente da função pública), não concorda com a política do ministério q a tutela tem de se demitir!
Eu interpreto o facto como desespero e muita falta de coerência por parte da oposição!

Anónimo disse...

"Assim, a leitura política possível é – uma vez mais – a de que o Governo cultiva o seguidismo na administração pública e trata as críticas como delito de opinião. Prefere a fidelidade acrítica à competência - e não tolera a irreverência.

Ao que tudo indica, a directora do MNAA não foi demitida por incompetência, por não atingir resultados ou por não dar garantias de cumprimento da política do Governo. Foi demitida por ter ousado quebrar a tal lei do silêncio, por discordar (com razão ou sem ela), por não ser um instrumento atento, venerador e obrigado, por não ser muda, afinal."

Há quem confunda Estado com Partido (não, não estou a falar do Estado Novo ou da União Soviética) e confunda democracia e pluralismo de opinião com centralismo e voz do chefe...

Continua, Miguel, cantando e rindo, que te pagam para tal...

Anónimo disse...

Seja(mos) honestos. A autonomia administrativa e financeira não "permite a gestão a bel-prazer das receitas próprias", nem de quaisquer outras receitas. O Orçamento, dependente da aprovação da tutela, é que define quais as despesas autorizadas.

Anónimo disse...

O pior é o resto.....

Anónimo disse...

E afinal o que a Dr.ª Dalila queria acautelar não era o futuro do Museu de Arte Antiga! Era, sim, o andar na Lapa que comprou entretanto, depois de ter vendido aquele que tinha deixado lá na terra... É só ler as declarações que fez a esse respeito no último Expresso (caderno "Actual").