Notícia é a propaganda dizer que está tudo bem na Educação em Portugal. Se a abertura das Escolas, com todos os professores e a funcionar em pleno, é uma boa notícia e deve ser assinalada, então que dizer das aldrabices do sucesso instantâneo nas Escolas, como a Ministra da Educação apregoa? é que sucesso instantâneo só na UnI...
AO fim de 90 dias de ferias - ate parece milagre ---Por este andar as escolas começam a abrir em Dezembro para entrar em ferias do Natal - quem não gostarai de etr um part time destes
Milagre é um parvo que não sabe escrever português conseguir comentar algo que se entenda. Milagre é, depois dos ataques, insultos, manobras propagandísticas e tentativa da manipulação da opinião pública ainda haja professores que querem lutar pelo Ensino em Portugal e pelas suas Escolas. Eu tive 22 dias de férias e passei parte deles na Escola ou a trabalhar para ela...
TPC para o Miguel Abrantes e para o Zé - ler os seguintes textos :
Gasta-me menos e os alunos têm melhores resultdos. Os bons professores aplaudem as medidas. Os calaceiros estão contra! O absentismo reduziu-se me mais de 50%. Nortenho
O regresso às aulas começou com a cerimónia da bênção do Centro Escolar de S. Martinho de Mouros, em Resende. Na foto do “Público” de 12 de Setembro o primeiro-ministro e a ministra da educação acolitavam um sacerdote. Não sabemos se algum deles ou todos rezavam pelo sucesso do novo ano escolar, mas não há dúvida que o primeiro-ministro mostra uma grande fé nas mudanças de que fala.
Deixo de lado a discussão sobre a bênção das escolas públicas quando há liberdade religiosa e há separação entre o estado e as igrejas. Prefiro falar da situação do nosso ensino. José Sócrates tinha-se gabado, no dia anterior à bênção, de o seu governo precisar de menos dinheiro e de menos professores para obter o mesmo insucesso que os anteriores: “Há dez anos havia o dobro do dinheiro, mais professores e menos alunos, o mesmo resultado, o mesmo insucesso escolar, o mesmo abandono escolar”. Louvou o insucesso mais barato, esquecendo-se que fez parte, de 1995 a 2002, de governos com a “paixão” pela educação (terá sido essa paixão a responsável pelo desperdício de recursos?) e esquecendo-se que o insucesso sai sempre caro. Logo a seguir, entrou em contradição ao afirmar que, nos últimos dois anos, os resultados escolares tinham melhorado. Os ingleses chamam a isso “wishful thinking”, confusão dos desejos com a realidade. São conhecidas algumas virtudes do pensamento positivo, mas na educação não é como em “O Segredo”, de Rhonda Byrne, em que se acredita, se deseja e se obtém. Talvez fosse mais sábio olhar com atenção para os resultados de exames que sejam comparáveis (infelizmente, muitos não são) e talvez fosse mais prudente esperar alguns anos (porque em educação as mudanças levam o seu tempo a produzir efeitos).
“Recupere a ilusão”, dizia um cartaz político que vi em Espanha durante as férias. Muitos políticos, noutros sítios como aqui, gostam de semear ilusões. Mas a realidade é a maior inimiga da ilusão. Em Julho, dias depois de o Ministério da Educação ter anunciado a melhoria das notas de exames de Matemática no 12º ano, eram divulgados os resultados catastróficos – dois em cada três alunos foram reprovados – no exame de Matemática do 9º ano, precisamente no nível de ensino para o qual o governo tinha um plano especial. Era preciso fazer mais alguma coisa. E, pasme-se, o que a ministra fez foi pedir aos autores do anterior currículo, especialistas na experimentação pedagógica e na desvalorização do saber, para o reformular. Não seria mais sensato pedir a outras pessoas? Não estaremos a ser iludidos?
Noutras disciplinas estamos tão mal como em Matemática. A Física e a Química são agora residuais no nosso ensino secundário, quando deviam ser obrigatórias para uma formação científica sólida. Os respectivos exames no final do secundário têm aparecido com erros e só não há erros no exame de Ciências Físico-Químicas do 9º ano porque os exames não aparecem...
O primeiro-ministro é com certeza uma pessoa bem intencionada que deseja a melhoria dos resultados, tal como a ministra da educação e como todos nós. Mas o governo tem mostrado, pelas palavras e pela prática, uma enorme ilusão a respeito do modo de lá chegar. Não é com exames mais fáceis ou sem exames. Nem com currículos pejados de “eduquês”. E muito menos com quadros interactivos. É com o apoio aos professores e com o apoio dos professores. O maior erro do Ministério da Educação foi ter hostilizado os professores, que são a pedra angular de qualquer sistema educativo. O governo, na sua justa luta contra sindicatos jurássicos, confundiu os sindicatos com os professores. E, tendo reparado que havia mais pais do que professores, quis pôr os pais contra estes.
Os nossos professores – agora há muito menos, para poupar – têm feito o seu trabalho em condições adversas. E, nos últimos dois anos, têm ainda de arrostar com a desconfiança de quem os tutela. No regresso às aulas, o governo devia ter incentivado os professores e, claro, os alunos. Mas falou sobre poupanças. Podia também ter poupado nas palavras.
"O Governo está hoje destacado em peso para assinalar o arranque das aulas, com o primeiro-ministro, sete ministros e 13 secretários de Estado a distribuírem cerca de 2000 portáteis a professores e alunos de todo o país." (Público)
Operação mediática sem paralelo num arranque de ano lectivo, o Governo está hoje um pouco por todos os lados onde o trabalho preparatório aplainou situações desagradáveis. Veja-se o caso das visitas a algumas escolas com que foram há dias assinados os contratos de autonomia.
Sorrisos, computadores, muito passou-bens, se possível defronte de câmaras ou com direito a declarações fotocopiadas para a posteridade impressa.
Por ridículo, até os ministros da Defesa, Administração Interna e Obras Públicas andam metidos nisto.
Obriguei-me a ir comprar o DN já a meio da tarde para ler com estes olhinhos míopes que terra comerá se estiver com muita fome, o semi-editorial anónimo (não me parece que João Marcelino, director do jornal se preste a este tipo de frete, mas já não sei se do desconhecido editor executivo posso dizer o mesmo porque não faço ideia de quem seja o Leonídio em causa, ou mesmo da dupla de directores adjuntos, quasi tão desconhecidos como o referido desconhecido) que se dobra perante o discurso do primeiro-ministro sem se dar ao trabalho de tentar verificar da sua veracidade.
Não discuto opiniões neste caso, pelo que deixo passar impune a afirmação útil para o ME de que este Setembro «foi» um mês sem contestação (ainda vamos no dia 11 e já o mês foi).
Mas já sou obrigado a contestar quando o editorialista desconhecido evoca factos como o dos manuais escolares estarem mais baratos, quando nas últimas semanas tivemos conhecimento do aumento dos seus preços acima do valor da inflacção. O informado editorialista estaria, por certo, algures de férias. Não leu, não sabia, estava a observar um furacão nas Caraíbas.
Mas há mais: há dez anos havia muito mais professores; muito mais alunos; o dobro dos custos, tudo indicadores falsos que já no post anterior tentei desmontar. Aqui apenas acrescento um dado recolhido no próprio jornal e que é o número de 1,7 milhões de alunos para este ano lectivo, dado oficial que desconhecia. Pelo prosador editorialista sabemos que em 1997-98, e de acordo com as contas do primeiro-ministro, existiam «muito menos alunos».
Consultando os dados oficiais do GIASE verifico que em 1997/98 existiam 1.881.217 alunos. Muito menos, portanto. 1.881.217 é muito menos que 1.700.000. Manifestamente menos. Comparativamente menos. Absolutamente menos. Socraticamente menos. Cretinamente menos.
Bom. A única coisa que posso esperar é que, como o excelso editorialista proclama, exista a partir de agora «um melhor ensino». Para que os futuros editorialistas saibam fazer contas. Que tal um quadro interactivo para a sala de redacção?
E concordo com o brilhante editorialista quando afirma na sua última frase que «uma má educação é muito difícil de ultrapassar».
Nota-se à distância.
Bastar-lhe-ia, caro e ilustrado editorialista ver-se ao espelho.
Mais uma grande VITORIA do governo de Socrates.Eficiencia, respeito pelos alunos e pais é como o processo se iniciou. Está de parabens a Ministra da Educação.
Eu a pensar que estavam a dar os parabéns aos governantes do Estado Novo - que actual governo, para lá de ter conseguido abrir as Escolas na semana prevista e de ter roubado à francesa os professores e funcionários das escolas, pouco mais conseguiu além de propaganda e divulgação da venda dos portáteis da TMN.
Segundo palavras da ministra da Educação, na abertura solene deste ano lectivo na escola secundária Francisco da Holanda, em Guimarães, “está a fazer-se uma “revolução silenciosa nas escolas portuguesas”. Revolução silenciosa? Quando se mobiliza o “staff” governamental para cerimónias de pomba e circunstância com empolados discursos? E se anunciam miríficas novidades, como o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos (já em 2009), enquanto países europeus bem mais desenvolvidos se contentam com metas menos ambiciosas?
Embora não seja propriamente uma novidade de tão badalada ter sido a notícia nos últimos tempos, julgo que com o intuito de nos tirar da cauda da Europa em aproveitamento escolar e qualidade de ensino deveras calamitoso – como deixou escrito no “Jornal das Letras” (n.º 964, de 12 a 25/Set/2007) o meu bom amigo Eugénio Lisboa “para tudo isto os sindicatos têm dado uma eficaz mãozinha, não raro interferindo, com desenvoltura, em áreas que não são, nem da sua vocação, nem da sua competência” - mesmo sem estarmos em época natalícia, aí temos o governo a pôr nas chaminés das escolas secundárias milhares e milhares de computadores portáteis com o destino já traçado na palma da mão: “Vou aproveitar o portátil para fazer trabalhos, para pesquisar na Net, e comunicar e jogar”, declara um aluno na ocasião.
Ou seja: 1) É mais rápido e menos trabalhoso pôr o computador a despejar baldes de lixo de informação do que ir à biblioteca consultar umas tantas páginas de livros ou ler em casa boas obras literárias. 2) Para que a escola não seja demasiado maçadora há que transformá-la num recreio do tipo do “gato e do rato”, pondo os professores a correr atrás dos alunos para descobrir se os trabalhos são plagiados ou brotaram de cabecinhas fora de série. 3) Pesquisar na Net, pode ser uma arma de dois gumes: pode pesquisar-se o que se deve e o que não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no seu exigente papel de antecâmara do ensino superior. 4) As horas que deviam ser dedicadas ao estudo correm o risco de se transformarem em “conversas da treta” com os colegas. 5) Quanto ao aspecto lúdico: joguem meninos, joguem sem parar pois como diz a canção “a vida é uma tômbola”. Quantas vezes, com um pouco de sorte, um fato de bom corte e um cuidado corte de cabelo não substitui com vantagem um diploma académico? Razão tinha Eça: “Em matéria social, é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do vinho”.
Estou a ser pessimista? Receio bem que não! Apenas defendo que as melhores ideias, se mal aplicadas, transformam-se em péssimas ideias: o domínio das novas tecnologias de informação é um bem precioso, mas como não há bela sem senão entregar nas mãos ávidas dos jovens a Net no princípio de um ano escolar de acrescida exigência, e para mais de supetão, tem riscos evidentes que importa sopesar com cuidados redobrados.
João Gabriel Silva, presidente dos Conselhos Directivo e Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, na sua participação na “Conferência Internacional sobre o Ensino da Engenharia”, reunindo centenas de cientistas de 57 países diferentes, chamou a atenção para os perigos que se fizeram guarida neste “Admirável Mundo Novo”:
“Como conseguimos combater, ir mais longe, ensiná-los [aos alunos] a fazer coisas mais sofisticadas, em ter gosto em aprender, apesar de todo o lixo que existe na Internet?’ [Há já dois anos que] ‘uma pessoa que seja apanhada a plagiar o que quer que seja – pode ser só um parágrafo num trabalho que vale dois valores – está reprovada à disciplina, liminarmente’ (...). ‘As pessoas vão à Internet, descarregam três ou quatro tretas sobre um assunto qualquer, cuja veracidade nem sequer investigam com detalhe, juntam aquilo, mandam imprimir a cores e já pensam que fizeram uma grande coisa e, na realidade, fizeram uma porcaria’” (“Diário de Coimbra”, 4/Set/2007).
Com a entrega a um preço de saldo destes computadores existe o perigo de facilitar a navegação dos alunos do 10.º ano do ensino secundário na Internet sem uma bússola ética que os afaste do canto suave de sereias que os possa atrair para as rotas do plágio. Hoje, aprendizes; amanhã, verdadeiros mestres!"
14 comentários :
Notícia é o Pinóquio dizer à boca cheia, como se fosse uma grande coisas, que fechou centenas de escolas.
Quer dizer: o Governo de Sócrates à semelhança do Governo de Salazar?
Notícia é a propaganda dizer que está tudo bem na Educação em Portugal. Se a abertura das Escolas, com todos os professores e a funcionar em pleno, é uma boa notícia e deve ser assinalada, então que dizer das aldrabices do sucesso instantâneo nas Escolas, como a Ministra da Educação apregoa? é que sucesso instantâneo só na UnI...
AO fim de 90 dias de ferias - ate parece milagre ---Por este andar as escolas começam a abrir em Dezembro para entrar em ferias do Natal - quem não gostarai de etr um part time destes
ze bone
"AO fim de 90 dias de ferias"
Milagre é um parvo que não sabe escrever português conseguir comentar algo que se entenda. Milagre é, depois dos ataques, insultos, manobras propagandísticas e tentativa da manipulação da opinião pública ainda haja professores que querem lutar pelo Ensino em Portugal e pelas suas Escolas. Eu tive 22 dias de férias e passei parte deles na Escola ou a trabalhar para ela...
TPC para o Miguel Abrantes e para o Zé - ler os seguintes textos :
http://sorumbatico.blogspot.com/2007/09/passeio-aleatrio_11.html
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304832&idCanal=58
ou, noutras áreas, isto:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304896
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304876
Gasta-me menos e os alunos têm melhores resultdos. Os bons professores aplaudem as medidas. Os calaceiros estão contra! O absentismo reduziu-se me mais de 50%.
Nortenho
a mim parece-me que tem corrido bem à TMN!
Carlos Fiolhais, in De Rerum Natura:
O regresso às aulas começou com a cerimónia da bênção do Centro Escolar de S. Martinho de Mouros, em Resende. Na foto do “Público” de 12 de Setembro o primeiro-ministro e a ministra da educação acolitavam um sacerdote. Não sabemos se algum deles ou todos rezavam pelo sucesso do novo ano escolar, mas não há dúvida que o primeiro-ministro mostra uma grande fé nas mudanças de que fala.
Deixo de lado a discussão sobre a bênção das escolas públicas quando há liberdade religiosa e há separação entre o estado e as igrejas. Prefiro falar da situação do nosso ensino. José Sócrates tinha-se gabado, no dia anterior à bênção, de o seu governo precisar de menos dinheiro e de menos professores para obter o mesmo insucesso que os anteriores: “Há dez anos havia o dobro do dinheiro, mais professores e menos alunos, o mesmo resultado, o mesmo insucesso escolar, o mesmo abandono escolar”. Louvou o insucesso mais barato, esquecendo-se que fez parte, de 1995 a 2002, de governos com a “paixão” pela educação (terá sido essa paixão a responsável pelo desperdício de recursos?) e esquecendo-se que o insucesso sai sempre caro. Logo a seguir, entrou em contradição ao afirmar que, nos últimos dois anos, os resultados escolares tinham melhorado. Os ingleses chamam a isso “wishful thinking”, confusão dos desejos com a realidade. São conhecidas algumas virtudes do pensamento positivo, mas na educação não é como em “O Segredo”, de Rhonda Byrne, em que se acredita, se deseja e se obtém. Talvez fosse mais sábio olhar com atenção para os resultados de exames que sejam comparáveis (infelizmente, muitos não são) e talvez fosse mais prudente esperar alguns anos (porque em educação as mudanças levam o seu tempo a produzir efeitos).
“Recupere a ilusão”, dizia um cartaz político que vi em Espanha durante as férias. Muitos políticos, noutros sítios como aqui, gostam de semear ilusões. Mas a realidade é a maior inimiga da ilusão. Em Julho, dias depois de o Ministério da Educação ter anunciado a melhoria das notas de exames de Matemática no 12º ano, eram divulgados os resultados catastróficos – dois em cada três alunos foram reprovados – no exame de Matemática do 9º ano, precisamente no nível de ensino para o qual o governo tinha um plano especial. Era preciso fazer mais alguma coisa. E, pasme-se, o que a ministra fez foi pedir aos autores do anterior currículo, especialistas na experimentação pedagógica e na desvalorização do saber, para o reformular. Não seria mais sensato pedir a outras pessoas? Não estaremos a ser iludidos?
Noutras disciplinas estamos tão mal como em Matemática. A Física e a Química são agora residuais no nosso ensino secundário, quando deviam ser obrigatórias para uma formação científica sólida. Os respectivos exames no final do secundário têm aparecido com erros e só não há erros no exame de Ciências Físico-Químicas do 9º ano porque os exames não aparecem...
O primeiro-ministro é com certeza uma pessoa bem intencionada que deseja a melhoria dos resultados, tal como a ministra da educação e como todos nós. Mas o governo tem mostrado, pelas palavras e pela prática, uma enorme ilusão a respeito do modo de lá chegar. Não é com exames mais fáceis ou sem exames. Nem com currículos pejados de “eduquês”. E muito menos com quadros interactivos. É com o apoio aos professores e com o apoio dos professores. O maior erro do Ministério da Educação foi ter hostilizado os professores, que são a pedra angular de qualquer sistema educativo. O governo, na sua justa luta contra sindicatos jurássicos, confundiu os sindicatos com os professores. E, tendo reparado que havia mais pais do que professores, quis pôr os pais contra estes.
Os nossos professores – agora há muito menos, para poupar – têm feito o seu trabalho em condições adversas. E, nos últimos dois anos, têm ainda de arrostar com a desconfiança de quem os tutela. No regresso às aulas, o governo devia ter incentivado os professores e, claro, os alunos. Mas falou sobre poupanças. Podia também ter poupado nas palavras.
in Educação do Meu Umbigo:
"O Governo está hoje destacado em peso para assinalar o arranque das aulas, com o primeiro-ministro, sete ministros e 13 secretários de Estado a distribuírem cerca de 2000 portáteis a professores e alunos de todo o país." (Público)
Operação mediática sem paralelo num arranque de ano lectivo, o Governo está hoje um pouco por todos os lados onde o trabalho preparatório aplainou situações desagradáveis. Veja-se o caso das visitas a algumas escolas com que foram há dias assinados os contratos de autonomia.
Sorrisos, computadores, muito passou-bens, se possível defronte de câmaras ou com direito a declarações fotocopiadas para a posteridade impressa.
Por ridículo, até os ministros da Defesa, Administração Interna e Obras Públicas andam metidos nisto.
Porque será?
in a Educação do Meu Umbigo:
http://i30.photobucket.com/albums/c347/PauloG/Editorial.jpg
Obriguei-me a ir comprar o DN já a meio da tarde para ler com estes olhinhos míopes que terra comerá se estiver com muita fome, o semi-editorial anónimo (não me parece que João Marcelino, director do jornal se preste a este tipo de frete, mas já não sei se do desconhecido editor executivo posso dizer o mesmo porque não faço ideia de quem seja o Leonídio em causa, ou mesmo da dupla de directores adjuntos, quasi tão desconhecidos como o referido desconhecido) que se dobra perante o discurso do primeiro-ministro sem se dar ao trabalho de tentar verificar da sua veracidade.
Não discuto opiniões neste caso, pelo que deixo passar impune a afirmação útil para o ME de que este Setembro «foi» um mês sem contestação (ainda vamos no dia 11 e já o mês foi).
Mas já sou obrigado a contestar quando o editorialista desconhecido evoca factos como o dos manuais escolares estarem mais baratos, quando nas últimas semanas tivemos conhecimento do aumento dos seus preços acima do valor da inflacção. O informado editorialista estaria, por certo, algures de férias. Não leu, não sabia, estava a observar um furacão nas Caraíbas.
Mas há mais: há dez anos havia muito mais professores; muito mais alunos; o dobro dos custos, tudo indicadores falsos que já no post anterior tentei desmontar. Aqui apenas acrescento um dado recolhido no próprio jornal e que é o número de 1,7 milhões de alunos para este ano lectivo, dado oficial que desconhecia. Pelo prosador editorialista sabemos que em 1997-98, e de acordo com as contas do primeiro-ministro, existiam «muito menos alunos».
Consultando os dados oficiais do GIASE verifico que em 1997/98 existiam 1.881.217 alunos. Muito menos, portanto. 1.881.217 é muito menos que 1.700.000. Manifestamente menos. Comparativamente menos. Absolutamente menos. Socraticamente menos. Cretinamente menos.
Bom. A única coisa que posso esperar é que, como o excelso editorialista proclama, exista a partir de agora «um melhor ensino». Para que os futuros editorialistas saibam fazer contas. Que tal um quadro interactivo para a sala de redacção?
E concordo com o brilhante editorialista quando afirma na sua última frase que «uma má educação é muito difícil de ultrapassar».
Nota-se à distância.
Bastar-lhe-ia, caro e ilustrado editorialista ver-se ao espelho.
Mais uma grande VITORIA do governo de Socrates.Eficiencia, respeito pelos alunos e pais é como o processo se iniciou. Está de parabens a Ministra da Educação.
Eu a pensar que estavam a dar os parabéns aos governantes do Estado Novo - que actual governo, para lá de ter conseguido abrir as Escolas na semana prevista e de ter roubado à francesa os professores e funcionários das escolas, pouco mais conseguiu além de propaganda e divulgação da venda dos portáteis da TMN.
Do Blog DE RERUM NATURA, que tanto aprecias:
"A entrega de portáteis nas escolas
Novo texto de Rui Baptista:
Segundo palavras da ministra da Educação, na abertura solene deste ano lectivo na escola secundária Francisco da Holanda, em Guimarães, “está a fazer-se uma “revolução silenciosa nas escolas portuguesas”. Revolução silenciosa? Quando se mobiliza o “staff” governamental para cerimónias de pomba e circunstância com empolados discursos? E se anunciam miríficas novidades, como o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos (já em 2009), enquanto países europeus bem mais desenvolvidos se contentam com metas menos ambiciosas?
Embora não seja propriamente uma novidade de tão badalada ter sido a notícia nos últimos tempos, julgo que com o intuito de nos tirar da cauda da Europa em aproveitamento escolar e qualidade de ensino deveras calamitoso – como deixou escrito no “Jornal das Letras” (n.º 964, de 12 a 25/Set/2007) o meu bom amigo Eugénio Lisboa “para tudo isto os sindicatos têm dado uma eficaz mãozinha, não raro interferindo, com desenvoltura, em áreas que não são, nem da sua vocação, nem da sua competência” - mesmo sem estarmos em época natalícia, aí temos o governo a pôr nas chaminés das escolas secundárias milhares e milhares de computadores portáteis com o destino já traçado na palma da mão: “Vou aproveitar o portátil para fazer trabalhos, para pesquisar na Net, e comunicar e jogar”, declara um aluno na ocasião.
Ou seja:
1) É mais rápido e menos trabalhoso pôr o computador a despejar baldes de lixo de informação do que ir à biblioteca consultar umas tantas páginas de livros ou ler em casa boas obras literárias.
2) Para que a escola não seja demasiado maçadora há que transformá-la num recreio do tipo do “gato e do rato”, pondo os professores a correr atrás dos alunos para descobrir se os trabalhos são plagiados ou brotaram de cabecinhas fora de série.
3) Pesquisar na Net, pode ser uma arma de dois gumes: pode pesquisar-se o que se deve e o que não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no seu exigente papel de antecâmara do ensino superior.
4) As horas que deviam ser dedicadas ao estudo correm o risco de se transformarem em “conversas da treta” com os colegas.
5) Quanto ao aspecto lúdico: joguem meninos, joguem sem parar pois como diz a canção “a vida é uma tômbola”. Quantas vezes, com um pouco de sorte, um fato de bom corte e um cuidado corte de cabelo não substitui com vantagem um diploma académico? Razão tinha Eça: “Em matéria social, é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do vinho”.
Estou a ser pessimista? Receio bem que não! Apenas defendo que as melhores ideias, se mal aplicadas, transformam-se em péssimas ideias: o domínio das novas tecnologias de informação é um bem precioso, mas como não há bela sem senão entregar nas mãos ávidas dos jovens a Net no princípio de um ano escolar de acrescida exigência, e para mais de supetão, tem riscos evidentes que importa sopesar com cuidados redobrados.
João Gabriel Silva, presidente dos Conselhos Directivo e Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, na sua participação na “Conferência Internacional sobre o Ensino da Engenharia”, reunindo centenas de cientistas de 57 países diferentes, chamou a atenção para os perigos que se fizeram guarida neste “Admirável Mundo Novo”:
“Como conseguimos combater, ir mais longe, ensiná-los [aos alunos] a fazer coisas mais sofisticadas, em ter gosto em aprender, apesar de todo o lixo que existe na Internet?’
[Há já dois anos que] ‘uma pessoa que seja apanhada a plagiar o que quer que seja – pode ser só um parágrafo num trabalho que vale dois valores – está reprovada à disciplina, liminarmente’ (...).
‘As pessoas vão à Internet, descarregam três ou quatro tretas sobre um assunto qualquer, cuja veracidade nem sequer investigam com detalhe, juntam aquilo, mandam imprimir a cores e já pensam que fizeram uma grande coisa e, na realidade, fizeram uma porcaria’” (“Diário de Coimbra”, 4/Set/2007).
Com a entrega a um preço de saldo destes computadores existe o perigo de facilitar a navegação dos alunos do 10.º ano do ensino secundário na Internet sem uma bússola ética que os afaste do canto suave de sereias que os possa atrair para as rotas do plágio. Hoje, aprendizes; amanhã, verdadeiros mestres!"
O Ze Bone escreve mal? e ele percebeu?
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