domingo, setembro 23, 2007

A JUSTIÇA E AS CÉLEBRES PRESSÕES POLÍTICAS


Gato eternamente constipado



Um leitor teve a amabilidade de nos enviar e recomendar a publicação da crónica de Henrique Monteiro no Expresso de ontem. Aqui está:

    “Cada vez que uma investigação dá para o torto, lá aparecem umas fontes anónimas dispostas a culpar os políticos de pressões sobre o processo. Infelizmente, há sempre quem lhes dê voz.

    Existem variadíssimas fontes que não dão a cara, mas que são sempre ligadas ao processo, que afirmam coisas como esta: um casal inglês no Algarve, por algum motivo, escondeu a morte acidental da filha e organizou uma campanha falsa (que foi até ao Papa) para levar o mundo a crer que ela tinha sido raptada. Neste embuste conta com o apoio do Governo de Sua Majestade e do próprio primeiro-ministro, Gordon Brown, que tem pressionado Lisboa no sentido de que nada seja desmascarado.

    Ou assim: uma mulher tinha relações incestuosas com o irmão. A sua filha apanhou-os e, como já era hábito, foi espancada. Só que, desta vez, até à morte. A mulher confessou tudo, menos o que tinha feito ao cadáver (o que parece um pouco estranho, mas adiante). Por acaso, por alturas da confissão, caiu das escadas e ficou com a cara feita num bolo. Como não era prima de nenhum político foi condenada e o caso ficou definitivamente arrumado.

    Ou assim: um conhecido actor e um deputado e ex-ministro eram frequentadores habituais das orgias com meninos da Casa Pia. De um café que não existe, uma testemunha via carrinhas da Casa Pia em frente da casa do actor, ao mesmo tempo que diversos rapazes reconheceram a mesma foto do político, que por sinal era de má qualidade. Como ambos são poderosos e influentes, foram ilibados. Um apresentador de TV, como será menos poderoso, está a ser julgado. Mas é óbvio que as pressões políticas vão acabar por estragar este processo exemplarmente investigado.

    Ou, ainda, assim: no ‘Caso Moderna’ havia tráfico de mulheres, de diamantes, de tudo e mais alguma coisa. Como os suspeitos eram poderosos, influentes e de uma seita maçónica as pressões políticas não permitiram mais do que a condenação do filho do reitor por meter a mão na massa.

    No meio de tanta pressão política ninguém estranhou que não houvesse um só (mas um que fosse) procurador ou inspector da PJ que se queixasse - concretamente e com nomes - de tais pressões. Ou seja, não haveria ninguém com coragem nessas organizações de gente necessariamente corajosa.

    Visto isto, devo acreditar piamente que são as pressões dos políticos e dos poderosos que impedem o desfecho dos processos? Ou pensar que são as más investigações que conduzem a estes resultados, ao espalhar de lama (e de prisões) sobre inocentes e à incapacidade de punir os verdadeiros culpados?

    Cada um fará a sua escolha. Mas eu sou uma pessoa normal e vou pelo que é óbvio.”

2 comentários :

Anónimo disse...

Que tal esta pressão pelo auto-proclamado chefe dos procuradores:
"Antonio Cluny, who is president of the body overseeing Portugal's prosecutors, said: 'Without the little girl's body, everything is extremely complicated. There have been cases in which it was possible to obtain a conviction without there being a victim, but there were confessions.'" hoje no Daily Mail
(http://www.dailymail.co.uk/pages/live/articles/news/worldnews.html?in_article_id=483577&in_page_id=1811&ct=5)

Cleopatra disse...

li.